Em Lisboa, mais de 200 pessoas manifestam-se contra política de imigração dos EUA

Pessoas participam numa manifestação "Contra a separação de crianças migrantes nos Estados Unidos da América, na Praça Luís de Camões, em Lisboa, 21 junho de 2018. JOSÉ SENA GOULÃO/LUSA

Da Redação
Com Lusa

Mais de 200 pessoas manifestaram-se em Lisboa indignadas pela política dos EUA de “tolerância zero” à imigração ilegal, um dia depois de Donald Trump ter assinado uma ordem executiva para acabar com a separação de crianças dos pais.

“As pessoas estão aqui justamente porque têm a consciência que os primeiros sinais de recuo de Donald Trump provam a importância da mobilização que o Presidente dos Estados Unidos não recua gratuitamente, recua por ter a noção de que está a ser contestado em todo o mundo”, afirmou José Manuel Pureza, deputado do Bloco de Esquerda, um dos promotores da manifestação contra a separação de crianças migrantes nos Estados Unidos.

José Manuel Pureza sublinhou que a presença de mais de duas centenas de pessoas na Praça Luís de Camões – entre as quais deputados das diferentes forças políticas, o pensador Eduardo Lourenço, o cineasta António Pedro Vasconcelos e a atriz Inês Castelo-Branco – permitiu afirmar “com força o repúdio por qualquer tipo de política de imigração, seja nos Estados Unidos seja onde for, que agrida e desrespeite os direitos dos imigrantes”.

A manifestação em Lisboa, intitulada “Famílias Unidas, não divididas”, realizou-se em simultâneo no Porto e em Bragança e, como referiu José Manuel Pureza, “um pouco por todo o mundo”, em protesto pela política da Administração Trump, que, na quarta-feira, assinou uma ordem executiva para acabar com a separação de crianças dos pais imigrantes na fronteira dos Estados Unidos.

Apesar da ordem executiva, Trump assinalou que a política quanto aos migrantes indocumentados de “tolerância zero” é para continuar.

Nas últimas semanas, mais de 2.300 menores de idade foram separados dos seus pais nos centros de detenção junto à fronteira com o México, para os quais são enviados os imigrantes indocumentados durante longos períodos de tempo.

As imagens divulgadas pela comunicação social norte-americana mostram centros de detenção formados por jaulas, onde as crianças, separadas dos pais, são colocadas a dormir com um cobertor térmico.

Sem prazo

Apesar da assinatura da ordem, a agência norte-americana para a Saúde e Serviços Humanos vai começar já devolver crianças afastadas aos seus pais migrantes, mas não dá prazo para a tarefa estar concluída.

“Temos de retirar as crianças do nosso cuidado tão rapidamente quanto possível”, afirmou o responsável pela agência, Alex Azar, ao Washington Post.

Há 11.800 crianças migrantes retidas pela agência, mas a maioria chegou à fronteira dos Estados Unidos da América sem pais ou outros adultos.

No entanto, 2.300 são as que foram retiradas aos pais, que já estão a ser contactados, mas que não conseguem falar com os filhos através de um número dedicado fornecido pelo Governo norte-americano.

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