Ex-presidente executivo do Banco Espírito Santo é detido em Lisboa e sai após caução de 3 milhões

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Mundo Lusíada

A imprensa portuguesa divulga que o ex-presidente executivo do Banco Espírito Santo, Ricardo Salgado, foi detido na manhã de 24 de julho, na sua casa no Estoril, em informação avançada pelo Correio da Manhã TV.

Salgado começou a ser ouvido na qualidade de arguido pelo juiz Carlos Alexandre, do Tribunal Central de Instrução Criminal, pela manhã. E estaria em liberdade depois do pagamento caução de 3 milhões de euros, no final da tarde.

A audição de Ricardo Salgado para primeiro interrogatório judicial ocorreu no âmbito da “Operação Monte Branco”, que investiga a maior rede de branqueamento de capitais em Portugal, disse à Lusa fonte do Tribunal Central de Instrução Criminal.

Em nota enviada à comunicação social, a Procuradoria-Geral da República confirmou a detenção de Ricardo Salgado. “No âmbito do Processo Monte Branco, o Ministério Público (DCIAP) tem vindo a realizar várias diligências que culminaram com a detenção de Ricardo Salgado no dia de hoje”, refere a nota da PGR.

A detenção de Ricardo Salgado surge na sequência de buscas efetuadas na quarta-feira a várias entidades do Grupo Espírito Santo. As investigações do Monte Branco começaram em junho de 2011 e visaram, num primeiro momento, transferências de dinheiro entre gestores de fortunas suíços e clientes portugueses.

Liberdade
No final do dia, Ricardo Salgado ficou em liberdade mediante caução de 3 milhões de euros. Francisco Proença de Carvalho, advogado dele, disse à saída do TCIC que o seu constituinte “colaborou com a justiça, prestou a sua visão sobre os fatos e assim continuará”, e que “agora seguirá para sua casa, normalmente”.

Mas a PGR informa que, de acordo com a promoção do Ministério Público, foram aplicadas ao arguido as medidas de coação de “sujeição a caução, no montante de três milhões de euros, proibição de ausência do território nacional e proibição de contatos com determinadas pessoas”, já que está em causa a “eventual prática de crimes de burla, abuso de confiança, falsificação e branqueamento de capitais”.

“Após essa audição prosseguiram diligências de investigação com a cooperação da Autoridade Tributária e Aduaneira, designadamente com a obtenção de elementos de prova por via da cooperação judiciária internacional, tendo sido recolhidos novos indícios”, diz o comunicado.

Crise
Diversos movimentos financeiros, ocorridos entre 2006 e 2012, realizados no quadro de um esquema de ocultação da origem dos fundos e da sua conversão em numerário, totalizam mais de 30 milhões de euros.

O Espírito Santo Financial Group (ESFG) disse adeus ao principal índice da bolsa portuguesa no dia 21, uma vez que a negociação das suas ações está suspensa desde o passado dia 10 de julho. A decisão foi tomada a nível internacional pelo comitê da gestora da bolsa portuguesa, que justificou a decisão devido “à extensão do período de suspensão” da negociação dos títulos do ESFG.

Com negócios em vários países, como Brasil e Angola, o Grupo Espírito Santo está em uma crise financeira e de gestão empresarial, que contou até com intervenção do Banco de Portugal, e declarações do primeiro-ministro português garantindo que a situação não compromete a estabilidade do sistema financeiro, segundo Passos Coelho.

“Uma coisa são os negócios que a família Espirito Santo tem e outra coisa é o banco. É muito importante que os agentes portugueses e os investidores externos consigam, não apenas perceber bem esta diferença, mas estar tranquilos relativamente à situação do banco”, sublinhou na altura.

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