Da Redação com Lusa
12 pessoas foram detidas no Grande Porto suspeitas de enganar centenas de estrangeiros num esquema de alugueis fictícios, no qual, fazendo-se passar pelos proprietários dos imóveis, solicitavam uma caução que podia chegar aos 2.400 euros.
Em conferência de imprensa, o comissário da PSP João Soeima disse que o esquema passava por arrendar, durante uns dias, habitações em regime de alojamento local e simultaneamente colocar um anúncio para arrendamento daquela habitação “de média ou de longa duração”.
Já com acesso à casa, os suspeitos, que utilizavam nomes falsos, faziam-se passar pelos proprietários do imóvel, mostrando-o mesmo às vítimas que eram pressionadas para assinar rapidamente o contrato de aluguel e a sinalizar o negócio com uma caução no valor de dois a quatro meses de renda, qualquer coisa como entre 1.600 a 2.400 euros.
O grupo visado pela investigação tinha como “alvo preferencial cidadãos estrangeiros que se deslocavam a Portugal com o intuito de trabalhar, fundamentalmente, e de estudar”.
Oriundas da América Latina e de África, as vítimas foram confrontadas, em alguns casos, com situações de emergência social, tendo sido mesmo necessário acionar a Segurança Social, referiu o comissário.
As vítimas só se aperceberiam da burla quando o verdadeiro proprietário do imóvel reclamava a desocupação da habitação. Em alguns casos, os suspeitos terão ainda roubado eletrodomésticos e outros objetos das casas.
De acordo com a PSP, a investigação que resultou hoje na Operação Gost Rent, com a execução de 22 buscas domiciliárias, duas não domiciliárias e na detenção de 12 pessoas (três homens e nove mulheres), entre os 21 e os 53 anos, teve início há seis meses, tendo já sido identificadas 140 situações.
Na sequência da operação policial, foram ainda apreendidos 20 telemóveis e alguns computadores utilizados para aceder às redes digitais onde eram publicitados de forma falsa as habitações, bem como um conjunto vasto de documentação, nomeadamente informação bancária, “quer em nome dos suspeitos, quer em nome de pessoas terceiras que eram utilizadas para preparar e executar os falsos contratos de arrendamento” e “ocultar os proveitos da atividade ilícita”.
Embora o âmbito da intervenção da operação policial desta manhã tenha ficado restrito à atividade deste grupo na área do Grande Porto, João Soeima adiantou que existem outras situações identificadas fora desta área geográfica, sendo a operação em causa de nível nacional.
“Neste momento temos contabilizados aproximadamente 243 mil euros, mas todas as semanas, a partir do momento em que identificámos os verdadeiros autores que utilizavam nomes falsos, conseguimos descobrir cada vez mais crimes (…) uma média de 10 a 15 crimes novos”, indicou aos jornalistas.
Ainda de acordo como a PSP, três dos suspeitos do grupo, composto por mais de 13 elementos, partilham graus de parentesco ou laços conjugais e um outro dos suspeitos já tem cadastro.
Na operação policial estiveram envolvidos 98 elementos da PSP, bem como as equipas de Intervenção Rápida do Comando Metropolitano do Porto e a equipa da Unidade Especial de Polícia.
Os detidos vão ser presentes às autoridades judiciárias na quinta-feira, às 14:00, para aplicação das medidas de coação tidas por adequadas.
Num contexto de prevenção geral, a PSP aconselha os cidadãos que queiram arrendar uma casa a procurarem pequenos indícios que podem ajudar a identificar uma situação suspeita, nomeadamente a existência de códigos para entrar na habitação, método muito utilizado no alojamento local, a presença de atoalhados ou roupa de cama suplente ou um manual de utilização dos equipamentos.