Por Igor Lopes
A Grande Sala da cidade das Artes, na Zona Oeste do Rio de Janeiro, foi palco, entre os dias 20 e 21 de novembro, da terceira edição do já tradicional Festival de Fado, promovido pela produtora portuguesa “Everything is New”. Este ano, o evento trouxe ao Brasil as fadistas Cuca Roseta e Mísia, que se apresentaram na noite do dia 20, e Raquel Tavares e Carlos do Carmo, com shows no dia 21. Durante a sua apresentação, Carlos do Carmo deixou o protocolo de lado e anunciou a fadista Maria Alcina como “Imperatriz do Fado” no Brasil, em reconhecimento ao seu trabalho de promoção da cultura portuguesa, em especial do Fado, no País.
Uma das apresentações mais aguardadas desta terceira edição do Festival no Rio foi a do fadista Carlos do Carmo, que não se apresentava na cidade maravilhosa há anos. Em palco, o fadista esbanjou simpatia, conhecimento e boa voz. Ainda em recuperação em virtude de uma cirurgia cardíaca, Carlos do Carmo apresentou os seus mais tradicionais fados, como “Lisboa Menina e Moça”, “Canoas do Tejo”, “Por morrer uma andorinha”, “Bairro Alto” e “Estrela da Tarde”, entre outros, arrancando aplausos das mais de mil pessoas presentes no espetáculo. Carlos do Carmo cantou e o resultado foi mais um show de talento desse que é o único artista português detentor de um Grammy.
A apresentação do cantor ficou ainda marcada por momentos de grande emoção, quando Carlos do Carmo dedicou um fado à amiga fadista Maria Alcina, residente no Rio e muito respeitada no meio artístico, afirmando que ela é “a Imperatriz do Fado no Brasil”, já que defende a cultura lusitana por mais de 57 anos no País. A fazer parte da plateia, Alcina, que tinha ao seu lado a filha Ângela, ficou extremamente emocionada com a homenagem pública e, soltando a voz, acompanhou Carlos do Carmo nos principais refrãos da noite.
Nos bastidores, e visivelmente desgastado depois da atuação de mais de uma hora e meia, Carlos do Carmo conversou com os fãs e com a imprensa, pacientemente. Dentre os amigos, estavam os atores Ricardo Pereira, de Portugal, e o brasileiro Oscar Magrini.
No Rio, nessa mesma noite, a fadista Raquel Tavares também cantou e encantou com a sua simpatia e levou o público ao delírio com o poder da sua voz.
Carlos do Carmo é detentor também do Globo de Ouro de Mérito e da Excelência da Consagração de Carreira da Sociedade Portuguesa de Autores da Ordem do Infante D. Henrique. Em 2008, recebeu o Prémio Goya para a Melhor Canção Original, com o Fado da Saudade. A canção faz parte da trilha sonora do filme Fados, de Carlos Saura. O fadista tem colaborações com alguns dos principais músicos e artistas portugueses, como Bernardo Sassetti, Maria João Pires, António Vitorino de Almeida, José Cid, Sam the Kid, Sérgio Godinho, Rui Veloso, entre outros.
Em 2015, com 50 anos de carreira na bagagem, recebeu a distinção “Excelência Musical-Lifetime Achievement”, atribuída pela Latin Recording Academy. É também o agraciado com a “Grande Médaille de Vermeil”, mais alta distinção da cidade de Paris.
Os fadistas estiveram também em São Paulo, entre os dias 18 e 19 de novembro, no âmbito do mesmo evento, no Teatro J. Safra.
O Festival de Fado teve início em 2013, no Rio e em São Paulo, com as participações de Mariza, Ana Moura, Antônio Zambujo e o rapper paulistano Criolo. Na segunda edição, em 2014, o festival contou com a presença de Carminho, Camané, Raquel Tavares e o Projeto Amália Hoje.
A ideia do festival é apresentar “novos fadistas que a cada vez surpreendem os brasileiros”.