Mundo Lusíada
Com agencias
O Presidente português condecorou, com o Grande-Colar da Ordem do Infante D. Henrique, José Manuel Durão Barroso, que cessou funções como Presidente da Comissão Europeia, as quais exerceu ao longo de dez anos, no mais alto cargo internacional já assumido por um português.
A cerimônia decorreu no Palácio de Belém e, na ocasião, o presidente Aníbal Cavaco Silva proferiu uma intervenção destacando seus serviços “de extraordinária relevância” para Portugal e União Europeia.
“No Portugal contemporâneo, não encontramos um outro político português que tenha obtido tão grande relevo e tão grande influência na cena internacional. Pude testemunhá-lo pelos meus contatos com políticos e outras personalidades estrangeiras, das mais variadas orientações e origens, da Europa, das Américas, da África e da Ásia. Foram-lhe feitos os mais rasgados elogios pelo trabalho realizado à frente da Comissão Europeia. Acompanhei de perto o seu trabalho como Presidente da Comissão, e sei bem que desempenhou um papel decisivo para que a Europa ultrapassasse as crises por que passou na última década” declarou Cavaco.
Durão Barroso é o segundo português a receber esta condecoração a título excepcional, já que o Grande-Colar da Ordem do Infante D. Henrique se destina a chefes de Estado. No entanto, o antigo Presidente da República Jorge Sampaio já o tinha atribuído, em 2001, ao último governador português em Macau, Vasco Rocha Vieira.
Desde 2004, altura em saiu do Governo para assumir a liderança da Comissão Europeia, Durão Barroso já recebeu várias condecorações pelo exercício do cargo entre as quais se contam Cruz Maarjamaa de 1.ª classe, da Estónia, em 2009, o Grande Colar de Timor-Leste, em 2010, a Grã-Cruz da Real y Distinguida Orden Española de Carlos III, de Espanha, em 2011, a medalha de Primeiro Grau da Ordem de Amílcar Cabral, de Cabo Verde, em 2012, e Grande Oficial da Légion d’Honneur, de França, em julho passado.
Segundo Cavaco Silva, a União Europeia está mais bem preparada, no plano institucional, econômico e financeiro, para o futuro, graças à ação desenvolvida por Durão Barroso. “Portugal muito beneficiou pelo fato de termos à frente da Comissão Europeia um português, conhecedor da realidade portuguesa, conhecedor do mundo e com o prestígio de Durão Barroso. Sempre prestou uma cuidada atenção aos problemas do nosso país, procurou ajudar Portugal na resolução das dificuldades que enfrentou. Mobilizou apoios para que Portugal pudesse alcançar objetivos pretendidos. Abriu portas para o desenvolvimento económico e social de Portugal” declarou.
“E basta mencionar que o feliz resultado que Portugal conseguiu nas negociações sobre o quadro financeiro plurianual 2014-2020 também se deve ao Dr. Durão Barroso. Tal como o alargamento das maturidades e a descida das taxas de juro dos empréstimos que Portugal obteve, no quadro do programa de ajustamento. Ficou claro, para mim, e penso que para a maioria dos Europeus, que Durão Barroso muito fez para reforçar a posição da Europa no mundo, para melhorar a sua sustentabilidade a médio e longo prazo, e para ajudar Portugal”.
Ausência
O primeiro-ministro e presidente do PSD, Pedro Passos Coelho, considerou que os partidos da oposição revelaram “paroquialismo” ao não marcarem presença na condecoração do ex-presidente da Comissão Europeia, Durão Barroso.
“É extraordinário que, tendo o Presidente da República decidido assinalar essa circunstância – numa cerimônia que, no fundo, pretende distinguir alguém que obteve essa distinção lá fora, reconhecida por todos – não tivesse havido um único partido da oposição que se tivesse feito representar nessa cerimônia”, declarou Pedro Passos Coelho.
“Como isto mostra o paroquialismo, para não dizer outra coisa, de muita gente na sociedade política em que ainda habitamos”, acrescentou o presidente do PSD, apontando Durão Barroso como “um português que presidiu à Comissão Europeia no período mais conturbado e difícil da própria Europa desde a II Guerra Mundial”.
Numa nota divulgada anteriormente, Passos Coelho agradeceu a Durão Barroso “como português e como europeu”, referindo que a liderança do ainda presidente da Comissão Europeia permitiu levou a criação de mecanismos e programas de apoio aos países em dificuldades, como foi o caso de Portugal, Grécia e Irlanda. “Foi este esforço de estabilização e credibilização que permitiu ultrapassar, a partir do verão de 2012, a fase mais aguda da crise”, referiu Passos Coelho.
Passos Coelho sublinhou também o papel do presidente cessante da Comissão Europeia “no apoio às posições e na compreensão das sensibilidades nacionais em negociações particularmente importantes”, como as dos quadros financeiros da União Europeia, e a sua intervenção no último Conselho Europeu.
E garantiu acreditar que “a herança, a coragem e o exemplo” de Durão Barroso vão influenciar os novos responsáveis da União Europeia na “construção de uma Europa mais forte, mais igual e mais unida”.