Eleições Autárquicas: Vitória do PSD e direita em Lisboa, PS ganha no país

Arquivo: 2021

Da redação com Lusa

A noite eleitoral deste domingo foi longa, com suspense até ao fim e uma surpresa chamada Carlos Moedas na maior câmara do país, Lisboa, que fez sombra à vitória do PS a nível nacional.

Só cerca das 02:00 se revelou o desfecho, quando o socialista Fernando Medina (PS e Livre) assumiu a derrota numa sala onde estava o ex-autarca de Lisboa e secretário-geral do PS, António Costa, que reclamou a vitória nacional dos socialistas com 150 presidências de câmara.

O PS venceu pela terceira vez consecutiva em autárquicas, mas aquém do resultado de 2017, sublinhou Costa, que tentou desvalorizar a derrota na capital, dizendo que “o país não é Lisboa”.

Ao ambiente frio na sede do PS e de Medina contrastou com a alegria com que foi recebido, na sala de hotel, em Lisboa, o ex-comissário europeu do PSD que vai governar, em minoria, a câmara de Lisboa, à frente de uma coligação com CDS, Aliança, MPT e PPM.

No discurso da vitória, Carlos Moedas afirmou ter vencido “contra tudo e contra todos”, porque “a democracia não tem dono”.

A seu lado, na hora da festa, estiveram os líderes dos dois principais partidos que o apoiaram, Rui Rio, do PSD, e Francisco Rodrigues dos Santos, do CDS-PP. Um e outro, reivindicaram bons resultados na noite da eleição.

Em clima festivo, Rui Rio admitiu que foi um “excelente resultado” e que o partido está em “melhores condições” de vencer as próximas legislativas, mas sem querer confirmar que é recandidato à liderança dos sociais-democratas.

À hora a que falava aos jornalistas, o PSD tinha recuperado 31 concelhos que não liderava em 2017 e perdeu 15, o que, disse, “é melhor que em 2017 e é melhor que em 2013.”

Às 03:00, o PSD, sozinho, registrava vitórias em 71 municípios, a que se somavam outras 38 em coligação, num total de 109 concelhos.

Francisco Rodrigues dos Santos sustentou que os resultados eleitorais alcançados no seu mandato “falam por si” e mostrou-se esperançoso que daqui para a frente possam “dar valor ao trabalho que tem vindo a ser feito”.

Em aliança com o PSD em vários concelhos, o CDS venceu em cinco câmaras, menos uma do que em 2017.

O suspense marcou a noite eleitoral desde as 21:00 de domingo e das sondagens à boca das urnas que davam um empate entre Fernando Medina e Carlos Moedas, com a derrota do PS em Coimbra, para uma aliança do PSD à direita liderada por José Manuel Silva, e na Figueira da Foz, recuperada pelo ex-presidente Pedro Santana Lopes.

E à esquerda, a CDU, coligação liderada pelo PCP, não conseguiu o “assalto” a Almada, o concelho que se tornou socialista em 2017 e vai continuar a sê-lo.

Os resultados finais ditaram outras perdas dos comunistas, como Mora, Montemor-o-Novo, Alvito e Loures para o PS, e também Vila Viçosa. Jerónimo de Sousa, secretário-geral do PCP, assumiu que os resultados ficaram “aquém dos objetivos colocados” e que a CDU tinha “muito para avaliar”.

Quanto ao Bloco de Esquerda, continuou sem ganhar qualquer câmara municipal, conseguindo eleger vereadores. Já perto das 05:00, ficou confirmada a eleição de um vereador em Lisboa e outro na autarquia do Porto.

Em Coimbra, o PS perdeu a câmara para José Manuel Silva, da coligação Juntos Somos Coimbra (PSD/CDS-PP/NC/PPM/A/RIR/VP), enquanto a pouco quilómetros, na Figueira da Foz, os socialistas também perderam a câmara para Pedro Santana Lopes, ex-autarca e antigo primeiro-ministro, que derrotou o candidato do partido que liderou, do PSD.

A norte, a lista de independentes de Rui Moreira venceu, mas perdeu a maioria absoluta, numas eleições em que PS e PSD ficaram muito longe do atual presidente da câmara.

Dos partidos com assento parlamentar, o Pessoas-Animais-Natureza (PAN) falhou domingo o objetivo de eleger vereação em câmaras.

O Chega conseguiu eleger 19 vereadores, obteve 205 mil votos e a Iniciativa Liberal não conseguiu eleger vereadores e recolheu 63 mil votos.

No balanço das capitais de distrito e nas regiões autónomas, o PSD lidera em nove dos 18 distritos, a começar pela capital, Lisboa, no Funchal, Madeira, que ganhou ao PS, e em Ponta Delgada, Açores, que se mantém laranja.

O PS consegue seis capitais de distrito, a CDU duas e há apenas uma liderada por uma lista de independentes, Rui Moreira, no Porto.

Mais de 9,3 milhões de eleitores podiam votar no domingo nas autárquicas, às quais se apresentaram mais de duas dezenas de partidos e mais de 60 grupos de cidadão

Nas eleições de domingo, votaram 47,25% dos 1.928.996 de eleitores inscritos no distrito de Lisboa, que votaram para eleger um total de 152 mandatos. A abstenção continuou alta – 46,3%, quando estavam contabilizados 99,5% dos votos.

MIGUEL A. LOPES/LUSA

Concelhos

Os socialistas mantiveram a liderança em nove municípios do distrito de Lisboa: Alenquer, Amadora, Arruda dos Vinhos, Azambuja, Sintra, Torres Vedras, Vila Franca de Xira, Lourinhã e Odivelas.

Em seis das câmaras que ganhou, o PS teve maioria absoluta (Alenquer, Azambuja, Arruda dos Vinhos, Torres Vedras, Lourinhã e Odivelas).

Em Sintra, onde Basílio Horta foi eleito para mais um mandato, o PS perdeu a maioria que tinha no executivo, ao conseguir cinco mandatos dos 11 possíveis.

A coligação PSD/CDS-PP/Aliança/MPT/PPM obteve quatro mandatos em Sintra, o Chega – que se estreou no domingo em autárquicas – conseguiu um mandato e a CDU outro.

Já o PSD elegeu quatro presidentes de câmara no distrito de Lisboa, dois deles em coligações com outros partidos.

Foi este o caso de Lisboa, onde Carlos Moedas foi eleito numa coligação que juntou PSD, CDS-PP, Aliança, MPT e PPM, e de Carlos Carreiras (PSD/CDS-PP), que conquistou o seu terceiro mandato em Cascais.

As outras duas câmaras em que o PSD ganhou foram Cadaval e Mafra, concelhos que já governava.

Em Cascais, Cadaval e Mafra estas vitórias foram com maioria absoluta nos executivos municipais, mas em Lisboa a candidatura de Carlos Moedas obteve sete mandatos, o mesmo número do que o PS, que recandidatou Fernando Medina.

Carlos Moedas foi eleito presidente da Câmara de Lisboa com 34,25% dos votos, contra 33,30% de Fernando Medina, numa diferença de cerca de 2.300 votos entre os dois.

Para o executivo da cidade de Lisboa entraram também dois vereadores da CDU e um do Bloco de Esquerda, tal como aconteceu em 2017.

No domingo, a CDU passou a ter apenas uma câmara no distrito de Lisboa, Sobral de Monte Agraço, que já governava e onde manteve a maioria absoluta no executivo, ao conseguir três mandatos (os outros dois foram distribuídos por PS e por PSD/CDS-PP).

Os comunistas perderam Loures, onde se recandidatou Bernardino Soares, mas obtiveram o mesmo número de mandatos do que o PS (quatro cada). O PSD ficou com dois mandatos neste concelho e o Chega conquistou aqui um vereador.

Como em 2017, em Oeiras voltou a vencer, com maioria absoluta, um movimento de independentes liderado por Isaltino Morais, antigo autarca e ministro do PSD, que conseguiu 50,86% dos votos, correspondentes a oito mandatos, mais dois do que os que já tinha.

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