Foto: Hermínio Oliveira
Por Jorge Cabral
Celebramos mais um Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas, num momento de particular vitalidade e projeção internacional do nosso país.
Na realidade, vimos somando importantes vitórias em múltiplas vertentes, desde o desporto, à diplomacia, passando pela música, nomeadamente com a conquista, no ano passado, do primeiro lugar no Festival da Eurovisão, cuja edição de 2018 organizámos em Lisboa, no início de maio, com reconhecido sucesso.
Nesse quadro, a recuperação económica que o país vem vivendo nos últimos anos representa, ela também, uma importante vitória de não menos importância. É inegável que Portugal cresceu, em 2017, acima da média europeia e é, hoje em dia, um país cada vez mais aberto ao mundo. As nossas exportações, que no início do século representavam apenas 27% do PIB português, ascendem hoje a 42%. O número de estrangeiros que nos visitam todos os anos é cada vez maior, sendo que em 2017 foi atingida a marca de 22 milhões de turistas, dos quais 700 mil são brasileiros. As nossas universidades são cada vez mais procuradas por estudantes de todo o mundo, sendo que, atualmente, 14.000 jovens brasileiros frequentam o Ensino Superior em Portugal. Sem esquecer o elevado número de empresários e trabalhadores brasileiros, mas também de aposentados que escolhem Portugal para novos desafios profissionais e familiares.
Portugal comemora 875 anos de história como nação independente. Ao longo desse tempo deixámos, por todo o mundo, a nossa marca singular. Abrimos caminhos até lugares improváveis. Navegámos mares e desbravámos terrenos, até então impenetráveis. As façanhas dos indómitos bandeirantes e a conquista da Amazónia são também episódios maiores dessa epopeia global que, na sua gesta sul-americana, construiu o Brasil, o quinto maior país do mundo, com mais de 8 milhões de km2, onde se fala e se escreve em português, o que muito contribui para que a Língua Portuguesa seja, com efeito, a mais falada no Hemisfério Sul.
Aos motivos de orgulho do passado juntam-se, agora, as conquistas do presente, que engrandecem o nome de Portugal. Por sinal, as Comunidades Portuguesas constituem um formidável elo de ligação entre esse passado e este presente e, estou certo, continuarão, no futuro, a desempenhar r um papel essencial e indispensável enquanto agentes tanto de coesão, como de disseminação dos vetores identitários da alma e cultura portuguesas. Também por essa razão, a valorização da nossa Diáspora constitui um eixo absolutamente central da política externa portuguesa e uma responsabilidade de toda a equipa do Ministério dos Negócios Estrangeiros, da Embaixada de Portugal no Brasil, dos nove Consulados e Vice-Consulados e ainda dos cerca de 30 Consules Honorários espalhados por outros tantos estados brasileiros, para além da capital Federal. Tarefa a que nos dedicamos, com grande empenho, entusiasmo e dedicação.
A vastíssima comunidade portuguesa e luso-brasileira espalhada por este imenso território presta, diária e incansavelmente, um valioso contributo para a afirmação do nosso país nesta região do globo e para o estreitamento das relações bilaterais entre Portugal e o Brasil, que atravessam um momento particularmente auspicioso e feliz, de redescoberta e reaproximação mútua. Para mais bem servir essa comunidade, procuramos sempre melhorar e adequar os serviços consulares tanto às comunidades tradicionais, como aos novos perfis de emigrantes e residentes temporários.
Valorizamos, também, a Diáspora empresarial. O que explica que o Gabinete de Apoio ao Investidor da Diáspora, em Lisboa, venha sendo reforçado. No final de 2018, realizar-se-á, em Portugal, o III.º Encontro do Investidor da Diáspora, iniciativa que será coorganizada pelos municípios de Tâmega e Sousa. E já nos dias 6, 7 e 8 de julho próximo, decorrerá, na Ilha Terceira, nos Açores, o I.º Encontro Intercalar dos Investidores da Diáspora.
A 15 de junho, o nosso país entrará em campo para disputar o primeiro jogo daquela que se deseja seja uma venturosa presença no Mundial do Futebol, igualmente conhecido como “Copa do Mundo 2018”, na Rússia. Não vejo melhor forma de comemorar o Dia de Portugal do que através de uma vitória, mais ou menos expressiva, da nossa seleção. E como ambição não nos falta, como também nunca nos faltou ousadia, faço aqui votos públicos para que Portugal e Brasil se encontrem na grande final, no dia 15 de julho, em Moscovo. Se assim for, que a vitória seja lusa ou brasileira, já que dessa forma será sempre em português e, portanto, sempre sentida como “nossa”.
Viva o Brasil, Viva Portugal.
Que saibamos aproveitar e valorizar todo o riquíssimo e imenso capital que temos em comum em prol de uma relação mais dinâmica e ainda mais singular e produtiva, nas mais diversas frentes.
Por Jorge Cabral
Embaixador de Portugal em Brasília
Para jornal “Mundo Lusíada” – Junho 2018