Editora portuguesa comemora sucesso na Bienal do Livro, visitantes reclamam

Por Ígor Lopes
Para Mundo Lusíada

Foto: Igor Lopes

A editora portuguesa, LeYa, levou à XV Bienal do Livro no Rio de Janeiro cerca de 170 títulos e aproveitou para celebrar dois anos de presença no mercado editorial brasileiro. O evento, que se realizou de 1 a 11 de setembro, no centro de convenções Riocentro, na zona Oeste da cidade do Rio, reuniu várias editoras nacionais e internacionais, contando com a presença de nomes consagrados da literatura do Brasil e do mundo.
Líder do mercado editorial português, angolano e moçambicano, a LeYa está, desde 11 de setembro de 2009, editando também no Brasil. No início, a expectativa da empresa era comprar outras editoras, mas as operações começaram do zero. Hoje, além de atuar no mercado de edições gerais, a LeYa está presente também no mercado escolar. “Nossas primeiras obras didáticas acabam de ser lançadas”, conta Pascoal Soto, diretor editorial da LeYa.
Pascoal afirma que um dos objetivos da editora na Bienal foi mostrar ao público as recentes obras dedicadas à didática escolar. Mas há mais motivos para comemorar.
“Nossa presença na Bienal do Rio tem um enorme significado. Neste momento, a divisão LeYa Edições Gerais ocupa a 4ª colocação entre as editoras brasileiras com maior número de títulos entre os mais vendidos do país. Como se não bastasse, temos os dois primeiros lugares da lista de ficção e o 1º e 3º lugares da lista de não ficção. Um enorme feito para uma editora com pouco mais de 150 títulos publicados. Esta edição da Bienal também ficará marcada na nossa história pelo fato de estarmos a apresentar em nosso estande as primeiras obras didáticas da LeYa Escolar”, refere Pascoal Soto, que admite que a editora pretendeu utilizar o evento ainda para “marcar presença, encontrar pessoas, divulgar a marca”.
O responsável recorda que a bienal tem um papel importante na propagação da cultura, mas garante que nada há de errado em assumir o evento como mais uma opção de lazer.
“A Bienal oferece uma extensa e importante agenda de conferências, debates, leituras etc. para públicos diversos. Por outro lado, não vejo nenhum problema no fato de a Bienal, para muitas pessoas, ser uma mera opção de passeio. Seja como for, vale a pena estar entre livros”, sublinha Pascoal Soto.
“Orgulha-nos o fato de já termos publicado alguns dos mais importantes escritores da Lusofonia, como Pepetela e Gonçalo Tavares. Sem contar que, no ano que vem, traremos um novo romance de Lídia Jorge. O importante é que temos consciência de que uma editora se constrói com calma, critério e projeto”, avalia o diretor.

Autor de renome
Um dos principais nomes da LeYa, Gonçalo Tavares é um dos mais importantes nomes da literatura portuguesa contemporânea. Vencedor do prêmio Portugal Telecom em 2007, celebrado por outros grandes escritores, como José Saramago, que disse que seu romance Jerusalém “é um grande livro, que pertence à grande literatura ocidental”. Nascido em 1970, em Luanda, na Angola, Gonçalo publicou seu primeiro livro em 2001. Desde então acumula dezenas de obras, entre ficção, poesia e teatro. Sua obra mais recente é Uma viagem à Índia, publicada pela LeYa Brasil.

Bienal faz parte da cultura do Rio

Estande de doces portugueses na Bienal do Livro no Rio. Foto: Igor Lopes

A Bienal do Livro é um dos eventos mais aguardados pela população carioca. Na opinião de Sônia Machado Jardim, presidente do Sindicato Nacional dos Editores de Livros (SNEL), a Bienal é “o terceiro maior evento da cidade do Rio, só perdendo para o Carnaval e o Reveillon”. Segundo esta responsável, o objetivo é “levar o livro e os autores para o holofote durante 11 dias”.
“Recebemos 170 mil estudantes na visitação escolar. Esperamos despertar o interesse pela leitura, oferecendo uma variedade enorme de atrações para todo o tipo de público”, explica Sônia Jardim.
Este ano, a Bienal teve algumas novidades na sua programação cultural. No tradicional Café Literário, foi criado o Sarau Poético e o Debateboca. O Conexão Jovem, a Biblioteca Mirim e o Maré de Livros foram as novidades para o público infanto-juvenil. A Bienal Digital se caracterizou por ser um espaço para experimentação dos diversos artefatos de leitura digital. Aliados ao Livro em Cena e ao Mulher e Ponto, houve uma “programação rica e diversificada para atender ao visitante”.
A Bienal 2013 já está sendo pensada. A organização do evento enviou um convite à Embaixada da Alemanha, para convidá-los a ser o país homenageado na próxima Bienal. Este ano, o homenageado foi o Brasil.

Visitantes reclamam do preço e da organização
O Mundo Lusíada conversou com alguns visitantes da Bienal do livro. Segundos eles, a organização do evento deixou a desejar, com poucas pessoas para dar informações dentro do recinto. Parte do público reclamou que estavam sendo cobrados preços “absurdos” durante a bienal.
O estacionamento custava 15 Reais, a entrada tinha o preço de 12 Reais, a inteira e o preço da alimentação também estava “exorbitante”. Apesar de algumas promoções, o preço dos livros também foi alvo de reclamações.
Em resposta a essas críticas, Sônia Jardim disse que “toda a programação cultural, palestras e atrações eram gratuitas”, e que estavam “incluídas dentro do valor do ingresso”. Esta responsável alega que a “Bienal é mais do que um espaço de compras de livros, é de fato um programa cultural”. Sobre a situação da alimentação, Sônia conta que existiam no local “diversas opções de alimentação, com variedade de preços”, mas que essa situação iria ser avaliada.
Em relação aos preços dos livros, a representante do SNEL argumentou que “diversos estandes estavam participando da campanha em que o visitante recebia o desconto no valor do ingresso e do estacionamento para compras acima de 90 Reais”.

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