Docente brasileira lança livro sobre nova visão da colonização portuguesa na África

O encontro dos portugueses com os africanos é um tema central do livro. Foto: Edusp

Da Redação

A professora da USP – Universidade de São Paulo, Marina de Mello e Souza, lança a obra ‘Além do Visível – Poder, Catolicismo e Comércio (Séculos XVI e XVII)’, que mostra como Portugal dominou poucas áreas da região então chamada pelos portugueses de Angola.

A obra estuda ainda como o catolicismo foi integrado às estruturas de poder do Congo, fortalecendo o poder central e aumentando a possibilidade de resistência à dominação lusa.

O livro é baseado na tese de livre-docência da professora Marina, que é do Departamento de História da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da USP, e filha do crítico literário Antonio Candido, morto no ano passado.

Resultado de cerca de dez anos de pesquisas e reflexão, a obra, segundo ela, narra “como as sociedades centro-africanas se relacionaram com a presença dos portugueses sem a eles de subordinarem e tirando proveito deles em benefício próprio.”

De acordo com o livro, os interesses que abarcavam tanto portugueses quanto africanos em suas relações eram, a princípio, comerciais. No entanto, os europeus queriam expandir sua cultura, enquanto chefes africanos desejavam fortalecer seu poder local, o que pode ser visto como positivo para ambos. No contexto estudado, as regiões africanas foram chamadas pelos portugueses de Congo e Angola, mas elas não coincidem com as áreas onde hoje ficam localizados esses países.

No capítulo introdutório, a professora Marina apresenta o contexto da época, quando Portugal se consolida como potência marítima – a mesma razão que fez com que “descobrisse” o Brasil.

“Logo nos primeiros contatos dos portugueses com os povos habitantes ao sul do baixo rio Congo, que se articulavam por relações diversas sob uma chefia central e se localizavam numa área que os portugueses passaram a chamar de reino do Congo, o catolicismo foi um ponto de contato e de comunicação, um instrumento que serviu para portugueses e congueses se aproximarem”, escreve a professora.

O segundo capítulo, “Angola: uma conquista dos portugueses”, aborda a conquista da região de Dongo pelos europeus. Já no terceiro e no quarto capítulos, denominados “Paz e catolicismo em Matamba” e “Combate de religiões”, respectivamente, há um tema em comum: Njinga, rainha dos reinos do Ndongo e de Matamba, que teve lugar de destaque na história de Angola.

A obra ainda abordada a catequização da região chamada de Angola, mostrando como os povos nativos a receberam. Nas conclusões, a autora explicita as diferentes maneiras como cada região se aproximou do catolicismo, que de certa forma foi consequência de como os africanos se relacionaram em relação a seus colonizadores.

“Além do Visível – Poder, Catolicismo e Comércio no Congo e em Angola (Séculos XVI e XVII)”, de Marina de Mello e Souza, foi lançado pela Editora da USP (Edusp), e tem o custo de R$ 48,00.

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