Mundo Lusíada
Com agencias
A Presidente do Brasil, Dilma Rousseff, anunciou em 24 de junho a intenção de realizar um referendo popular para discutir uma “ampla reforma política” no país. “Quero propor o debate sobre a convocação de um plebiscito popular que autorize o funcionamento de um processo específico para fazer a reforma política que o país tanto necessita”, afirmou Dilma Rousseff.
A declaração da Presidente foi feita na abertura da reunião com governadores e prefeitos (presidentes de câmara), iniciada em Brasília, na qual Dilma avançou a intenção de fechar pelo menos “cinco pactos” com vista a melhorias nas áreas de transporte, saúde, educação e política fiscal. A reunião é uma das primeiras medidas concretas realizadas por Dilma Rousseff em resposta à série de manifestações que têm ocorrido em todo o país nas últimas semanas. E jornais de todo o mundo tem acompanhado os acontecimentos no Brasil.
Em Portugal, o Público destacou que o referendo deve ampliar “a participação popular e os horizontes da cidadania”. Mas destacou que os partidos da oposição reagiram à ideia, acusando o Governo de não se ter empenhado nos últimos dez anos na reforma política, apesar de ter maioria absoluta no Congresso e de estar agora a “atropelar” o poder legislativo.
O título do Expresso trazia “referendo anunciado por Dilma mal recebido pelos políticos”. Segundo o jornal, a presidente vai apostar mais no combate à corrupção, “um dos principais problemas no país”.
Para a BBC, ainda é cedo para avaliar os impactos dos protestos na economia brasileira. O Guardian diz que a presidente ouviu os pedidos dos brasileiros que foram às ruas e anunciou mudanças.
O The New York Times ressaltou a descrença dos brasileiros nos partidos e disse que Dilma apresentou medidas que respondem a algumas das demandas. O Washington Post disse que Dilma rompeu o silêncio após mais de uma semana de protestos.
Já o jornal espanhol El País disse que Dilma convocou cadeia nacional para prometer “uma grande quantidade de serviços públicos”.
5 Pactos
Segundo a Presidente brasileira, as manifestações das últimas semanas mostraram que “o Brasil está maduro e não quer mais ficar parado no mesmo lugar”.
Diante de uma mesa composta por 54 autoridades, entre ministros, governadores e prefeitos (presidentes de câmara) das principais cidades brasileiras, Dilma Rousseff pediu “união política”, apelando a todos para usarem a “energia das ruas” para vencer os obstáculos.
Dilma Rousseff propôs ainda uma mudança na legislação interna para punir a corrupção “de forma mais contundente”. A intenção seria classificar a corrupção dolosa como crime hediondo, com a aplicação de “penas mais severas”.
Para o quarto pacto, relacionado com a saúde, a líder brasileira exortou governadores e prefeitos a “criarem incentivos” para os médicos irem trabalhar nas cidades do interior que mais precisam, além de ter reafirmado a intenção de contratar médicos estrangeiros para trabalharem no atendimento de hospitais públicos.
Rousseff voltou a defender o uso de 100% dos ‘royalties’ do petróleo para investimentos na educação e pediu abertamente a compreensão e apoio dos congressistas brasileiros, para que avaliem a proposta em breve.
LEIA MAIS >> Protestos ecoam nas comunidades brasileiras no exterior, Lisboa reúne 300
LEIA MAIS >> Desigualdade mobiliza protestos em Portugal e no Brasil, diz dirigente sindical