Mundo Lusíada
O encerramento da Missão Brasil Export contou com a presença do Ministro português das Infraestruturas e da Habitação, Pedro Nuno Santos, que recebeu uma delegação brasileira, salientando que os dois países devem trabalhar em conjunto para “conseguir que o centro da globalização volte ao Atlântico”.
A dinâmica de intercâmbio entre os profissionais do Brasil e de Portugal incluiu apresentações sobre as principais características do complexo portuário.
Lideraram a comitiva brasileira, o Secretário Executivo do Ministério da Infraestrutura do Brasil, Marcelo Sampaio, o Senador Wellington Fagundes, Presidente da Frente Parlamentar Mista de Logística e Infraestrutura, e o Secretário Nacional de Portos e Transportes Aquaviários, Diogo Piloni.
A missão Brasil Export, realizada com o apoio da APP – Associação dos Portos de Portugal, teve como objetivo apresentar o sistema portuário nacional e a oferta logística associada a um grupo de mais de 50 empresários e representantes de entidades públicas brasileiras que, ao longo de cinco dias, visitaram os portos de Aveiro, Leixões, Setúbal, Lisboa e Sines, onde contactaram com stakeholders nacionais com a finalidade de estabelecer novas oportunidades de negócio entre os dois países.
Protocolo assinado
Assinado na quinta-feira (10), a Agência Nacional de Transportes Aquaviários – ANTAQ e a Associação de Portos de Portugal – APP homologaram o protocolo de intenções que tem como objetivo aperfeiçoar a troca de experiências sobre o fluxo do tráfego portuário dos países de Língua Portuguesa.
A cerimônia foi realizada no Porto de Lisboa e contou com a participação do ministro português Pedro Nuno Santos. A ANTAQ foi representada na solenidade pelo superintendente de Desempenho, Desenvolvimento e Sustentabilidade, José Renato Fialho.
O protocolo de intenções, agora homologado, foi celebrado em 16 de fevereiro último pelo diretor-geral da ANTAQ, Eduardo Nery, e pelo presidente da APP, José Luís de Azevedo Cacho, e prevê ainda o compartilhamento de experiências, pesquisas, estudos e atividades de disseminação do conhecimento sobre infraestrutura e transporte aquaviário. O prazo de vigência do protocolo de intenções é de 12 meses, podendo ser prorrogado mediante a celebração de aditivo.
O acordo deve resultar em informação que contribua para a melhoria na gestão portuária e a um maior conhecimento dos mercados dos países envolvidos.
Porto de Lisboa
Detalhes sobre os planos da Administração do Porto de Lisboa para consolidar o complexo na vanguarda do uso de energias renováveis e DE tecnologias limpas foram apresentados à comitiva brasileira, durante a visita de intercâmbio profissional.
Um dos principais objetivos da Administração é utilizar as vias navegáveis do Rio Tejo – o mais extenso da Península Ibérica – para diminuir o impacto do transporte de cargas na cidade e expandir a capacidade operacional. No ano passado, o Porto de Lisboa confirmou a recuperação gradual da sua atividade, registrando 9,4 milhões de toneladas movimentadas, acréscimo de 5% em relação a 2020.
“Nos dois últimos anos fomos muito impactados pela pandemia. Estamos tentando recuperar nossos melhores índices de atividade”, relatou o administrador do Porto, José Castel-Branco. Ele agradeceu a presença da “delegação de peso” do Brasil e classificou como fundamental o aprofundamento das relações entre lideranças e empresários das duas nações.
Ao trilhar o caminho da modernização, o Porto de Lisboa busca se destacar pelo dinamismo e oferecer soluções logísticas compatíveis com a proximidade da malha urbana. “É muito difícil de atravessar Lisboa com caminhões. Nosso transporte ferroviário também encontra dificuldades. Por isso estamos apostando nas vias navegáveis do Tejo”, disse Castel-Branco.
A transformação da matriz energética é outro importante foco de trabalho da administração portuária. De acordo com a Estratégia Nacional para o Mar 2021-2030, o Porto substituirá o uso de diesel e de combustíveis poluentes por energia elétrica nas embarcações que irão atracar no local após esse período.
Na mesma linha o gerente-geral do operador portuário Yilport, Diogo Vaz Marecos, disse que a redução da pegada ambiental e o uso de energia limpa são fatores imprescindíveis para atrair novos armadores para operar em Lisboa. “Estamos realizando investimentos de 114 milhões de euros voltados para minimizar os impactos ambientais resultantes de nossos processos de movimentação”, ressaltou.
Setúbal
Já as lideranças que atuam no Porto de Setúbal enfatizaram a urgência de melhorar os acessos ferroviários, aprimorar as condições de navegabilidade, desenvolver uma cultura sustentável do mar e promover uma revolução energética. 2021 marcou o crescimento de 4,7% das cargas movimentadas no complexo, registrando a operação de 6,5 milhões de toneladas.
São baixos, entretanto, os números do comércio de Setúbal com os portos brasileiros: cerca de 6% do total movimentado no Porto, sendo a importação de açúcar pelos portugueses a principal força dessa tímida relação.
Apesar de manter conexão direta com a rede ferroviária portuguesa, somente 27% das cargas movimentadas em Setúbal chegam ou saem por trens. A redução do uso de caminhões para essa finalidade poderá auxiliar na redução das emissões de gases poluentes e na implantação de novas soluções logísticas, disse à audiência de lideranças brasileiras o administrador do Porto de Setúbal, Carlos Correia.
“Queremos estar de acordo com as melhores práticas ambientais. Essas são questões cada vez mais relevantes para o desenvolvimento dos portos. É impensável que investimentos venham a ocorrer sem essa sintonia”, observou, adicionando que o cumprimento de normas para proteção do meio ambiente é imprescindível para obtenção de financiamentos.
O presidente da Comunidade Portuária de Setúbal, Porfirio Gomes, disse que a grande vantagem do instrumento é que todos os agentes do setor trabalham a partir de informações disponibilizadas em uma só plataforma, gerida pela Autoridade Portuária local. A Janela Única, enfatizou, permite reunir melhores informações nos processos decisórios.
O Porto de Aveiro também apresentou-se aos investidores brasileiros com aposta na dinamização das relações comerciais, e novas ligações com o Brasil. No último ano destaca-se o aumento da carga de toros de madeira do Brasil para Portugal. Aveiro é porto importador mas quer também funcionar com peso nas exportações para o Brasil.