Fundador do PS apoia candidatura do BE. Paulo Portas acusa José Sócrates de ser o “pai do resgate e o padrinho da troika”. E Sócrates acusou a coligação PSD/CDS de ter feito uma campanha de “ódio” e de “imbecilidade”.
Mundo Lusíada
Com agencias
A candidata do BE às europeias apelou aos portugueses para cortarem nos votos, que é onde mais dói àqueles que têm poder e retiraram o futuro ao país, considerando que “o PS não é alternativa”. Marisa Matias discursou num comício no penúltimo dia de campanha em Coimbra – que contou com presença e subida ao púlpito do fundador e militante do PS Alfredo Barroso – onde reiterou o apelo ao voto porque “a abstenção não resolve nada” e portanto a solução é ir às urnas no domingo.
“Aos que cortaram nos salários, nas pensões, na saúde, na educação, no estado social, nas nossas vidas, aos que nos cortaram país, aos que nos cortaram futuro, vamos cortar-lhes onde lhes mais dói, vamos cortar-lhes nos votos já que não se preocupam com a vida das pessoas”, pediu. “Quando se fala no voto alternativo uma coisa vos posso dizer: não é seguramente o voto no PS porque o PS não é alternativa”, garantiu ainda.
Socialista
O fundador e militante do PS apresentou os motivos pelos quais decidiu apoiar a candidatura do BE ao Parlamento Europeu. E disse ainda que Cavaco Silva foi o pior Presidente da República que Portugal teve em 40 anos de democracia.
Alfredo Barroso manifestou as suas divergências com a atual direção do PS, começou o seu discurso com uma resposta ao seu partido: “Sou o militante número 15, ou se preferirem sou o sócio número 15 do PS e não podia ter escolhido melhor pátio [da Inquisição] para ser queimado pelos pequenos inquisidores que me têm feito provocações no Facebook nos últimos dias”.
O socialista atirou em várias direções, considerando que “esta gente perigosa e medíocre que está no poder não merece quaisquer contemplações” e por isso não deveria ser “confortada pelo PS com promessas de futuros acordos e alianças de Governo”.
Portas
Em Lisboa, o líder do CDS-PP, Paulo Portas, acusou o ex-primeiro-ministro José Sócrates de ser o “pai do resgate e o padrinho da `troika´” apelando para que os portugueses não “façam a vontade ao PS” nas eleições europeias.
No final do seu discurso na sede do CDS-PP, em Lisboa, para assinalar a data da saída `troika´, Paulo Portas disse assinalar a “coincidência esclarecedora” de o fim do “ciclo do memorando e o tempo do resgate” ocorrerem na mesma altura em que o PS anuncia que José Sócrates “vai fazer campanha e pedir o voto no Partido Socialista”.
“Talvez seja esta a melhor razão para cada um de nós como portugueses fazer um exame de consciência. Ele foi o pai do resgate, o padrinho da `troika´, o responsável por tanto sofrimento, não lhe façamos a vontade”, disse Paulo Portas.
PSD
Já o presidente do PSD e primeiro-ministro pediu aos portugueses para condenarem nas eleições europeias a demagogia e o facilitismo, que apontou como marcas do discurso da oposição e alegou quase terem destruído Portugal.
Pedro Passos Coelho considerou que quem ouve a oposição “fica com a ideia de que tudo se resolveria sem sacrifício, se a Europa quisesse”. “Estas eleições são importantes para que as portuguesas e portugueses possam condenar, recusar esta mentalidade que ia destruindo Portugal e ia pondo em causa o euro e a Europa. Nós precisamos do voto das portuguesas e dos portugueses para recusar essa demagogia, para recusar esse facilitismo”, acrescentou o chefe do executivo PSD/CDS-PP.
Pedro Passos Coelho começou a sua intervenção lembrando os tempos do anterior executivo do PS, que acusou de ter governado com “irresponsabilidade” deixando “os cofres vazios de dinheiro, mas cheios de dívidas” e o Estado social “à beira de não poder assumir as suas responsabilidades”.
“É fácil fazer política assim: na nossa terra prometemos tudo, desde que os outros nos resolvam os problemas”, criticou, argumentando que “só pode haver solidariedade onde há responsabilidade, onde cada um trata dos seus problemas e ajuda a resolver os problemas dos outros”.
Campanha “imbecil” e de “ódio”
O ex-primeiro-ministro José Sócrates acusou a coligação PSD/CDS de ter feito uma campanha de “ódio” e de “imbecilidade”. “A direita política quis transformar esta campanha numa campanha de ódio e de imbecilidade. Ao longo desta última semana, foi aliás difícil de distinguir os momentos mais de ataque pessoal, mais de ódio dos momentos mais imbecis”, reagiu o ex-líder socialista.
Segundo Sócrates, nesta campanha europeia, “quer o país, quer a Europa, precisavam de uma boa discussão, mas a direita política perdeu a vergonha, a decência, a educação e o respeito pelos outros que é essencial à vida democrática”. “Mas tenho uma surpresa para eles [direita política]: Vão também perder as eleições. Esta direita desceu ao ataque pessoal rasteiro e mesquinho”, declarou José Sócrates.
Interrogado sobre a ausência do ex-Presidente da República Mário Soares na campanha socialista para o Parlamento Europeu, Sócrates respondeu: “Mário Soares apoia o PS”.
O secretário-geral do PS fez um apelo veemente para que os portugueses expressem “um voto de indignação” contra um primeiro-ministro que “mente sistematicamente”, advertindo que não basta protestar ou estar revoltado do Governo, dizendo que o governo merece ser censurado.
Seguro avisou depois que “não basta estar contra, não basta estar revoltado quando se recebe o salário ou a pensão cortada e não basta protestar e estar indignado com um Governo que provocou o maior aumento de impostos de sempre”.
E/Imigração
O candidato da coligação PSD/CDS-PP Paulo Rangel defendeu que a União Europeia deve acolher mais imigração, de forma disciplinada, como uma das formas de combater o envelhecimento da sua população.
“A questão demográfica tem de se resolver de duas maneiras: acolhendo mais imigração, embora de uma forma disciplinada e de uma forma que permita às pessoas terem dignidade quando estão na Europa, e por outro lado promovendo a natalidade”, declarou.
Ainda a respeito da demografia, o social-democrata referiu que é favor da afetação de fundos europeus a “um programa para apoio à natalidade” inspirado nos países nórdicos, mas considerou: “Uma coisa que é certa, não é só com a natalidade que nós vamos resolver o problema demográfica e, portanto, nós temos de ter claramente uma grande abertura às migrações e à imigração para a Europa”.
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