Da Redação
Com Lusa
Nos círculos eleitorais dos Açores, Coimbra, Guarda e Leiria a soma dos votos brancos e nulos nas legislativas de domingo ultrapassaram, pela primeira vez desde 1976, a fasquia dos 5%. Os resultados dos círculos da emigração ainda não estão apurados.
Segundo o portal EyeData, com base em resultados oficiais, desde as eleições de 1976, os votos brancos e nulos nunca tinham somado mais de 5% num círculo eleitoral em Portugal.
No entanto, nestas eleições a soma dos brancos e dos nulos foi superior a 5% em quatro deles: Açores, Coimbra, Guarda e Leiria.
A soma dos votos brancos e nulos é mesmo superior ao resultado da quarta força política nos Açores, na Guarda e em Leiria e da quinta no círculo de Coimbra.
No círculo eleitoral dos Açores, onde a abstenção foi de 63,50%, a soma dos votos brancos (4,70%) com os nulos (1,63%) é de 6,33%.
Os votos em branco nos Açores bateram, aliás, outro recorde nas eleições de domingo: nunca num círculo eleitoral desde as eleições de 1976 tinham os votos em branco ultrapassado os 4%.
Neste círculo, o PS obteve 40,06% dos votos e elegeu três deputados, o PSD 30,21% e elegeu dois.
Os votos brancos e nulos foram menores do que os 7,97% conseguidos pelo Bloco de Esquerda (BE), mas acima dos 4,80% do CDS-PP, que ficou em quarto lugar.
Em Coimbra, votos brancos (3,38%) e nulos (1,87%) alcançaram 5,25%, num círculo onde a abstenção ficou nos 46,34%.
O PS venceu neste distrito com 39,02% e elegeu cinco deputados, seguido do PSD com 26,61% e três deputados e do Bloco de Esquerda, que, com 11,18%, conseguiu eleger um deputado.
A CDU conseguiu 5,59% dos votos, seguida do CDS-PP, que alcançou 3,48% dos votos, menos do que os 5,25% dos brancos e nulos juntos.
Na Guarda, 5,32% dos votantes votaram em branco ou nulo.
Num distrito onde a abstenção foi de 49,42%, o PS (37,55%) elegeu dois deputados e o PSD (34,37%) um.
Os brancos e nulos representaram menos votos do que a terceira força política, o BE (7,81%), mas mais do que a quarta, o CDS-PP, com 4,99% dos votos.
Já em Leiria, brancos (3,67%) e nulos (2,30%) foram 5,97% dos votos, num círculo onde o quarto partido mais votado foi o CDS-PP, com 5,32%.
Num distrito onde 46,12% dos eleitores inscritos não foram votar, o PSD (33,52%) elegeu cinco deputados, o PS (31,07%) quatro e o BE (9,36%) um.
O PS, com 36,6% dos votos e com 106 deputados, venceu as eleições legislativas de domingo sem maioria absoluta e terá de tentar a repetição de uma solução de Governo à esquerda, numa eleição marcada pela derrota histórica da direita e pela entrada de três novos partidos no parlamento.
Durante o discurso após resultado das eleições, o secretário-geral do PS também se debruçou sobre a abstenção neste ato eleitoral.
“Saúdo todos por igual. Aqueles que, no exercício da sua liberdade, exerceram o seu direito cívico de votar, mas saúdo também aquelas e aquelas que em consciência entenderam não exercer o seu direito de voto”, afirmou, considerando que “a elevada taxa de abstenção é um fator que, independentemente das explicações técnicas que existam, deve ser motivo de reflexão por parte de todos os responsáveis políticos”.
António Costa afirmou que a “democracia fortalece-se na festa eleitoral” e que este deve ser um direito “exercido por todos com convicção e com vontade”, deixando o repto para que todos os partidos, em conjunto, trabalhem para nos “próximos atos eleitorais possamos reduzir a taxa de abstenção que existe” em Portugal.