Eleições: CDU rejeita pacto na imigração e culpa direita por “empurrar jovens” para fora do país

Lisboa. Foto Rodrigo Sene / Mundo Lusíada

Da Redação com Lusa

O líder da CDU rejeitou hoje qualquer pacto para a imigração e defendeu que o problema de Portugal está na saída de “milhares de jovens” para fora do país, responsabilizando a direita e o PS por essa situação.

Questionado sobre a ideia avançada pelo presidente do Chega, André Ventura, num comício na terça-feira à noite, em Guimarães, Paulo Raimundo destacou “a grande responsabilidade” da direita, “e, em particular, de Passos Coelho”, na emigração de portugueses para o estrangeiro, frisando que esse “drama” coloca a prazo “um problema de mão de obra” para o país.

“O Chega, a IL, o PSD e o CDS e a maioria absoluta do PS têm nas mãos um pacto a funcionar há dezenas de anos. E esse é o pacto que é preciso romper: o pacto dos baixos salários, da precariedade, da falta de condições de resposta à vida das pessoas… isso é que está a empurrar as pessoas para fora do país. Esse é que é o grande problema que enfrentamos, não são aqueles que nos vêm bater à porta, que fazem cá falta para trabalhar, que fazem cá falta à procura de uma vida melhor”, referiu.

Raimundo falava à comunicação social após uma visita à Câmara Municipal de Santiago do Cacém (distrito de Setúbal), acompanhado pelo autarca Álvaro Beijinha (CDU), numa região do Alentejo onde há uma forte presença de imigrantes, muitos a viver em condições precárias. Nesse sentido, afastou a existência de um problema de imigração e lembrou que a “escravatura é crime”, recentrando as atenções nas questões dos salários e das condições de vida.

“O nosso problema não é esse [imigração], o problema são os milhares de portugueses jovens que são empurrados”, observou, continuando: “Não precisamos de estar a alterar nada, a escravatura é crime. Não é um problema de estar a alterar leis, é de cumprir as leis. As pessoas que vêm para cá trabalhar precisam de ter direitos, e a partir do momento que têm os direitos como todos nós, podemos exigir os deveres. Não vale a pena estar a inventar a roda”.

O secretário-geral do PCP vincou ainda que a direita está a “desviar as atenções” das questões dos salários e das condições de vida, aludindo ainda ao 25 de Abril, com uma comparação da realidade de então do trabalho infantil com a atual situação de precariedade profissional de muitas pessoas.

Desumanidade na imigração

O secretário-geral do PS acusou hoje a AD de representar um retrocesso social nos direitos das mulheres e falta de humanismo perante a imigração, mas assumiu problemas e tensões no Estado social na integração de trabalhadores estrangeiros.

Estas posições foram transmitidas por Pedro Nuno Santos no almoço comício de Leiria, num discurso em que voltou a condenar o fato de o presidente do PSD, Luís Montenegro, ter sido esta manhã atingido com tinta por um ativista climático na Bolsa de Turismo de Lisboa.

“Partilhamos a preocupação climática, mas desta forma só se chama a atenção para a tinta e não para a causa”, declarou o líder socialista.

No seu discurso, o secretário-geral do PS voltou a referir-se ao discurso de segunda-feira à noite proferido pelo ex-primeiro-ministro Pedro Passos Coelho, que fez uma relação entre imigração e segurança, estabelecendo neste ponto uma linha de demarcação face à direita política: “Somos humanistas e essa é uma marca distintiva de nós em relação a eles”.

O secretário-geral do PS salientou depois o contributo dos imigrantes para a Segurança Social, cerca de 1600 milhões de euros ao ano, assim como para setores produtivos nacionais com dificuldades de mão-de-obra.

Mas, a seguir, prometeu “um combate sem tréguas à imigração ilegal, ao tráfico de seres humanos e à exploração laboral” e reconheceu problemas na resposta do Estado social à integração dos trabalhadores estrangeiros (e suas famílias) no país.

“Não vamos enfiar a cabeça na areia. Não estamos a fazer o suficiente. Temos de receber bem quem vem trabalhar para Portugal”, completou.

Pedro Nuno Santos também aludiu a declarações do vice-presidente do CDS-PP, Paulo Núncio, candidato pelo círculo eleitoral de Lisboa nas listas da AD, que defendeu a realização de um novo referendo à interrupção voluntária da gravidez (IVG), num debate promovido pela Federação Portuguesa pela Vida.

O secretário-geral do PS aproveitou para dramatizar “a importância do voto das mulheres” no PS.

“É preciso evitar o retrocesso social. Está em causa o futuro. Não queremos regressar ao passado”, declarou já na parte final da sua intervenção.

Mais de 10,8 milhões de portugueses são chamados a votar em 10 de março para eleger 230 deputados à Assembleia da República.

A estas eleições concorrem 18 forças políticas, 15 partidos e três coligações.

 

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