Da redação com Lusa
O Conselho das Finanças Públicas (CFP) melhorou as suas previsões econômicas para Portugal nesta quinta-feira, esperando um crescimento de 4,7% este ano e 5,1% em 2022, devido ao Programa de Recuperação e Resiliência (PRR) e à vacinação.
“Em 2022, o nível de riqueza de 2019 destruído pela pandemia será recuperado”, pode ler-se no relatório de atualização das Perspetivas Econômicas e Orçamentais 2021-2025, hoje divulgado.
A revisão em alta pelo CFP “resulta da incorporação do contributo da aprovação do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), dos desenvolvimentos econômicos a partir do 2.º trimestre de 2021 e do levantamento das restrições à atividade econômica num país com uma das mais elevadas taxas de cobertura vacinal do mundo”.
De acordo com a instituição presidida por Nazaré da Costa Cabral, o PRR “acaba por funcionar, neste período, como uma mais-valia a afetar as diferentes componentes do PIB, com destaque para o investimento e fundamentalmente o investimento público”.
O Programa de Recuperação e Resiliência português, aprovado pela Comissão Europeia para fazer face à crise causada pela pandemia de covid-19, “deve não apenas permitir este impulso de curto prazo, favorecendo a inversão no ciclo econômico (de um hiato profundamente negativo para um outro que se perspetiva ligeiramente positivo), mas contribuir também para o crescimento potencial da economia portuguesa, aumentando a produtividade dos fatores, de todos eles”.
Anteriormente, o CFP tinha estimado um crescimento de 3,3% para 2021 e 4,9% para 2022, depois de se ter registado uma contração econômica de 7,6% no ano passado.
As previsões hoje divulgadas para 2021 comparam negativamente apenas com as do Banco de Portugal, que espera um crescimento de 4,8%, mas superam as do Governo (4,0%), do Fundo Monetário Internacional e Comissão Europeia (3,9%), e ainda da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (3,7%).
“No médio prazo, em políticas invariantes, o crescimento da atividade econômica deverá convergir para valores em torno do crescimento do produto potencial (2,0%)”, salientam ainda os economistas da instituição independente.
Para os restantes anos do ciclo econômico em análise, é esperado um crescimento de 2,9% em 2023, 2,2% em 2024 e 2,0% em 2025.
“O ritmo de crescimento da FBCF [Formação Bruta de Capital Fixo, rubrica de investimento] em volume deverá recuperar para 5,9% em 2021, e para 7,1% em 2022, refletindo sobretudo a absorção dos fundos do PRR na economia, bem como a expetativa de retoma da procura interna e externa neste período e a manutenção de condições de financiamento favoráveis”, refere o CFP.
Quanto à taxa de desemprego, depois de uma subida de 7,0% para 7,3% em 2021, deverá ir baixando para os 6,9% em 2022, 6,5% em 2023 e estabilizar nos 6,4% em 2024 e 2025.
O cenário gizado pelo CFP “perspetiva ainda um aumento da inflação, medida pelo Índice Harmonizado de Preços no Consumidor (IHPC), para 0,8% em 2021 e 1,6% em 2022, devendo estabilizar, nos anos seguintes, em torno de 1,5%”.
Quanto aos riscos, “encontram-se, direta ou indiretamente, relacionados com a evolução da situação pandêmica e são, na sua maioria, de natureza descendente”, e prendem-se sobretudo com atrasos na vacinação em economias parceiras da portuguesa, o aparecimento de novas variantes.
Há ainda riscos relacionados com “o atraso na recuperação da economia, o qual poderá aumentar o risco de insolvências no tecido empresarial e, consequentemente, o aumento do desemprego e a diminuição no rendimento das famílias”, bem como “o elevado nível de endividamento das empresas, das famílias e das administrações públicas”, que pode ter consequências nas condições de financiamento nacionais.