Da Redação
Com Lusa
O aumento do número de estrangeiros que estão comprando casas em Portugal não afasta os compradores portugueses, sobretudo porque os estrangeiros valorizam casas antigas nos centros históricos, segundo o diretor da imobiliária Keller Williams (KW) Portugal.
“Os estrangeiros andam a comprar em sítios onde os portugueses não compravam, que é nos centros históricos”, afirmou à Lusa Eduardo Garcia e Costa, ressalvando que existem cidadãos estrangeiros que compram casa com o intuito de viver em Portugal e outros que chegam como turistas e que depois acabam por comprar casa.
Segundo o responsável, que falava à margem de uma convenção da KW, no Algarve, os compradores de outros países “acabam por não fazer concorrência aos portugueses, porque os portugueses valorizam ter casas novas”, tendo o negócio sido mais afetado na altura em que “deixou de haver construção nova em Portugal, que está a agora a retomar”.
De acordo com Eduardo Garcia e Costa, os estrangeiros que optam mesmo por viver em Portugal não estão, na sua maioria, a comprar muito nas grandes cidades, mas sim no Algarve, na zona oeste acima de Lisboa ou em Cascais, que eram “tipicamente lugares de segunda habitação”.
O diretor geral da KW Portugal falava à Lusa à margem de uma convenção da empresa de formação e consultoria especializada no ramo de mediação imobiliária, que decorre até sexta-feira num hotel em Albufeira, reunindo cerca de 400 participantes.
A empresa, que chegou a Portugal há três anos, tem atualmente 1.500 consultores, número que deverá atingir os 2.500 no final de 2018, ano em que aquele responsável prevê alcançar os 2 mil milhões de euros de produto imobiliário transacionado.
“Temos crescido muito mais do que o mercado, a grande razão tem a ver com a diferença do nosso modelo de negócio, não somos um ‘player’ que tem muitas agências espalhadas pelo território, temos poucas, mas de grande dimensão”, explicou.
Eduardo Garcia e Costa classifica de “tempestade perfeita, no sentido positivo”, a conjuntura que permitiu o crescimento do mercado imobiliário em Portugal.
O responsável atribui o ‘boom’ imobiliário a diversos fatores, nomeadamente, os incentivos fiscais aos reformados do norte da Europa, os vistos dourados e também, a “descoberta” de Portugal do ponto de vista turístico.
“Beneficiamos de um fenômeno macroeconômico numa altura em que os preços do imobiliário estavam bastante baixos”, observou, sublinhando que, apesar de não se poder falar ainda numa “retoma absoluta”, a “crise mais profunda” já passou.
Contudo, admitiu, por se tratarem de “variáveis novas” existe uma “grande incerteza” relativamente ao futuro do mercado imobiliário no país, cujo crescimento acabará por abrandar.
Com a abertura de seis novos centros em 2017, ano em que a empresa intermediou 1,2 mil milhões de euros em imóveis, o diretor geral da KW Portugal estima, em 2018, ter um máximo de 50 ‘market centers’ em Portugal.
No mundo, a KW está presente em 29 países e este ano deverá expandir-se para seis novos locais: Romênia, Argentina, República Checa, Grécia e Chipre, disse Bill Soteroff, diretor geral da KW Worldwide, que Portugal integra.
Segundo o responsável, fora dos Estados Unidos, país onde nasceu a KW, Portugal é o país “número 1” para a companhia, não só pelo número de escritórios, como pelo número de pessoas.