Da Redação
Com Lusa
O deputado na Assembleia Legislativa de Macau Leonel Alves pediu “clarificação política sobre o que se pretende com o ensino da língua portuguesa” no território e defendeu “um estabelecimento de ensino autonomizado, vocacionado exclusivamente” para o Português.
Leonel Alves falava no segundo dia da apresentação das Linhas de Ação Governativa para 2016 das pastas dos Assuntos Sociais e Cultura do Governo de Macau, pelo secretário Alexis Tam.
O deputado, que se dirige ao hemiciclo em português, falava depois de esta semana ter sido notícia que a Universidade de Macau decidiu acabar com a oferta da cadeira de português (uma das línguas oficiais do território) como disciplina opcional para os estudantes de cursos que não integram o departamento de estudos portugueses.
“Também é uma realidade constatável alguma desmoralização dos dirigentes que trabalham com esta matéria, basta ler os jornais. (…) E alguns até tencionam desistir da trajetória que têm vindo a desenvolver. Portanto, há necessidade de moralizar os dirigentes, há necessidade também de melhorar as estruturas de funcionamento e há também necessidade de incentivar cada vez mais os jovens na aprendizagem desta língua”, afirmou Leonel Alves.
O também advogado referiu a “aparente falta de sintonia entre o que se pretende politicamente no Governo e aquilo que a autonomia da universidade o autoriza a fazer”.
Leonel Alves contrapôs com o “bom trabalho” realizado pelo Instituto Politécnico de Macau no ensino da língua portuguesa.
Além disso, considerou importante “haver um estabelecimento de ensino autonomizado, vocacionado exclusivamente para o ensino da língua portuguesa” em Macau, para formar intérpretes-tradutores e “outras áreas do saber, porque o conhecimento da língua portuguesa ou de qualquer outra língua estrangeira é sempre uma mais-valia profissional”.
Por outro lado, chamou a atenção para o curso de Direito da Universidade de Macau, cujo diploma deixou de ser reconhecido na Europa, através de Portugal, questionando “o que é o que Governo e a Universidade com a sua autonomia podem fazer para alterar esta situação”.
Na resposta, o secretário para os Assuntos Sociais e Cultura de Macau, Alexis Tam, considerou lamentável a polémica em relação ao ensino do português na Universidade de Macau e disse que “não deve haver contradições com as políticas consagradas nas Linhas de Ação Governativa”.
“Recentemente houve assuntos menos felizes na Universidade de Macau, mas sabemos que não podemos reduzir os recursos investidos no ensino da língua portuguesa”, afirmou Alexis Tam, para quem é preciso “aproveitar os recursos” e “tentar transformar Macau num centro ou numa base de formação da língua portuguesa”.
O secretário salientou que há mais de 30 instituições do ensino superior no interior da China a ensinar português, o que mostra “a importância da língua portuguesa”, pelo que “Macau deve aproveitar bem esta vantagem”.
O português “é uma língua oficial” e “uma vantagem” para a “ligação mais íntima” de Macau “com os Países de Língua Portuguesa”, acrescentou.
Alexis Tam sublinhou também que Macau tem “uma comunidade portuguesa e que muitos portugueses contribuíram para a região em várias áreas, incluindo a educação e área jurídica”.
Antes, na resposta a Mak Soi Kun, outro deputado que o questionou sobre o ensino do português, Alexis Tam afirmou que “a Universidade de Macau tem autonomia” e que o Governo apenas “pode lançar instruções, supervisionar”.
Quanto ao curso de Direito, disse desejar “que a Universidade de Macau aplique o mecanismo que tinha para que os cursos feitos na Universidade de Direito de Macau continuem a ter o reconhecimento de Portugal”.
Na quinta-feira, o reitor da Universidade de Macau disse na Assembleia Legislativa que a instituição “não vai cortar nos cursos de português”.