Durão Barroso defende continuidade de “política responsável” em Portugal

Mundo Lusíada
Com Lusa

durao-barrosoO ex-presidente da Comissão Europeia José Manuel Durão Barroso alertou para a necessidade do vencedor das eleições legislativas levar a cabo “uma política responsável”, para não colocar em causa os “ganhos de credibilidade” acumulados nos últimos anos.

“Espero que seja quem for que ganhe as eleições que leve a cabo uma política responsável, que não meta em causa os ganhos de credibilidade que foram acumulados nos últimos anos”, afirmou Durão Barroso, durante uma ‘aula’ na Universidade de Verão do PSD, que decorre até domingo em Castelo de Vide.

Pois, acrescentou, apesar do país estar neste momento num “caminho ascendente”, não está ainda “imune a uma alteração das circunstâncias”, até porque sempre que há “alguma turbulência” na Grécia, Portugal, Itália e Espanha “têm mais problemas”.

“Independentemente de quem ganhe as eleições, Portugal merece muito respeito pelo que fez estes anos”, frisou.

Pois isso, continuou, seja quem for que ganhe as eleições de 04 de outubro, é importante que mantenha uma política de responsabilidade orçamental e de reformas que permitam aumentar a produtividade e competitividade.

Durão Barroso deixou ainda elogios à forma como, “batendo todos os pessimismos”, Portugal conseguiu executar o programa de ajustamento estabelecido, tendo regressado aos mercados.

“O objetivo não era de um dia para o outro Portugal voltar a crescer extraordinariamente, porque isso infelizmente foi posto em causa por políticas anteriores acumuladas, que levaram a uma dívida muito elevada”, referiu, insistindo que “Portugal no seu conjunto tem todas as razões para se sentir orgulhoso pelo esforço feito”.

Migrações
O antigo presidente da Comissão Europeia considerou ainda que os Governos europeus estão a ser incapazes de responder ao problema das migrações, recusando que as culpas recaiam sobre a Europa em geral.

“Os Governos europeus são incapazes, os Governos europeus não estão a ser capazes de dar uma resposta à imigração, não ponham a culpa na Europa em geral”, afirmou Durão Barroso, dizendo ser muito fácil colocar as culpas na Europa.

Contudo, defendeu, “são os Governos europeus que não estão a ser capazes de se entender relativamente às propostas que a Comissão Europeia pôs para solidariedade e responsabilidade na resposta a essa crise, essa emergência”.

“É fácil para os políticos nacionais quando algo corre mal dizerem “é a Europa”, vincou, gracejando que parece existir a “europeização do fracasso e a nacionalização do sucesso”, pois quando as coisas correm bem o mérito é de cada país, quando correm mal a culpa é apenas da Europa.

Abordando diversas vezes o assunto da imigração ao longo das mais de duas horas de ‘aula’, Durão Barroso defendeu uma Europa de “portas abertas, mas não escancaradas”, recusando a xenofobia e o nacionalismo, mas deixou o alerta para o “esforço enorme” que é necessário implementar para a integração dos imigrantes.

Como exemplo, Durão Barroso avançou com a ideia da obrigatoriedade dos imigrantes aprenderem a língua do país de acolhimento para facilitar a sua futura integração.

“Precisamos de integrar as pessoas, não podemos criar novo guetos na Europa, temos de fazer um trabalho de formação dessas pessoas”, disse, insistindo que as migrações são um problema estrutural que não pode ser resolvido só com “medidas de polícia”.

A situação na Grécia e a crise europeia foram outros dos assuntos abordados por Durão Barroso, que questionou todo o pessimismo que existe à volta da Europa. “A notícia da morte da Europa é no mínimo exagerado”, sublinhou.

Insistindo na ideia que “não foi a ‘troika’ que criou a crise, foi a crise que criou a troika”, o antigo presidente da Comissão Europeia advogou que a crise demonstrou “a extraordinária resiliência da União Europeia”.

Sobre a Grécia, Durão Barroso assegurou que tudo foi feito para evitar o ‘Grexit’, de forma a evitar “os possíveis efeitos de contágio de contaminação”.

O antigo presidente da Comissão Europeia responsabilizou ainda o Governo grego pela atual situação do país, considerando que por causa dos erros políticos cometidos e de toda a “confusão” política criada, a Grécia está a aplicar um programa mais difícil.

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