Durão Barroso: Portugal “pode, deve e já fez” melhor

O antigo presidente da União Europeia, Durão Barroso, com o Presidente Marcelo Rebelo de Sousa (C), acompanhado pelo presidente do Conselho da Diáspora Portuguesa, Filipe de Botton (D) à chegada para o EurAfrican Forum no Estoril, 2018. ANTÓNIO COTRIM/Lusa
Arquivo: Durão Barroso com o presidente português.

Da Redação
Com Lusa

O antigo primeiro-ministro Durão Barroso avisou que com os atuais níveis de crescimento econômico, em divergência com a União Europeia, Portugal não vai conseguir realizar os objetivos necessários, criticando a “indiferença e resignação” perante esta questão.

Num vídeo divulgado durante a primeira Convenção Nacional do Conselho Estratégico Nacional do PSD, em Santa Maria da Feira, o ex-presidente da Comissão Europeia mostrou-se preocupado com “o fato de Portugal não estar a convergir com a União Europeia, na realidade estar a divergir”.

“É verdade que estamos a crescer, mas estamos a crescer menos do que países que passaram por dificuldades muito semelhantes às nossas. Estamos a crescer menos que a nossa vizinha Espanha, estamos a crescer muito menos do que a Irlanda e países da Europa Central e de Leste que entraram na União Europeia depois de nós e na altura com uma riqueza per capita abaixo de Portugal, já nos ultrapassaram”, elencou.

O que também mereceu um sinal de preocupação do antigo presidente da Comissão Europeia foi “o fato de isto ter vindo a ser encarado com alguma bonomia ou com alguma indiferença ou alguma resignação”.

“Talvez seja porque houve dificuldades, há um relaxamento e as pessoas acham que as coisas até podem ir relativamente bem, mas não vão. Com este crescimento Portugal não pode realizar os objetivos do ponto de vista social e cultural de que Portugal precisa”, advertiu o atual presidente do banco norte-americano Goldman Sachs.

Para Durão Barroso, Portugal “pode, deve e já fez” melhor, dando o exemplo da adesão à União Europeia, com um crescimento acima da média, período durante o qual Portugal se modernizou “não apenas em infraestruturas”.

No programa de ajustamento, durante o período da ‘troika’, o antigo líder social-democrata considerou que “Portugal surpreendeu os observadores”.

“Portugal pode fazer mais e melhor”, insistiu o antecessor do luxemburguês Jean Claude Juncker, atual presidente da Comissão Europeia.

Menos partidos

Também o comissário europeu Carlos Moedas afirmou que Portugal “não precisa de novos partidos”, defendendo que, no futuro, os partidos vão transformar-se em plataformas de ideias.

“Não precisamos de novos partidos. Precisamos de ligar as pessoas aos partidos através do conhecimento”, sublinhou na Convenção do PSD.

No encerramento da 1ª Convenção Nacional do Conselho Estratégico Nacional, o responsável defendeu que “o conhecimento e a tecnologia globalizaram a nossa economia, mas de certa forma tribalizaram a política”.

Para o comissário europeu para a Investigação, Ciência e Inovação, a grande questão é como é que os partidos vão envolver as pessoas, para que elas tragam esse conhecimento, tarefa que no seu entender “pressupõe uma mudança no papel desempenhado pelos partidos”.

“O papel dos partidos é hoje ajudar a gerir essa informação, muitas vezes contraditória. Não com a atitude de quem procura ensinar a sociedade, mas de quem quer aprender com ela”, sustentou, sublinhando que “os partidos têm de ser permeáveis a estes contributos”.

Para Carlos Moedas, aquilo que hoje falta é esta ligação entre pessoas, o conhecimento e a política, que o PSD pode restabelecer de três maneiras.

Em primeiro lugar, assumindo-se como uma plataforma de troca de ideias, em segundo lugar apresentando propostas de políticas públicas fundadas em evidência científica e por último oferecendo uma matriz de leitura para multiplicidade de informação disponível, compatível com os valores de uma social democracia do século XXI.

“É isso que hoje aqui demonstramos”, afirmou.

Carlos Moedas foi hoje anunciado como mandatário nacional do partido às eleições europeias de maio.

O anúncio foi feito pelo o cabeça de lista do PSD ao Parlamento Europeu, Paulo Rangel, que disse que o comissário europeu como “uma prenda, um mimo europeu” a esta iniciativa.

Já Carlos Moedas confessou que quando na sexta-feira viajava de Bruxelas para Portugal, “não vinha para isto”, mas assumiu que ficou muito “contente”.

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