Da Redação
Com Lusa
A proposta que o Governo português apresentou aos parceiros sociais para o valor do salário mínimo nacional, de 635 euros no próximo ano, não mereceu o acordo dos parceiros sociais.
À saída da reunião da Concertação Social, o líder da CGTP, Arménio Carlos, disse que o valor apresentado pela ministra do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social, Ana Mendes Godinho, é “insuficiente” tendo em conta a evolução da economia.
Já o líder da UGT, Carlos Silva, afirmou que “se houvesse acordo para ser assinado”, da parte da central sindical “estaria assinado”.
Porém, os “restantes parceiros e os empregadores entenderam que não estão reunidas as condições porque o valor está muito acima” do que as confederações desejavam, disse Carlos Silva.
O presidente da CIP – Confederação Empresarial de Portugal, António Saraiva, considerou que 635 euros para 2020 é “um objetivo ambicioso, tal como o objetivo para 2023”, de atingir 750 euros.
“Esperamos que os fatores de competitividade sejam igualmente ambiciosos”, afirmou Saraiva.
A ministra do Trabalho, Ana Mendes Godinho, disse que “nunca houve o objetivo de um acordo” e que a fixação do salário mínimo para 2020 é “o início de um caminho” que arranca agora com a discussão da política de rendimentos e competitividade, cuja primeira reunião está marcada para dia 27.
“Ouvimos os parceiros, as diferentes opiniões e encontramos aqui um equilíbrio. É o início de um caminho”, disse Ana Mendes Godinho, em declarações aos jornalistas.
Desacordo
O líder da CGTP, Arménio Carlos, disse que estão reunidas as condições para que os trabalhadores peçam aumentos superiores ao valor que foi proposto para o salário mínimo nacional para o próximo ano. Sobre a proposta do Governo, de aumentar a remuneração base para 635 euros, Arménio Carlos disse que “não houve um acordo, o que houve foi um desacordo”, porque a proposta foi assumida “unilateralmente” pelo Executivo.
Para o presidente da Confederação Empresarial de Portugal (CIP), António Saraiva, se trata de um “objetivo ambicioso”. “Tem que se assumir de uma vez por todas que os aumentos salariais têm de ser sustentados”, disse António Saraiva. “Querer aumentar salários sem um chão, com areias movediças, podemos estar a afundar-nos”, referiu ao Notícias ao Minuto.
“As empresas não estão preparadas [para este aumento do salário mínimo para 635 euros]. O Governo veio anunciar uma decisão sua e por isso não houve uma negociação, houve uma constatação”, referiu Eduardo Oliveira, presidente da Confederação dos Agricultores de Portugal.