Mundo Lusíada
Com agencias
Numa viagem a Cuba, o Presidente português saudou em Havana a aprovação nas Nações Unidas de uma resolução pelo levantamento do embargo a Cuba, com a abstenção dos Estados Unidos, considerando que “é um dia histórico”.
Marcelo Rebelo de Sousa falava durante um fórum empresarial, num hotel da capital cubana, na presença do vice-presidente do Conselho de Ministros de Cuba, Ricardo Cabrisas Ruíz.
“Acabo de saber do resultado da votação nas Nações Unidas. É um dia histórico, para nós, também. É um dia histórico. Muitas felicidades”, declarou o chefe de Estado, num castelhano improvisado. A resolução, que é anualmente apresentada por Cuba, foi aprovada por 191 dos 193 países-membros das Nações Unidas, com as abstenções dos Estados Unidos e de Israel.
O Presidente da República acrescentou que o levantamento do embargo imposto pelos Estados Unidos a Cuba “é a posição constante de Portugal, de todos os partidos portugueses, de esquerda e direita, uma posição comum”, completando: “E de centro, claro”.
Marcelo Rebelo também afirmou estar certo de que voltará de Cuba “com boas notícias de novos negócios”, num discurso perante empresários portugueses e cubanos em que falou na importância do sogro português de Cristóvão Colombo. Segundo ele, Colombo era “o homem do qual se diz que descobriu a América à procura da Índia” e disse que “são poucos os que sabem que Cristóvão Colombo viveu na ilha portuguesa de Porto Santo, no arquipélago da Madeira”.
“E que aperfeiçoou com o sogro, navegante português, que descobriu a Madeira, as artes de navegar. E que, além disso, entendeu, desde o outro lado do Atlântico, em solo português, que haveria terras novas para conhecer. Claro, era casado com uma portuguesa. E voltou com boas notícias”.
Marcelo Rebelo de Sousa defendeu que os números das trocas comerciais entre Portugal e Cuba “ainda são incipientes face ao potencial de crescimento” disse, citando áreas como “na indústria, na energia, nas renováveis, no comércio, nos serviços, na indústria do turismo, construção e materiais de construção, em áreas tecnológicas, para além dos setores da saúde e da agricultura”.
Visita
O Chefe de Estado realçou que esta é “a primeira visita de Estado de um Presidente da República a Cuba” e, mais do que o seu possível encontro com Fidel Castro, destacou a reunião com Raúl Castro, prevista na agenda.
Marcelo Rebelo de Sousa afirmou que Portugal tem tido “uma posição constante” em relação a Cuba, nunca tendo apoiado o bloqueio imposto pelos Estados Unidos, e quer reforçar as relações comerciais bilaterais.
Segundo Marcelo Rebelo de Sousa, esta visita enquadra-se numa “grande opção de política externa” do Estado português no seu conjunto “que é a América Latina”, com a qual Portugal tem intensificado relações econômicas. “E Cuba entra agora nessa realidade. E entra porquê? Porque os empresários portugueses, num número muito significativo, se interessaram por Cuba, e porque Cuba abriu”, declarou.
No plano político e diplomático, Marcelo Rebelo de Sousa defendeu que “há uma grande constância da política portuguesa em relação a Cuba, com governos de esquerda e governos de direita, com todos os presidentes: houve sempre uma posição em relação a Cuba de diálogo”.
De acordo com o chefe de Estado, esta visita acontece também num momento de “maior relacionamento cultural” bilateral, por exemplo, com “uma cátedra de língua portuguesa na Universidade de Havana”. “É economia, é cultura e é política”, sintetizou.