Dívida de famílias, empresas e Estado sobe para 812 mil ME em setembro

Mundo Lusíada com Lusa

O endividamento do setor não financeiro (administrações públicas, empresas e particulares) foi de 812,4 mil milhões de euros em setembro, mais 1.200 milhões de euros face a agosto, informou hoje o Banco de Portugal (BdP).

Deste total, 446 mil milhões de euros respeitavam ao setor privado (empresas privadas e particulares) e 366,4 mil milhões de euros ao setor público (administrações públicas e empresas públicas).

Quanto apenas ao endividamento do setor privado, este subiu 1.000 milhões de euros em setembro devido sobretudo ao endividamento das empresas privadas.

Segundo o BdP, este aumento foi essencialmente perante o setor financeiro (700 milhões de euros) e “deveu-se à aquisição de títulos de dívida de curto prazo emitidos” por empresas e aos efeitos da sua valorização. O endividamento dos particulares praticamente não se alterou.

Quanto ao endividamento do setor público, aumentou em 200 milhões de euros, traduzindo um acréscimo perante as administrações públicas (700 milhões de euros) e o setor financeiro (400 milhões de euros), parcialmente compensado por uma redução junto do exterior (1000 milhões de euros).

Quanto à taxa de variação anual, em setembro a taxa de variação do endividamento das empresas privadas foi praticamente nula, à semelhança do que aconteceu em agosto. Já o endividamento dos particulares decresceu 0,2% em termos homólogos.

Estabilidade

Na quarta-feira, 22 o BdP considerou que aumentaram os riscos para a estabilidade financeira devido à economia e à recente crise política, segundo o relatório de estabilidade financeira publicado.

De acordo com o Banco de Portugal, o crescimento dos riscos reflete o aumento das taxas de juro, o abrandamento da economia e, “mais recentemente, a incerteza política”.

O BdP diz que os principais riscos e vulnerabilidades para a estabilidade financeira são a pressão sobre as contas, a dificuldade das famílias e empresas pagarem dívidas e a baixa de preços das casas.

Inflação

Já o governador do Banco de Portugal disse no dia 21 que a luta contra a inflação ainda vai fazer mais danos nas pessoas, antes de os juros baixarem, e sobre a crise política considerou que “instabilidade não rima com crescimento”.

“Instabilidade, qualquer que seja a fonte, não rima com crescimento econômico, [não rima] com estabilidade social”, afirmou Centeno na CNN Portugal Summit, que decorreu no Porto, entrevistado por Pedro Santos Guerreiro, e recordou que na primeira década do século XXI houve três legislaturas interrompidas.

“Se alguém pensa que as dificuldades econômicas que enfrentámos ao longo desse tempo não tiveram que ver com isso, desiluda-se, porque teve”, afirmou, acrescentando que momentos de crise política são “processos institucionais normais” num país democrático.

Quanto ao aumento das taxas de juro, Centeno considerou que a taxa de juro real (a diferença entre a taxa de juro nominal e a inflação) ainda deverá continuar a subir nos próximos meses, o que agravará as dificuldades das pessoas. Deu ainda a entender que as taxas de juro nominais já deverão ter atingido o patamar máximo mas que assim irão manter-se durante algum tempo.

“A luta contra inflação fez muitos danos e ainda vai fazer alguns porque nunca antes o Banco Central Europeu aumentou tanto as taxas de juro em tão pouco tempo”, afirmou.

Segundo o governador, esta subida tão rápida das taxas de juro não permitiu aos agentes econômicos terem “tempo para se ajustarem”, o que criou dificuldades extra.

“Essa é uma preocupação que eu tenho e devemos ser comedidos na terapia”, disse.

Centeno considerou ainda que Portugal e a economia portuguesa têm feito um caminho importante, destacando a estabilidade financeira (visível em indicadores como redução do custo da dívida e melhoria do ‘rating’ de Portugal) e o aumento das qualificações da população.

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