Portas: Ministro português dos Negócios Estrangeiros demite-se

Mundo Lusíada
Com Lusa

Foto/Arquivo: JOAO RELVAS/LUSA
Foto/Arquivo: JOAO RELVAS/LUSA

O ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros, Paulo Portas, apresentou em 02 de julho o seu pedido de demissão ao primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho. A decisão “é irrevogável”, e obedece à sua “consciência”, adianta o ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros num comunicado enviado à Lusa.

Paulo Portas contesta a escolha de Maria Luís Albuquerque para a pasta das Finanças, depois da saída de Vitor Gaspar, com quem tinha “conhecidas diferenças políticas”, “permitir abrir um ciclo político e econômico diferente”, sublinha o líder do CDS/PP.

“A escolha feita pelo primeiro-ministro teria, por isso, de ser especialmente cuidadosa e consensual.(…) Expressei, atempadamente, este ponto de vista ao Primeiro-Ministro que, ainda assim, confirmou a sua escolha [de Maria Luís Albuquerque]. Em consequência, e tendo em atenção a importância decisiva do Ministério das Finanças, ficar no Governo seria um ato de dissimulação. Não é politicamente sustentável, nem é pessoalmente exigível”.

“O Primeiro-Ministro entendeu seguir o caminho da mera continuidade no Ministério das Finanças. Respeito mas discordo”, adiantou. Passos Coelho deve fazer hoje uma declaração ao país, que deverá acontecer por volta das 20h horário local, em São Bento.

No dia 01, foi o ministro das Finanças, Vítor Gaspar, que apresentou o pedido de demissão e vai ser substituído pela sua secretária de Estado do Tesouro, Maria Luís Albuquerque, que tem tomada de posse marcada para as 17:00 no Palácio de Belém, em Lisboa.

Numa carta enviada ao primeiro-ministro, Vítor Gaspar admitiu ter pedido duas vezes a demissão do Governo, em 2012 e já em 2013, e justifica a sua saída com a falta de “mandato claro” para concluir atempadamente a sétima avaliação da ‘troika’.

Portas adianta que, em dois anos de governo, “protegeu até ao limite das suas forças o valor da estabilidade”, mas “a forma como, reiteradamente, as decisões são tomadas no Governo torna, efetivamente, dispensável” o seu contributo.

Com os anúncios de demissão, portugueses se movimentaram na internet para reunir o povo, no que eles chamaram de “O Governo ACABOU! FESTA! VAMOS PARA O MARQUÊS”. Até o momento, 500 pessoas já haviam confirmado presença na manifestação em Lisboa.  A CGTP já divulgou que vai realizar uma manifestação junto ao palácio de Belém se o Presidente Cavaco Silva não convocar eleições antecipadas. “Este Governo não tem condições para continuar a governar, por isso, é nossa intenção propor amanhã ao Conselho Nacional a realização de uma grande manifestação em Belém”, disse Arménio Carlos à Lusa.

Confira o comunicado de Portas na íntegra:

“Apresentei hoje de manhã a minha demissão do Governo ao Primeiro-Ministro”

“Com a apresentação do pedido de demissão, que é irrevogável, obedeço à minha consciência e mais não posso fazer”

“São conhecidas as diferenças políticas que tive com o Ministro das Finanças. A sua decisão pessoal de sair permitia abrir um ciclo político e económico diferente. A escolha feita pelo Primeiro-Ministro teria, por isso, de ser especialmente cuidadosa e consensual”

“O Primeiro-Ministro entendeu seguir o caminho da mera continuidade no Ministério das Finanças. Respeito mas discordo”

“Expressei, atempadamente, este ponto de vista ao Primeiro-Ministro que, ainda assim, confirmou a sua escolha. Em consequência, e tendo em atenção a importância decisiva do Ministério das Finanças, ficar no Governo seria um acto de dissimulação. Não é politicamente sustentável, nem é pessoalmente exigível”

“Ao longo destes dois anos protegi até ao limite das minhas forças o valor da estabilidade. Porém, a forma como, reiteradamente, as decisões são tomadas no Governo torna, efetivamente, dispensável o meu contributo”

“Agradeço a todos os meus colaboradores no Ministério dos Negócios Estrangeiros a sua ajuda inestimável que não esquecerei. Agradeço aos meus colegas de Governo, sem distinção partidária, toda a amizade e cooperação”.

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