Diretor do Palácio da Ajuda lamenta incapacidade financeira no leilão pela coroa da rainha Maria II

Família que detinha a peça que pertenceu à monarquia portuguesa queria levar a peça a leilão, pois os valores poderiam ser bastante superiores.

 

Da redação com Lusa

O diretor do Palácio Nacional da Ajuda lamentou nesta quinta-feira que a coroa que pertenceu à rainha Maria II não tenha sido adquirida para o Museu do Tesouro Real por falta de capacidade para fazer maiores licitações.

Contactado pela agência Lusa e questionado sobre a razão pela qual não foi possível adquirir a coroa de diamantes e safiras, leiloada pelas Christie’s, José Alberto Ribeiro justificou com a incapacidade de acompanhar o leilão que acabou em 1,3 milhões de euros.

“Essa pergunta vai ter de fazer à ministra [da Cultura, Graça Fonseca], porque a Direção-Geral do Patrimônio Cultural e o Palácio Nacional da Ajuda, dentro daquilo que nos era possível… Estive a licitar, até ao montante que tinha”, explicou.

O responsável esclareceu que assim que se soube que a coroa iria ser leiloada pela Christie’s foram encetados diálogos “com a família que era proprietária da peça”, no sentido de “chegar a um entendimento” e comprá-la.

Contudo, a família que detinha a peça que pertenceu à monarquia portuguesa queria “mesmo levar a peça a leilão”, já que deste modo os valores poderiam ser bastante superiores.

“Depois tentamos, neste curto espaço de tempo, através de empresas, através de mecenato, pedir dinheiro. Conseguimos algum e dentro dos valores que a Direção-Geral do Patrimônio Cultural também conseguiu dispor, os orçamentos não são muito largos… Fomos a leilão e não conseguimos”, lamentou José Alberto Ribeiro.

Os “quase 400.000 euros” angariados e “outros quase tanto” disponibilizados pela Direção-Geral do Patrimônio Cultural não foram suficientes: “Se tivéssemos tido mais dinheiro, obviamente tínhamos conseguido chegar ao valor que não chegamos. Não conseguimos, é um valor muito alto, quase 1,5 milhões de francos suíços.”

Contudo, a peça ainda poderá vir a ser exibida no Museu do Tesouro Real, cuja inauguração está agendada para junho, uma vez que o diretor do Palácio Nacional da Ajuda vai contactar o novo proprietário da coroa sobre a possibilidade de a peça fazer parte do espólio.

“Já estou a realizar esforços, precisamente, nesse sentido. Agora tudo depende da sensibilidade do comprador, que, neste momento, ainda não sei quem é”, frisou José Alberto Ribeiro, que já sabe, no entanto, que “era alguém de Londres” e espera ter acesso ao resto da informação “muito rapidamente”.

O responsável lembrou que “não há muitas peças com esta raridade e com esta simbologia” e esta em particular tem o “valor simbólico de ser a tiara mais antiga ligada à Casa Real portuguesa”.

A coroa de diamantes e safiras que pertenceu à rainha Maria II foi hoje vendida por 1,3 milhões de euros, num leilão da Christie’s, em Genebra, na Suíça.

A licitação abriu nos 200 mil francos suíços (182 mil euros), mas a “excecional coroa de Bragança”, de acordo com o leiloeiro, acabou por ser arrematada por 1,45 milhões de francos suíços (1,321 milhões de euros), a que acrescem as comissões da leiloeira e impostos, totalizando 1,77 milhões de francos suíços (1,613 milhões de euros), depois de uma intensa disputa entre licitadores a partir de Londres.

Segundo a descrição da leiloeira, trata-se de uma coroa, datada da década de 1840, cravejada de diamantes e safiras, com “uma notável safira birmanesa no centro”.

O Estado tem previsto a efetivação do Museu do Tesouro Real, no Palácio da Ajuda, em Lisboa, com abertura prevista para junho.

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