Por Eulália Moreno
Para Mundo Lusíada
E a Casa dos Açores, em parceria com a subprefeitura Aricanduva/Formosa/Carrão, abriu pela 37ª vez a sua morada para receber a Bandeira do Divino e os seus devotos durante o gélido final de semana de 11 e 12 de junho, no evento que contou com a presença da Diretora Regional das Comunidades dos Açores, Maria da Graça Borges Castanho, além da multidão que ocupou os dois quarteirões interditados ao trânsito.
A origem dessa tradição remonta ao século XIV, possivelmente pela devoção da Rainha Santa Isabel pela terceira pessoa da Santíssima Trindade e terá começado a ser festejada em banquetes coletivos denominado o “Bodo aos Pobres” com farta distribuição de comida e algumas esmolas.
A devoção ao Divino floresceu no arquipélago dos Açores e dali se espalhou para outras áreas colonizadas por açorianos como a região da Nova Inglaterra nos Estados Unidos e diversas regiões do Brasil, do Rio Grande do Sul ao Amapá, para onde deve ter chegado nos primórdios da colonização apresentando características distintas em cada local, mas mantendo em comum elementos como a pomba branca, a santa coroa e a coroação dos meninos.
As celebrações habituais tiveram início 50 dias antes deste Domingo de Pentecostes, ou seja, no domingo de Páscoa, com os terços rezados diariamente. Ao longo destes cinqüenta dias, os símbolos do Divino – a Coroa e a Bandeira – foram levados, a cada semana, em procissão, para a casa de uma família diferente da comunidade. São as “domingas do Divino” acompanhadas pelas Folias que são as cantorias feitas de improviso por repentistas que vão recolhendo e agradecendo os donativos recebidos.
Para essas famílias que receberam o Divino ou que de alguma forma colaboraram são oferecidas as Massas Sovadas, uma massa doce em forma circular. “Este ano fizemos mais de 2500 massas sovadas que são entregues aos doadores e também vendidas nas nossas barracas”, conta-nos Maria José já no início da festa e ainda às voltas para embrulhar as massas e entregá-las em vários pontos da cidade. “Os doadores do Divino não estão apenas nesta nossa região e fazemos questão de levar a cada família que colaborou conosco uma massa sovada fabricada pelas senhoras açorianas que são as grandes responsáveis pelo sucesso deste nosso evento”, explica o presidente da Casa dos Açores, Marcelo Stori Guerra enquanto ajuda a embalar.
No sábado, a partir das 16h00 teve início a festa de rua com muitas barracas de comidas típicas e à noite apresentou o Rancho Folclórico Cantares e Dançares do Minho e o conjunto musical “Nova Expressão de Louvor”.
Já passava das 19h30 quando Maria da Graça Borges Castanho chegou ao local da festa depois dos atrasos ocasionados pelo nevoeiro que fechou os aeroportos de São Paulo e obrigou o seu avião a um desvio e espera de mais de cinco horas na cidade do Rio de Janeiro. Visivelmente cansada mas animada e surpreendida com a grandiosidade da festa, visitou na companhia de alguns diretores da Casa dos Açores algumas barracas, detendo-se na, concorridíssima, que vendia as Malassadas. Em seguida visitou a sede da Associação onde manifestou a sua admiração pela belíssima imagem do Senhor Santo Cristo dos Milagres, que, na sua opinião, apresenta uma fisionomia menos sofrida do que a original que se encontra nos Açores. Uma reunião de trabalho restrita a Diretoria na qual foram analisados os planos de atividades para o próximo ano que incluirá uma grande exposição no Shopping Center Anália Franco ocupou o resto da sua agenda do primeiro dia de visita a São Paulo.
No domingo, às 9h30 a procissão do Divino saiu da Casa dos Açores com os andores do Senhor Santo Cristo dos Milagres e de Nossa Senhora de Fátima, ricamente ornamentados, em direção a Igreja de Santa Marina onde aconteceu a Santa Missa em louvor ao Divino Espírito Santo, com a coroação de sete crianças. Maria da Graça Borges Castanho deslocou-se a região da Luz onde visitou o Museu da Língua Portuguesa e nessa segunda noite assistiu as apresentações dos Grupo Folclóricos da Casa dos Açores, Raízes de Portugal e da Casa de Portugal de São Paulo, antes de seguir para o Rio de Janeiro e Florianópolis onde se encontrará com diretores de casas regionais e de instituições culturais ligadas aos Açores.
Dentre as várias barracas com doces típicos, alheiras, bolinhos de bacalhau, caldo verde e outras iguarias da culinária luso-açoriana a barraca das Malassadas foi, de longe, a mais concorrida, apresentando sempre grandes filas de interessados em degustá-las. Para quem não pode estar nesta 37ª festa do Divino, revelamos o segredo da receita diretamente da cozinha da Casa dos Açores (veja abaixo).
Malassadas
Ingredientes
1 Colher (de sopa) bem cheia de Açúcar
500 gr de Farinha
1 Pitada de Sal
15 gr de Fermento
0,5 dl de Aguardente
Sumo de 1 Laranja grande
4 Ovos
Leite q.b.
Óleo q.b.
Açúcar e canela a gosto
Preparação
Misture o açúcar com a farinha e a pitada de sal e peneire. Dissolva o fermento num pouco de água morna e verta sobre a farinha. Envolva bem.
Adicione a aguardente e o sumo da laranja e envolva. Junte os ovos um a um, amassando sempre. Amasse bem até misturar tudo muito bem, e se necessário acrescente um pouco de leite.
Tape com um pano e deixe levedar por +- 3 horas. Estique a massa, corte em retângulos e frite em óleo abundante. Escorra em papel de cozinha e polvilhe com açúcar e canela. Sirva quente.