Em nome da história de Natal

Chegamos a mais uma quadra natalícia, cheia de simbolismos que importa compreender e de um espírito que é imperioso manter, e que António Gedeão  definiu como Dia de confraternização Universal.

Dia de amor, de Paz, de Felicidade.

De sonho e de venturas.

É dia de Natal.

Paz na terra aos homens de boa vontade,

Glória a Deus nas Alturas.

A festa do nascimento de Jesus foi criada no século II pelos cristãos ortodoxos, passando no século seguinte também para a Igreja Católica Romana. Mas a efeméride nem sempre foi comemorada a 25 de Dezembro.

Era em 6 de Janeiro que o nascimento de Cristo se celebrava nas Igrejas do Oriente, sendo que no século IV   a festa comemorava três acontecimentos – o nascimento, a adoração pelos Magos e o Batismo de  Jesus.

Mas, em que dia nasceu afinal Jesus?

Dos Evangelhos não constam elementos que permitam saber, ao certo, a data em que tal aconteceu, e para a escolha de 25 de Dezembro, é dada a seguinte explicação:

“Os primeiros cristãos acreditavam que o mundo tinha sido criado no equinócio da Primavera, considerado então a 25 de Março. Julgavam também que a morte de Cristo teria ocorrido no dia do aniversário da criação do Mundo. O simbolismo dos números perfeitos determinava que Jesus tivesse vivido um número completo de anos. Ele teria encarnado também em 25 de Março. Contados nove meses da gravidez de Nossa Senhora, acharemos a data de 25 de Dezembro para o nascimento do Menino Jesus.”

Entretanto, o Presépio aparece muito tempo depois do aparecimento da festa do nascimento de Jesus, possivelmente  no século XIII—entre 1181 e 1226— e terá sido criado por S .Francisco de Assis. Quanto à Árvore de Natal, tudo parece indicar que a ideia surgiu na Idade Média. É que as pessoas, dizem-nos “ acreditavam em espírito das árvores e, por isso, ganharam o hábito das enfeitar todos os anos, durante o Inverno. Lenda ou não, e continuamos a citar, quando no Outono as folhas caíam, as pessoas pensavam que os espíritos as tinham abandonado. Isto motivava receios de que não pudessem regressar a essas árvores na Primavera seguinte. Se tal acontecesse as árvores ficavam nuas e não dariam frutas.”

“Entretanto, para fazer com que os espíritos regressassem às árvores, penduravam nas mesmas decorações de pedras pintadas ou de panos coloridos a fim de as tornarem mais atraentes fazendo regressar os espíritos. E é assim que pelo Natal aparecem com diversos enfeites.”

De referir também, o “repicar dos sinos “na altura do Natal que simboliza a alegria com que celebramos o nascimento de Cristo e o louvamos”. Ainda hoje isso representa o símbolo da união, pois quando se toca a chamar a população é para reunir sob a proteção do mesmo teto.

O Natal é comemorado em todo o Mundo, não obstante as diferentes tradições, de idiomas e de raças, sendo homogêneo o espírito Natalício. Quanto ao Pai Natal, o mesmo aparece com várias designações nos diversos países, mas sempre conhecido, e citamos: como um velhinho gorducho de barbas brancas e longas e com bochechas rosadas. Bondoso e simpático, o Papai Noel tem uma aparência igual em todo o Mundo. Quanto à Missa do Galo começou a realizar-se no ano de 400, e a designação vem-lhe do fato da lenda referir que um galo cantou à meia-noite, precisamente quando Cristo nasceu.

Sem que deixe de ser tradição, sem ignorarmos os simbolismos que marcam o nosso “encontro” com a data, seria bom que o espírito natalício vivesse em cada um de nós, porque é Natal sempre que o HOMEM queira. No entanto, que Natal pode acontecer onde uns esbanjam e outros morrem de fome, onde entre si os homens se digladiam como o mais feroz dos animais, onde a Justiça pende para os mais ricos e poderosos, onde ainda existe verdadeira escravatura?

Nestes casos, a tradição encontra-se muitas vezes com a hipocrisia!

Muito havendo a dizer sobre o NATAL, terminemos com um poema de Miguel Torga:

Ninguém o viu nascer.

Mas todos acreditam

Que nasceu.

´E um menino Deus.

Na Páscoa vai morrer, já homem.

Porque entretanto cresceu

E recebeu

A missão singular

De carregar a cruz  da nossa

Redenção.

Agora nos cueiros da

Imaginação

Sorria apenas

A que vem,

Enquanto a Mãe,

Também imaginada,

Com ele ao colo.

Se enternece

E enternece

Os corações.

Cúmplice do milagre que

Acontece

Todos os anos e em todas as

Nações.

 

Por Lino Mendes
De Portugal

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