E assim vamos todos nós

NÃO DEIXA DE CAUSAR ESPANTO que um país que se reivindica da democracia, da liberdade, do valor da vida humana e da justiça social, com (supostas) oportunidades iguais para todos, possa assistir a que quase metade dos seus eleitos, detentores da soberania, continuem a defender que quem tem fortunas colossais não tenha de pagar impostos proporcionais aos de mais baixos rendimentos, que são a esmagadora maioria dos seus concidadãos. Refiro-me, como se sabe, aos Estados Unidos da América.
Diga-se o que se disser, a grande verdade é que os Estados Unidos constituem hoje uma plutocracia, onde quem tem dinheiro e riqueza tem privilégios verdadeiramente únicos, deixando o resto dos cidadãos numa condição de dependência completamente desumana e anti-democrática. De resto, e em minha opinião, os Estados Unidos de há muito deixaram de ser exemplo no Mundo, independentemente do que possa surgir por via dos estudos mais que duvidosos, que por aí vão aparecendo.
A VERDADE É QUE NOS VÃO CHEGANDO NOVIDADES a cada dia que passa. Desta vez, eis que nos chegaram dados sobre um plano gizado nos Estados Unidos, ao início da década de trinta do século passado, com Roosewelt na presidência, que deveria vir a ser executado sob o comando de Douglas McCarthur, e se destinava a pôr um fim na presença naval britânica no Atlântico, reduzindo o poder global do Reino Unido.
Uma realidade a que tem de adicionar-se a tentativa de depor o próprio Roosewelt, por esta mesma altura, num movimento de milionários norte-americanos, capitaneados pelo avô de George W. Bush, de seu nome, Prescott Bush, e que só não não teve êxito porque o major-general convidado para chefiar a intentona, depois de os ter enrolado, deu conhecimento do caso às autoridades. Ainda assim, tudo terminou em bem, por via de um pacto operado entre todos: os bandidos e a vítima pré-pensada.
Pois, esta gentalha tinha um objetivo, e que era o de instaurar nos Estados Unidos um regime do tipo criado na Alemanha, por Hitler, ou por Mussolini, em Itália. Por aqui se percebe o modo fácil como, no Tribunal de Nuremberga, a acusação pediu a pena de morte para Dönitz, por via de crimes que este, em sua defesa, mostrou terem por igual sido praticados por Chester Nimitz… Foi a sorte daquele.
EM PORTUGAL, PROSSEGUE O CASO MADEIRA, entremeado por declarações as mais diversas, desdizendo agora o que sempre foram dizendo, por exemplo, de José Sócrates e do seu Governo. Desde logo, o fantástico silêncio do Presidente Cavaco Silva, que pouco ou nada disse de concreto sobre o tema. E isto depois de quanto se lhe ouviu, sobre temas diversos, ao tempo do Primeiro-Ministro, José Sócrates.
Depois, as paupérrimas palavras de Mário Soares em Coimbra, limitando-se a dizer que vê com preocupação o défice das contas públicas na Madeira. E agora pergunto eu: como será que vêem o seu futuro os portugueses? E tem Mário Soares alguma resposta estruturada sobre o tema?
Pela mesma altura, Alexandre Soares dos Santos explicou-nos esta realidade: o País está falido! E então deu-nos esta receita simples, mas que poderá vir a ter êxito, embora não consiga dizer-nos quando: a única coisa que temos de fazer todos em conjunto é não assistir a este espetáculo triste de nos estarmos sempre a queixar na televisão, mas darmos as mãos, e, em conjunto, recuperarmos o País e trabalhar!
Garanto que consigo imaginar o estertor de lágrimas com que José Sócrates terá recebido este conselho, porque ele precisou disto mesmo no seu tempo de governação, sendo que Alexandre Soares dos Santos era um dos elementos do vastíssimo conjunto de (ditos) especialistas políticos e de governação que, a um ritmo diário, nos surgiam nas televisões no seu, e muito nosso, movimento de criticar sem parar. Qual unidade, qual dar as mãos, qual quê? Atirar ao solo, era o que então nos pediam! E diariamente!!
No meio de todo este mar encapelado, duas verdadeiras singularidades: Pedro Passos Coelho e o Procurador-Geral da República, Fernando Pinto Monteiro. O primeiro, para claramente se demarcar do caso Madeira, condenando-o com veemência. O segundo, por ter seguido as regras legais em vigor, depois de abordar o tema com entidades competentes, determinando-se a instaurar um inquérito-crime, através do DCIAP, que permita apurar responsabilidades, se for o caso e sobre quem se vier a mostrar adequado.
Por fim, o lamentável cagaço do PSD e do CDS/PP, ao inviabilizarem a constituição de uma comissão parlamentar eventual para averiguar, no plano político, o caso Madeira. É pena que, pela ação dois grupos parlamentares, a Assembleia da República não consiga cumprir o seu papel. Mais uma vez.
CUSTA POR IGUAL ACREDITAR que o PS venha a apoiar a criminalização do enriquecimento ilícito, com que já todos os restantes partidos concordam, e que o Bloco de Esquerda voltou a trazer à Assembleia da República. E custa acreditar que o PS venha a apoiar esta ideia, porque chegou a ter uma maioria absoluta e nunca fez nada de realmente capaz neste domínio.
Mas já é muito fácil acreditar na cedência do PS face à atual maioria, em torno da recente ideia do PSD sobre modificações na legislação eleitoral autárquica. A história do PS nesta III República está repleta de tiros nos pés e na própria Constituição da República, numa atitude que de há muito caraterizo por esta máxima: a direita grita, o PS obedece. Modificações que vêm extremamente a jeito para a atual maioria de Governo…
TAMBÉM NÃO DEIXA DE SER ESTRANHO o modo português de fazer televisão, e de nesta discutir os problemas do País, porque são sempre os mesmos os convidados, sendo até muitíssimo simples descortinar o que cada um vai dizer em cada programa, tudo se tornando pior com o crescimento do número de presenças.
O caso mais exemplar das recentes mudanças operadas nos nossos canais televisivos, foi o programa da RTP Informação, moderado por Alberta Marques Fernandes, e em que parece que irão ter assento permanente, António Marinho e Pinto, Rui Rangel e Francisco Moita Flores.
O inutilidade deste programa, como de muitos outros, está nos convidados, quer neste primeiro programa, em concreto, quer na sua globalidade, porque todos teríamos a ganhar se fossem variando as personalidades convidadas.
Se olharmos, por exemplo, o caso do programa sobre Ciência que surge num dos nossos canais, facilmente se percebe como existem no nosso País mil e um capazes de mostrar aspetos os mais diversos da nossa vida científica, onde só são permanentes a moderadora e o cientista emérito. Neste caso, Alexandre Quintanilha. Mas o programa, há um bom tempo atrás, chegou até a ter quatro cientistas eméritos, de acordo com os temas tratados, mas onde sempre surgia gente diferente, que era escutada e questionada naquilo em que trabalhava, mas sem que o cientista emérito se ponha para ali a gritar e a tentar dar o norte ao problema. Só no Direito e na Política surgem uns quantos que parecem saber tudo de tudo, razão que levou Portugal ao estado que se vê. E ainda não vimos tudo…
POR FIM, O LAMENTÁVEL CASO DA TSU, sobre que (quase) ninguém duvida de que só virá a trazer ainda mais complicações aos portugueses e ao nosso País. Neste caso, a situação foi a inversa do caso Madeira, estando bem o Presidente Cavaco Silva, tal como Luís Campos e Cunha, e mal o Primeiro-Ministro.
O antigo ministro de José Sócrates foi o mais claro: é um erro técnico e político. E isto porque o principal fator que limita a ação das empresas é hoje a limitação ao financiamento das mesmas e não o trabalho. Até eu, que pouco ou nada sei de Economia ou de Finanças, facilmente depreendi, por intuição, que toda esta iniciativa virá a saldar-se em mais um desastre para todos nós.
E se o Presidente Cavaco Silva não foi tão claro como o seu antigo aluno, traduziu bem o que lhe vai no pensamento através da forte ênfase que colocou na palavra “inequivocamente”. Como tal não é nunca possível, o que quereria dizer seria que o melhor não era seguir por tal vereda. Tenho ou não razão? Claro que tenho!
Infelizmente, o Primeiro-Ministro, Pedro Passos Coelho, na sua entrevista recente, se alguma coisa mostrou neste domínio foi uma aparente dúvida interior, porque ele já deverá ter percebido que o antídoto que irá usar é cauterizante, e porque custa acreditar que não consiga deduzir o que se contém a explicação, clara e simples, de Luís Campos e Cunha. E assim vamos todos nós.

Por Hélio Bernardo Lopes
De Portugal

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