Destroços com mais de 100 anos encontrados na orla de Santos são de navio inglês

Da Redação

A maré baixa revelou, na manhã de 22 de agosto, os restos de um navio enterrado na orla de Santos, no litoral paulista, próximo ao bairro do Embaré.

Historiadores e arqueólogos de Portugal também foram acionados para ser desvendado qual era a embarcação encontrada em Santos. Depois de algumas especulações, informações obtidas num catálogo global de naufrágios indica que os restos sejam do navio de transporte de cargas Kestrel, de bandeira inglesa, que pode ter naufragado naquele trecho em 11 de fevereiro de 1895.

A possibilidade é que o naufrágio pode ter ocorrido após uma tempestade, quando navio já tinha sido descarregado e estava ancorado na barra. Na ocasião, três tripulantes estavam a bordo.

O arqueólogo Manoel Gonzalez, que lidera um grupo de estudos criado para identificar à qual embarcação pertence o material, protocolou pedido para pesquisa e exploração da área junto ao Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).

A autorização de pesquisa interventiva na área também foi solicitada à Marinha. Segundo o arqueólogo, nos próximos dias um sonar deverá ser utilizado na área. O equipamento fará um Raio X do solo para identificar a dimensão completa do navio. “Vamos fazer um estudo mais detalhado para entender o que realmente está embaixo da areia, qual a verdadeira dimensão e a profundidade da embarcação”, explica Gonzalez.

De acordo com a subprefeita, serão instaladas placas informativas sobre os trabalhos no trecho isolado, além de uma, em especial, contendo dados sobre o veleiro Kestrel. “O objetivo é assegurar a preservação da área de pesquisa arqueológica”.

Descoberta
Segundo informações da prefeitura, os destroços foram notados por funcionários da empresa responsável pela limpeza urbana que faziam o serviço diário na faixa de areia por volta das 6h30. Eles avisaram imediatamente a subprefeitura da Orla e Intermediária.

“Foi uma surpresa encontrar esses destroços. Com o constante desassoreamento da areia das praias do Embaré, de Aparecida e Ponta da Praia estamos perdendo faixa de areia, e acabaram aflorando esses destroços, que estavam enterrados há muitos anos. A maré também recuou bastante”, disse a subprefeita da Orla e Intermediária, Fabiana Ramos Garcia Pires.

A Secretaria Municipal de Assuntos Portuários, Indústria e Comércio citou na altura que a embarcação, com mais de 100 anos, poderia ser Vapor Glória de 1908, hipótese logo descartada. Depois, foi divulgado que o mais provável é que seria o veleiro Kestrel com três mastros, encalhado em 1895, conforme apontou a equipe de profissionais, que passaram a contar com arqueólogos e historiadores de Portugal para auxiliarem nas investigações.

“Desde a localização, estamos monitorando toda a estrutura e realizando medições. Fizemos imagens e enviamos a especialistas em embarcações de madeira, em Portugal. Eles estão analisando tudo e colaborando com a nossa investigação”, explicou ao G1 o arquerólogo Manoel Gonzalez.

De acordo com a subprefeita, a embarcação muito antiga está bem colada à mureta do Canal 5, construído em 1927 e é possível que tenha sido feito em cima do navio.

Segurança reforçada
No dia 5, operários da Subprefeitura da Zona da Orla e Intermediária reforçaram a sinalização do isolamento do trecho, que é mantido desde o aparecimento dos destroços.

Outra iniciativa a ser tomada será o redirecionamento de uma das câmeras da orla da praia para o trecho delimitado. Além disso, a Prefeitura manterá acesa a torre de iluminação próxima à área durante toda a noite.

As medidas atendem a orientação do Ministério Público Estadual (MPE), em reunião realizada nesta segunda-feira (4), em sua sede. Na ocasião, o promotor de Justiça do Meio Ambiente de Santos, Daury de Paula Júnior, informou que expedirá ofício à Polícia Militar para fazer o patrulhamento da área isolada, com apoio da Guarda Municipal, para impedir o acesso de curiosos, por tratar-se de área de pesquisa, cuja violação configura crime contra o patrimônio ambiental”.

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