Economia portuguesa caiu 7,6% em 2020

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Da Redação
Com Lusa

O Produto Interno Bruto (PIB) português contraiu 7,6% em 2020, após uma contração de 5,9% no quarto trimestre, de acordo com uma estimativa rápida divulgada neste dia 02 pelo Instituto Nacional de Estatística (INE).

“No conjunto do ano 2020, o PIB registou uma contração de 7,6% em volume (crescimento de 2,2% em 2019), a mais intensa da atual série de Contas Nacionais, refletindo os efeitos marcadamente adversos da pandemia covid-19 na atividade econômica”, pode ler-se na nota hoje divulgada pelo INE.

O Governo apontava para uma contração econômica de 8,5%, ao passo que a Comissão Europeia e o Conselho das Finanças Públicas esperavam uma queda de 9,3% do PIB, estando o Fundo Monetário Internacional mais pessimista (-10,0%).

Mais otimistas estavam o Banco de Portugal (BdP) e a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), que apontaram para uma queda do PIB de 8,1% e 8,4%, respetivamente.

De acordo com o INE, “a procura interna apresentou um expressivo contributo negativo para a variação anual do PIB, após ter sido positivo em 2019, devido, sobretudo, à contração do consumo privado”.

Também o contributo da procura externa líquida “foi mais negativo em 2020, verificando-se reduções intensas das exportações e importações de bens e de serviços, com destaque particular para a diminuição sem precedente das exportações de turismo”.

Relativamente ao quarto trimestre do ano passado, o PIB registou uma queda de -5,9% face ao mesmo período do ano passado, depois da quebra de 5,7% no terceiro trimestre.

“O contributo da procura interna para a variação homóloga do PIB foi menos negativo que o observado no 3.º trimestre, refletindo, em larga medida, a diminuição menos intensa do investimento, apesar da redução mais pronunciada do consumo privado”, explica o INE na estimativa rápida a 30 dias hoje conhecida.

Já “a procura externa líquida apresentou um contributo mais negativo no 4.º trimestre, verificando-se uma contração mais intensa das exportações de bens e serviços que a observada nas importações de bens e serviços”.

Na comparação direta (em cadeia) com o terceiro trimestre do ano passado, o quarto trimestre registou uma ligeira subida do PIB em volume (0,4%), “após as fortes variações de sinal oposto nos trimestres anteriores (-13,9% e +13,3% no segundo e terceiro trimestres, respectivamente)”, com contributos positivos da procura interna e externa líquida.

A estimativa hoje divulgada pelo INE “incorpora nova informação primária, nomeadamente no que se refere ao comércio internacional de bens e aos indicadores de curto prazo relativos ao 3.º trimestre de 2020”, sem que isso implique revisões nos números desse trimestre.

“Os resultados detalhados das Contas Nacionais Trimestrais do 4.º trimestre de 2020 serão divulgados no próximo dia 26 de fevereiro de 2021”, refere ainda o INE na nota desta terça-feira.

Melhor que esperado

Para o Ministério das Finanças, o desempenho da economia em 2020 foi “mais favorável” do que o que as previsões antecipavam. Mas um novo confinamento obrigará a uma revisão das estimativas para este ano, o que já era esperado, segundo o governo.

“A atividade econômica teve um comportamento melhor do que o anteriormente antecipado no segundo semestre do ano, com um crescimento de 5,1% face ao primeiro semestre”, assinalam as Finanças num comunicado hoje enviado às redações para comentar a queda do PIB de 7,6% em 2020.

No documento, o gabinete do ministro João Leão destaca também que, “apesar da queda acentuada do PIB, a evolução reflete uma melhoria face à previsão apresentada pelo Governo no Orçamento do Estado para 2021 (8,5%)”.

As Finanças assinalam igualmente que “a contração do PIB na zona euro foi igualmente muito acentuada, de 6,8%, tendo atingindo particularmente os países onde o setor do turismo tem mais peso, tais como Espanha (11%), Itália (8,8%) e França (8,3%)”, que registaram quedas acima da portuguesa.

Na segunda metade do ano “as compras e os levantamentos por Multibanco, por exemplo, aumentaram 20,3% no 2.º semestre face ao 1.º” e “também o consumo de eletricidade teve um comportamento favorável, com um aumento de 1,2% no mês de dezembro”, assinalam as Finanças.

De acordo com o gabinete de João Leão, o dinamismo da atividade econômica na segunda metade do ano “teve igualmente efeitos positivos na receita fiscal”, que deverá “ficar substancialmente acima do previsto quer no Orçamento Suplementar de junho quer no Orçamento do Estado para 2021”, com o IRS a subir apesar da pandemia.

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