Coleção de milhares de documentos do imperador e do arquiteto são agora Patrimônio. Portugal indicou para a lista o diário da primeira viagem de Vasco da Gama para a Índia, escrito entre 1947 e 1499.
Da Redação
Com Rádio ONU
Uma coleção de mais de 2 mil documentos do imperador D. Pedro II e outra com quase 9 mil arquivos do arquiteto brasileiro Oscar Niemeyer acabam de entrar para a lista Registro da Memória do Mundo da Unesco.
Os arquivos são agora Patrimônio Mundial e foram eleitos pelo comitê que esteve reunido na Coreia do Sul. Além das duas nomeações do Brasil, a diretora-geral da agência da ONU, Irina Bokova, aprovou mais 52 inscrições para a lista.
Em entrevista à Rádio ONU, de Petrópolis, o diretor do Museu Imperial, Maurício Ferreira Jr., comemorou a decisão.
“Eu diria que é o reconhecimento de dois grandes expoentes do Brasil, cada um no seu período. Ou seja, D. Pedro II para o século 19 e Oscar Niemeyer para os séculos 20 e 21. Nós temos o Brasil e os dois séculos iniciais do Estado Nacional Brasileiro vistos a partir da produção, a partir da reflexão dos dois brasileiros mais representativos desses dois períodos.”
Maurício Ferreira Jr. explica que o acervo de D. Pedro II está no Museu Imperial e com a nomeação da Unesco, os documentos terão agora acesso universal.
Desenhos
Segundo o diretor do museu, os diários de bordo do imperador poderão ser exibidos também em mostras itinerárias em vários países.
“O Museu Imperial preserva 44 cadernetas de viagem, onde ele desenhou referências ao Egito, passando pelas cachoeiras de Paulo Afonso aqui no Brasil, marinheiros do navio que o levou para atravessar o Atlântico, enfim, são referências deste olhar de alguém que registra visualmente e por escrito um mundo que nós estudamos, um mundo que nós procuramos conhecer.”
Segundo a Unesco, o Registro da Memória do Mundo inclui agora 299 documentos e coleções dos cinco continentes.
Além das inscrições brasileiras, foram aprovadas para a lista em 11 de junho manuscritos de Ernesto “Che” Guevara e diários da primeira viagem de Vasco da Gama à Índia, em 1497.
Raridade
A Unesco diz que o material forma “um valioso registro do trabalho de um artista que marcou a arquitetura internacional do século 20”. Segundo a agência, os esboços e álbuns são “raros e únicos”, revelando as curvas e a poesia que foram a marca de Niemeyer.
Já Portugal indicou para a lista o diário da primeira viagem de Vasco da Gama para a Índia, escrito entre 1947 e 1499. O manuscrito é a única cópia conhecida dos relatos do explorador.
Bolívia e Cuba fizeram uma nomeação juntas para a lista que é a coleção de manuscritos sobre a vida e o trabalho de Ernesto “Che” Guevara.
No total, o comitê da Unesco vai avaliar 84 nomeações, de 54 países. A eleição é realizada na Coreia do Sul, entre os dias 18 e 21 de junho. O objetivo do programa Memória do Mundo é preservar e proteger os documentos considerados patrimônios da humanidade.
