Durante visita, Angola tenta financiamento do Brasil para agropecuária

Da Redação
Com Lusa

O ministro da Agricultura e Florestas de Angola iniciou uma visita de trabalho de cinco dias a Brasília, durante a qual pretende analisar a possibilidade de negociação de linhas de financiamento do Brasil para investimentos na área agropecuária angolana.

De acordo com informação disponibilizada à Lusa pelo gabinete do ministro Marcos Alexandre Nhunga, a visita de trabalho que realiza ao Brasil, no quadro do “reforço da cooperação bilateral” no domínio da Agricultura e da Pecuária entre os dois países, iniciou-se terça-feira, em São Paulo.

“Com o objetivo de analisar e discutir com as autoridades brasileiras a cooperação bilateral nas áreas de agricultura e pecuária empresarial e possíveis linhas de financiamento para o setor”, explica aquele ministério.

Além do ministro, de acordo com informação do gabinete de Marcos Alexandre Nhunga, a comitiva angolana integra ainda os governadores das províncias da Lunda Norte, Ernesto Muangala, da Lunda Sul, Fernando Kiteculo, e do Moxico, Manuel Gonçalves Muandumba.

No distrito federal de Brasília está prevista uma reunião entre o governante e o presidente da Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional do Senado Federal, Fernando Collor de Melo, e reuniões com representantes de empresários brasileiros do setor.

A passagem por São Paulo envolveu visitas a várias empresas brasileiras produtoras de alimentos, além de uma reunião com representantes do Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul, que financia a aquisição de máquinas e equipamentos de produção brasileiros para o exterior, bem como com o homólogo brasileiro Blairo Maggi, ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento.

A Lusa noticiou em novembro que o Governo angolano está a estudar a possibilidade de introduzir a obrigatoriedade de as companhias seguradoras alocarem às respetivas carteiras uma percentagem mínima para o seguro agrícola, como forma de promover o desenvolvimento do setor.

Trata-se de uma das medidas que visam o aumento da produção não petrolífera constantes do plano intercalar do Governo a seis meses, para melhorar a economia nacional, e cuja concretização deverá acontecer até ao primeiro trimestre de 2018.

No documento, o Governo estima um crescimento da Agricultura numa taxa de 5,9% durante o ano de 2018, prevendo “uma aposta forte nas principais fileiras”, como cereais, leguminosas e oleaginosas, raízes e tubérculos, carne, café, palmar e mel.

“Que, em grande parte, estão diretamente ligadas à dieta alimentar das populações do nosso país”, lê-se, no plano do Governo a implementar até março.

O objetivo é potenciar os setores não petrolíferos, para aumentar a receita fiscal e o rendimento angolano, tendo a Agricultura como um dos pilares.

Para o efeito, além das medidas para massificar o acesso ao seguro agrícola, o Governo angolano assume o objetivo de “acelerar a implementação do Programa de Produção de Sementes”, visando a utilização de sementes de “elevada qualidade”, como forma de “melhorar a produtividade agrícola das culturas”, mas também “rever todo o sistema de gestão e infraestrutura de irrigação”, para “otimizar o seu rendimento”.

Em 2018, o Governo quer dinamizar as culturas privadas do algodão, cana-de-açúcar, girassol, café, palma e cacau, “promovendo a sua articulação com o setor industrial”, bem como “rever o sistema de gestão e redimensionar as atividades produtivas das fazendas de média e grande escala”.

“O setor prevê também um maior dinamismo no ramo da agricultura empresarial, com o surgimento de novas explorações e fazendas de média e larga escala”, aponta ainda o plano intercalar do Governo a seis meses.

Angola enfrente uma profunda crise financeira, econômica e cambial desde finais de 2014, decorrente da quebra na cotação internacional do barril de crude.

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