Ministra destaca “retorno econômico” para Portugal do programa da nova aeronave KC-390

Mundo Lusíada com Lusa

Nesta quarta-feira, a ministra portuguesa da Defesa, Helena Carreiras, destacou o “retorno econômico” para Portugal do programa da nova aeronave KC-390 da brasileira Embraer, por ter contribuído para a “criação de mais de 350 postos de trabalho altamente qualificados”.

“Não poderia deixar de sublinhar o sucesso e retorno econômico comprovado especialmente porque se trata do primeiro programa de aeronáutica com engenharia portuguesa”, afirmou a governante, em Beja, na apresentação do primeiro avião KC-390 da Força Aérea.

Segundo a ministra da Defesa Nacional, que discursava na cerimônia realizada na Base Aérea N.º 11 (BA11), na cidade alentejana, o desenvolvimento desta aeronave envolveu “mais de 650 mil horas de trabalho de engenharia em Portugal e mais de dois mil desenhos técnicos gerados no país”.

O projeto, sublinhou, contribuiu “para a criação de mais de 350 postos de trabalho altamente qualificados, entre engenharia de desenvolvimento e de produção, e todo o leque de saberes avançados que esta indústria integra, além de envolver empresas de vários pontos do país”.

O primeiro avião KC-390, dos cinco comprados por Portugal à empresa brasileira Embraer, chegou, no domingo, à BA11, a nova ‘casa’ destas aeronaves, informou a Força Aérea Portuguesa.

Considerando que o programa do KC-390 “é um dos projetos estruturantes da Lei de Programação Militar”, a ministra realçou que estas aeronaves vão substituir a atual frota do Hércules C-130, que opera em Portugal desde 1977.

“Essas aeronaves têm cumprido a sua missão de forma admirável e fiável, ao longo dos últimos 45 anos, ao serviço do país, tendo atingido recentemente o marco de 85 mil horas voadas”, adiantou a governante.

Helena Carreiras justificou esta renovação com a existência de “um novo contexto internacional, de novos desafios emergentes e da necessidade de acompanhar de forma próxima os desenvolvimentos tecnológicos mais recentes”.

“A defesa de Portugal faz-se muito para além das nossas fronteiras físicas e o investimento realizado deverá ter em consideração a tipologia das missões e operações no exterior em teatro operacionais habitualmente de grande exigência”, vincou.

De acordo com a titular da pasta da Defesa Nacional, estas missões e operações requerem que as Forças Armadas se encontrem com “elevada prontidão, projetáveis, bem treinadas e com equipamento de última geração”.

“O KC-390 representa velocidade, alcance e modernidade, representando um salto qualitativo inquestionável”, disse.

Entre outras funções, salientou, que este avião vai “robustecer a capacidade de ação nacional para projetar e retrair militares, assim como para amplificar a capacidade de apoio logístico e material às forças nacionais destacadas”.

A aeronave vai também “aumentar a capacidade nacional de resposta em proteção da diáspora de forma mais célere eficaz e eficiente” e de “evacuação aeromédica e de busca e salvamento”, adiantou.

Investimento na Defesa

O primeiro-ministro de Portugal destacou hoje o “reforço de 8,3%” previsto na proposta do Governo para o Orçamento do Estado para 2023 (OE2023), incidindo “sobretudo nas despesas de capital”, que crescem “25,5%”.

“Mais do que um compromisso de aumentar o nosso orçamento de Defesa com a NATO, nós temos um compromisso com o interesse nacional de reforçar o investimento em Defesa, para assim melhor servir o interesse nacional”, afirmou Antonio Costa, em Beja.

Segundo Costa, o OE2023, “que a Assembleia da República iniciará a sua discussão, prevê, por isso, um reforço do programa orçamental da Defesa de 8,3%, relativamente ao que está previsto executar durante o ano de 2022”.

“É um reforço que incide sobretudo sobre as despesas de capital, com um crescimento de 25,5%, assim reforçando a nossa capacidade de poder equipar as nossas Forças Armadas para as novas realidades das suas missões, desde a área da ciberdefesa à necessidade de equipamento dos três ramos das Forças Armadas”, sublinhou.

Costa destacou também as missões de interesse público desempenhadas pelas Forças Armadas, como o combate aos incêndios rurais, a missões de evacuação por motivos de saúde, as missões de apoio diáspora em situações de crise e durante a pandemia.

“O reforço de investimento em Defesa e na capacitação das nossas Forças Armadas é um elemento essencial para o nosso País. É graças às Forças Armadas e às suas missões que Portugal tem afirmado no mundo uma relevância internacional”, disse o Primeiro-Ministro.

Costa destacou ainda o fato de o novo KC390 incluir “650 mil horas de trabalho de engenharia portuguesa” e referiu que este é um projeto três em um: capacitação das Forças Armadas e da Força Aérea; estreitamento das relações com o Brasil e desenvolvimento do cluster aeronáutico como importante componente da economia nacional.

Este projeto, “é mais do que um elemento de capacitação das nossas Forças Armadas”, porque “é também um elemento simbólico do estreitamento das relações” entre Portugal e o Brasil, no ano em que este “país irmão” celebra os 200 anos de independência, afirmou.

E é ainda “um excelente exemplo de uma política pública que, continuadamente executada, deu frutos”, destacou o chefe do Governo, lembrando que o projeto do KC-390 “iniciou-se em 2010” e “com a participação, pela primeira vez, da engenharia portuguesa na concepção de uma nova aeronave”.

Portugal, mediante este projeto, teve ainda “oportunidade de estreitar as relações com um dos grandes ‘players’ mundiais de aeronáutica, como é a Embraer, e ajudar a desenvolver um conjunto de empresas que, sediadas sobretudo na região do Alentejo, têm vindo a fortalecer este cluster aeronáutico”, indicou.

Portugal assinou, em 22 de agosto de 2019, os contratos para a compra de cinco aeronaves KC-390 da Embraer, com componentes feitos nas duas fábricas em Évora da construtora aeronáutica brasileira e nas OGMA (Alverca).

As aeronaves, que vão substituir os Hércules C-130 da Força Aérea Portuguesa (FAP), envolvem um total de 827 milhões de euros. O negócio inclui a aquisição de um simulador de voo e a manutenção das aeronaves nos primeiros 12 anos de vida.

A aeronave decolou dia 15 de outubro de Gavião Peixoto, São Paulo, em direção à Europa. Ao chegar em Portugal, o KC-390 passa por uma fase de integração dos equipamentos NATO e certificados pela Autoridade Aeronáutica Nacional.

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