Em Kiev, Primeiro-Ministro assina acordo para apoio financeiro de 250 milhões de euros

Visita do primeiro-ministro português a Ucrânia, 2022. Antonio Costa disse que "visita à cidade de Irpin vai ficar para sempre na minha memória. O nível de destruição e violência é absolutamente devastador"

Da Redação com Lusa

O primeiro-ministro, António Costa, assinou neste sábado, no final de uma reunião com o seu homólogo ucraniano, Denys Shmyhal, um acordo para a concessão de um apoio financeiro de 250 milhões euros à Ucrânia.

António Costa esteve reunido com o primeiro-ministro ucraniano, depois de ter sido recebido pelo chefe de Estado, Volodymyr Zelensky, com quem também deu uma conferência de imprensa conjunta, e antes de visitar a embaixada de Portugal em Kiev.

“No encontro com Denys Shmyhal, António Costa anunciou que Portugal irá conceder um apoio financeiro de 250 milhões de euros à Ucrânia, “respondendo ao pedido do governo ucraniano”.

“Formalizamos este importante compromisso através da assinatura de um acordo de cooperação financeira”, referiu o líder do executivo português.

O primeiro-ministro salientou a tradição diplomática de Portugal, definindo o país como sendo um Estado-membro da União Europeia que se caracteriza pela permanente defesa da negociação em assuntos complexos e “nunca” por dizer simplesmente “não”.

Com o Presidente ucraniano, em Kiev, Costa foi questionado sobre posições de Estados-membros que dificultam o processo de rápida adesão da Ucrânia à União Europeia.

“Portugal nunca tem a posição do não. Portugal tem sempre a posição do vamos lá encontrar um ponto de entendimento entre os 27” Estados-membros, declarou o líder do executivo português, já depois de ter manifestado apoio a um caminho europeu para o embargo total da compra de petróleo e gás à Rússia.

Sobre as divergências em matéria de adesão da Ucrânia à União Europeia, o primeiro-ministro começou por assinalar que o Presidente Zelensky “conhece profundamente qual a realidade da União Europeia e sabe bem quais as dificuldades que a própria União Europeia tem dentro da sua casa”.

“Quando pediu a adesão à União Europeia, o Presidente Zelensky não desconhece qual o estado da casa a que pediu adesão. Temos de trabalhar para ter uma atitude positiva, valorizando o que é essencial: O destino da Ucrânia é a Europa; a União Europeia tem conseguido superar as suas divisões e responder de forma unida; e temos de acarinhar a todo o custo essa união. O pior que a União Europeia poderia fazer à Ucrânia era dividir-se agora”, reiterou o primeiro-ministro.

O primeiro-ministro observou depois que, “simbolicamente” chegou hoje à Ucrânia no dia em que este país assinala “o dia da Europa” e tocou em seguida numa das questões que tem dividido os 27 Estados-membros.

“Portugal tem procurado apoiar a Ucrânia das formas mais diversas, ajudando a criar condições para que todos os países da União Europeia possam manter-se unidos no apoio ao sexto pacote de sanções [à Rússia]” – um pacote que, a ser aprovado, traduzir-se-á num embargo às importações de produtos petrolíferos da Rússia.

Antes, nesta conferência de imprensa, Volodymyr Zelensky tinha considerado essencial esse passo por parte dos 27 Estados-membros. Costa concordou, mas falou sobre diferentes realidades entre Portugal e outros países da Europa central e de leste.

“Sabemos que muitos [Estados-membros] não têm o grau de independência de Portugal relativamente ao gás e petróleo da Rússia”, apontou.

Depois, sem tocar diretamente nos projetos para o porto de Sines, especificou o caminho proposto por Portugal para libertar vários dos Estados-membros da dependência energética russa.

“Estamos a investir para criar condições para ajudar a criar condições logísticas de forma a que esses países encontrem outras fontes de fornecimento de gás, tendo em vista ultrapassarem as dificuldades que têm em determinar aquilo que é essencial: Um bloqueio total a todas as importações dos combustíveis provenientes da Rússia”, assinalou.

Para António Costa, “essa é a forma mais eficaz de não continuar a financiar o esforço de guerra da Rússia”.

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