Da Redação
Com Lusa
A direção da Associação das Indústrias de Panificação e Pastelarias de Angola (AIPPA) alertou, no dia 02, que centenas de padarias estão a fechar portas em Luanda devido à alegada concorrência desleal de empresas operadas por estrangeiros.
O alerta foi feito pelo presidente da AIPPA, Gilberto Simão, que defendeu a criação de uma “cooperativa polivalente” para importação direta da matéria-prima e venda aos associados, que estão “completamente descapitalizados”.
“Só em Luanda temos quase 500 panificadoras licenciadas, mas posso garantir que quase metade já não estão a funcionar e todos dias morrem panificadoras pelo país, devido às facilidades que o próprio Governo dá aos estrangeiros em detrimento dos nacionais”, disse, em declarações à Lusa.
Para o líder dos industriais panificadores de Angola, as causas da degradação do tecido empresarial angolano estão identificadas, apontando como exemplo a “liberalização da economia” e do sector, em que agora predominam pequenos empresários estrangeiros, essencialmente de outros países africanos.
“Estamos arruinados e cada dia que passa mais uma empresa de um angolano morre e paradoxalmente aparecem mais vinte empresas de um estrangeiro. As causas estão identificadas e relacionadas com as fontes de abastecimento e com a concorrência desleal”, realça.
De acordo com Gilberto Simão, com a liberalização, o “Governo angolano escolheu meia dúzia de empresas angolanas geridas por e estrangeiros e vai levando à ruína os operadores angolanos da panificação”.
“Nós não estamos contra os estrangeiros, mas o que estamos a combater é o sistema de produção”, observou, referindo ainda que o operador expatriado do ramo em Angola é “simultaneamente importador, exportador, produtor e ainda retalhista”.
Além disso, os panificadores enfrentam a dificuldade de acesso a divisas, para importar matéria-prima e máquinas.
“Estamos a ser aniquilados lentamente por esta concorrência desleal”, queixa-se.
O presidente da AIPPA manifestou-se igualmente preocupado com as condições higiênicas em que é produzido e comercializado o pão nas panificadoras geridas por empresários estrangeiros.
“Não têm condições higiênicas porque os indivíduos que estão na padaria a comercializar o pão comem na padaria, dormem na padaria e quem é que os paga? A situação real é esta do nosso setor, nós temos uma solução que passa pela criação de uma cadeia produtiva”, adiantou.
Questionado se as preocupações de higienização das panificadoras também se aplicam aos operadores nacionais, o líder associativo garantiu que “normalmente os nacionais são cumpridores das estritas orientações das autoridades”.