Diante de greve marcada, TAP diz que continuará trabalho com tripulantes para solução

A presidente executiva da TAP, Christine Ourmières-Widener (E), tendo a seu lado o responsável financeiro da TAP Gonçalo Pires (D), na sede da TAP em Lisboa, 2 de novembro de 2022. JOÃO RELVAS/LUSA

Mundo Lusíada com Lusa

Na quinta-feira, a TAP lamentou a greve marcada pelos tripulantes e garantiu que continuará a trabalhar para um novo Acordo de Empresa digno “para ambas as partes” e que respeite esforço investido pelos portugueses na companhia.

“A TAP lamenta a decisão e continuará a trabalhar com os tripulantes de cabina numa solução de novo Acordo de Empresa para a classe que seja digna para ambas as partes e respeite também o esforço que todos os Portugueses investiram na Companhia”, disse fonte oficial da transportadora aérea, em resposta escrita à Lusa.

Os tripulantes da TAP vão avançar com uma greve nos dias 08 e 09 de dezembro, decidiram em assembleia geral do Sindicato Nacional Pessoal de Voo da Aviação Civil (SNPVAC), disseram fontes sindicais à Lusa.

Num comunicado aos associados, a que a Lusa teve acesso no dia 23 de outubro, a direção do SNPVAC informou que pediu uma assembleia geral para “debater o atual momento da empresa e apresentar as conclusões retiradas pela direção sobre a proposta de AE [Acordo de Empresa] enviada pela TAP, além de deliberar eventuais medidas a tomar – não descartando o recurso à greve”.

O sindicato dos tripulantes justifica o pedido de convocatória com os “sistemáticos atropelos” ao Acordo de Empresa em vigor e ao Acordo Temporário de Emergência.

A isso, diz, somam-se a “falta de respeito que a TAP tem vindo a ter perante os tripulantes” e as “mais do que questionáveis decisões de gestão que acabam por ter um impacto direto e indireto” na vida destes trabalhadores.

A situação “culminou mais recentemente com a denúncia do Acordo de Empresa em vigor, acompanhado de uma proposta de AE inenarrável”, acrescenta.

No texto, aprovado com 932 votos a favor, um voto contra e uma abstenção, os tripulantes salientam ainda que a mesma proposta “fica aquém das expectativas criadas pela própria empresa aquando das negociações do Acordo Temporário de Emergência”.

“Entende esta direção, que tal proposta não reúne qualquer tipo de condições, por motivos laborais, económicos e sociais, para ser sequer, discutida”, pode ler-se.

Já o ministro das Infraestruturas, Pedro Nuno Santos, considerou neste dia 03 que “o pior que podia acontecer” à TAP era a realização de uma greve que cause uma disrupção na vida da empresa num momento em que esta está a recuperar.

“O trabalho com os sindicatos, com a organizações que representam os trabalhadores da TAP vai continuar, mas obviamente que o pior que podia acontecer num momento em que a empresa está a recuperar e a dar os primeiros sinais positivos dessa recuperação, [era] termos uma greve que cause uma disrupção na vida da companhia”, disse o ministro das Infraestruturas e Habitação.

Pedro Nuno Santos afirmou estar bem ciente dos cortes salariais a que os trabalhadores estão sujeitos e a pressão que tal coloca nas suas vidas, mas ressalvou que não pode iniciar-se o fim estes cortes antes de a situação da empresa estar estabilizada.

“Tivemos um trimestre em que a companhia aérea deu lucro, mas a TAP tem, em 2022, ainda um prejuízo acumulado e tem um plano de restruturação ainda muito desafiante para implementar”, disse o ministro, sinalizando a importância do trabalho com os sindicatos.

Porém, ressalvou, uma greve, além da disrupção que causa, não tem em consideração “o esforço tremendo que o povo português fez para que a TAP não tenha desaparecido em 2020”.

RESULTADOS

Neste dia 02, a presidente executiva da TAP defendeu, em Lisboa, que o plano estratégico da companhia “é bom e está a trazer bons resultados”, no mesmo dia em que a transportadora anunciou os resultados no terceiro trimestre.

“O nosso plano [estratégico] é bom e é certo, estando a produzir resultados”, considerou Christine Ourmières-Widener, numa conferência de imprensa, em Lisboa.

A TAP registrou no terceiro trimestre do ano um resultado líquido positivo de 111,3 milhões de euros, anunciou a companhia aérea à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM).

Na nota divulgada, a companhia aérea revelou que registou entre julho e setembro “um recorde histórico de receitas operacionais”, que ascenderam aos 1,1 mil milhões de euros, “excedendo os níveis pré-crise em 7,5%”, o que lhe permitiu alcançar “um desempenho financeiro sem precedentes”.

Ourmières-Widener vincou que este resultado “foi muito bom”, embora tenha reconhecido que “há muito a fazer”.

Na mesma conferência, Gonçalo Pires da TAP precisou que a companhia está entre 12% a 13% abaixo da capacidade que tinha em 2019, antes da pandemia de covid-19.

“Voamos com 10 milhões de passageiros até setembro, abaixo dos 13 milhões com que a empresa voou no mesmo período”, referiu, explicando que, “com menos capacidade” foi possível ter uma melhor receita.

Só no terceiro trimestre, a receita esteve 7% acima da verificada no mesmo período do ano passado.

No final de 2019, a empresa tinha cerca de 105 aviões, sendo que este ano opera com 96 aeronaves.

“Temos menos aviões, mas estão mais cheios e os preços são melhores”, disse.

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