Da Redação com Lusa
O Partido Socialista (PS) organizou, no sábado, um comício eleitoral em Paris onde o deputado socialista Paulo Pisco qualificou o pedido de anulação dos votos dos emigrantes como “uma das coisas mais mesquinhas” que um líder político podia fazer.
“Este episódio que se passou, com a anulação dos votos no círculo eleitoral da Europa, é a primeira vez que acontece na história da nossa democracia e acontece por razões que do ponto de vista político são as mais mesquinhas que um líder político alguma vez poderia ter num contexto político”, afirmou Paulo Pisco, cabeça de lista do PS ao círculo da Europa, durante o discurso perante dezenas de emigrantes.
Numa sala de espetáculos da capital francesa, o Partido Socialista reuniu membros e simpatizantes de forma a explicar à comunidade portuguesa a anulação de milhares de votos e justificar que a responsabilidade da repetição das eleições para os portugueses que vivem na Europa foi da responsabilidade do PSD.
“Há um partido que tem especiais responsabilidades na anulação dos votos de 157 mil portugueses. O partido que tem especial responsabilidade foi o partido que pediu para que esses votos fossem anulados”, defendeu José Luís Carneiro, secretário-geral-adjunto do PS, que também marcou presença em Paris, em declarações aos jornalistas.
Numa recente visita a Paris, Rui Rio afirmou que o Partido Socialista mentiu sobre a responsabilidade da anulação de 80% dos votos do círculo da Europa e que os portugueses deveriam votar para combater “fraudes eleitorais” nos círculos da emigração.
No palco, Nathalie de Oliveira, “número dois” da lista socialista, pediu a confiança dos portugueses residentes em França para voltarem a votar e elegerem agora dois deputados socialistas.
“Dois deputados socialistas não são demais para defender grandes progressos”, pediu a candidata.
Em relação às prioridades do PS para a comunidade portuguesa em França, aumentar a rede de ensino de português e melhorar o atendimento consular são dois dos principais pontos, mas também a alteração da lei eleitoral, que deve ser retomada assim que a nova Assembleia da República tome posse.
“Todos os partidos se pronunciaram no sentido que estavam abertos para encetar um diálogo tendo em vista elaborar uma revisão da lei eleitoral. Como se sabe, a lei eleitoral tem exigências distintas, consoante a natureza das matérias que se queiram rever. Para algumas é necessária uma maioria absoluta, para outras uma maioria de dois terços”, indicou José Luís Carneiro, reforçando a “disponibilidade total” do PS para avançar com esta revisão.
Os eleitores do círculo da Europa vão ser chamados a votar novamente para as legislativas, após o Tribunal Constitucional declarar a nulidade das eleições legislativas nestas assembleias, na sequência da anulação de 80% de votos.
Mais de 157 mil votos dos eleitores do círculo da Europa foram anulados após, durante a contagem, terem sido misturados votos válidos com votos inválidos, não acompanhados de cópia do documento de identificação, como exige a lei.
A Comissão Nacional de Eleições deliberou que a repetição da votação presencial no círculo da Europa terá lugar dias 12 e 13 de março e os votos por via postal serão considerados se recebidos até 23.