Da Redação com Lusa
Os vinhos do Douro venceram a maioria dos prêmios do Top 10 Vinhos Portugueses no dia 23 em avaliação por um júri internacional na 18.ª edição do concurso e 20.ª da Essência do Vinho, no Porto.
“Os vinhos mais bem classificados pelo júri internacional que participou na 18.ª edição do ‘Top 10 Vinhos Portugueses’ são maioritariamente da Região Demarcado do Douro”, revelou a organização sobre os prêmios, que foram entregues na Feitoria Inglesa, no Porto.
De acordo com a Essência do Vinho, o tinto que obteve a pontuação mais elevada foi o Memórias Alves de Sousa, “um lote de diferentes colheitas da década de 2010 (2011, 2012, 2013, 2015, 2016, 2017, 2018 e 2019), que tem por base as vinhas da Gaivosa, Abandonado, Lordelo, Vale da Raposa, Caldas e Oliveirinha, encepamento antigo com médias de idades que, nalguns casos, ultrapassam os cem anos”.
Quanto ao branco com as melhores pontuações, a distinção foi para o Coche 2021, da Niepoort, que “alia maioritariamente as castas Rabigato, Códega do Larinho e Arinto, por entre outras variedades plantadas em vinhas com mais de 80 anos, em altitudes que oscilam entre os 600 e os 750 metros”.
Já o rosé melhor pontuado foi o H.O. Matrona 2022, da Menin Wine Company, também do Douro, com “um lote de castas como Malvasia Preta, Baga, Touriga Franca, Tinta Amarela, Mourisco e ainda 5% de castas brancas antigas da região (Malvasia Rei, Tamarez, entre outras)”.
Por fim, o vinho fortificado melhor classificado foi o Henriques & Henriques Tinta Negra 50 Anos, da Madeira, no “segundo e novo lote trabalhado por Humberto Jardim”, referindo a organização que “a cumplicidade dos Henriques com a casta mais plantada na Madeira é grande, sendo de recordar que, após os ataques de oídio e da praga da filoxera, na segunda metade do séc. XIX, replantaram com aquela variedade a maioria da área de vinha que detinham”.
“A Tinta Negra salvou, aliás, os viticultores madeirenses pelo elevado rendimento que consegue apresentar (podendo atingir 15 toneladas/hectare)”, é ainda assinalado.
Nas restantes classificações, o segundo vinho fortificado melhor classificado foi o vinho do Porto Verídico Very Very Old Tawny 1900, Mily Heritage Wine Million & Dirk Niepoort, o segundo tinto o D. Áurea 2021, Textura Wines, do Dão, e o segundo branco o Vinha dos Aards Criação Velha 1ºs Jeirões 2020, Azores Wine Company, da ilha do Pico, nos Açores.
Quanto aos vinhos tintos, o terceiro foi o Segredo 6 Cuvée Vinhas Velhas 2020, 2CC, de Trás-os-Montes, o quarto o Pintas 2021, Wine & Soul, do Douro, e o quinto o Quinta da Perdonda 1º Talhão (1948) 2018, Quinta da Perdonda – Wine Tradition, do Dão.
As provas cegas foram realizadas na manhã de quinta-feira no Salão Árabe do Palácio da Bolsa e contaram com 46 jurados de países como Portugal, Brasil, Espanha, Itália, Reino Unido, Suíça, Dinamarca, Suécia, Bélgica, México e África do Sul.
Os jurados avaliaram um total de 50 amostras que resultaram de uma pré-seleção da Revista de Vinhos, tendo por base as pontuações mais altas e os exemplares mais entusiasmantes avaliados em 2023 pelo painel de provadores daquela publicação especializada, explica a organização.
O evento
O sócio fundador da Essência do Vinho Nuno Pires fez à Lusa um balanço “muito positivo” de 20 anos do evento no Porto, assinalando que a marca se consolidou “como a principal experiência de vinho em Portugal”.
“O balanço felizmente é muito positivo. Hoje em dia conseguimos consolidar o Essência do Vinho como a principal experiência de vinho em Portugal”, disse à Lusa Nuno Pires, sócio fundador da Essência do Vinho, evento anual que decorre há 20 anos no Porto, mas que já se expandiu a Lisboa e ao Funchal.
Observando as evoluções que a cidade teve ao longo do tempo, Nuno Pires considera que “o ‘boom’ do turismo na cidade foi importante”, porque ajudou a ter “mais visitantes internacionais para além dos nacionais”, não deixando de salientar que “o evento desde muito cedo atraiu visitantes de todo o país”, não sendo “só da cidade ou só para os portuenses”.
“Hoje em dia, além de se ter tornado o principal evento em Portugal ligado ao vinho, não deixa de ser, provavelmente é um dos principais eventos da cidade, como marca e como referência”, considerou também.
O evento pretende também “deixar marca e levar a imagem dos vinhos portugueses e da gastronomia” para o estrangeiro, para tal contribuindo a chamada de produtores, ‘sommeliers’, jornalistas e outros especialistas do setor ao Porto e ao país.
Os produtores aproveitam também o evento para fazer negócio, salientando Nuno Pires que previamente à Essência do Vinho é sempre organizada uma semana de viagens dedicadas ao vinho e à gastronomia.
“Temos empresas e produtores e casas que vêm vender os seus destinos, os seus espaços, as suas ofertas de enoturismo, e trazemos uma comitiva de ‘buyers’ [compradores] de várias partes do mundo para fazerem negócios com os produtores”, disse à Lusa.
Na edição deste ano já se contabilizam “três mil reuniões durante dois dias”, e toda a interação entre agentes do setor, com caráter internacional, “traduz-se, obviamente, em milhões de euros em negócios”.