Desigualdades acentuaram-se em Cabo Verde, defende oposição

Da Redação
Com Lusa

CaboVerde_40anosO líder da União Cabo-Verdiana Independente e Democrática (UCID) defende que as desigualdades estão a acentuar-se em Cabo Verde, onde, segundo diz, “há muita gente a comer duas galinhas e outros a comer nenhuma”.

Em entrevista à agência Lusa, António Monteiro, sustenta que, 40 anos depois da Independência, Cabo Verde ainda não se conseguiu cumprir como país.

“Cumprir Cabo Verde significa criar as condições suficientes e necessárias para que todos aqueles que vivem em Cabo Verde possam ter uma vida tranquila. E neste momento, em Cabo Verde, algumas pessoas estão felizes, mas consideramos que há muitas mais que não estão felizes”, entende António Monteiro.

“As desigualdades, infelizmente, têm estado a acentuar-se, apesar de o Governo dizer o contrário”, acrescenta o líder da UCID, para quem basta ir aos bairros mais pobres da Praia para “ver aquilo que muitas famílias estão a viver”.

E nem as boas avaliações internacionais que Cabo Verde tem merecido convencem o candidato da UCID às legislativas de 20 de março, considerando que “os números nem sempre refletem a realidade”.

Em termos econômicos, António Monteiro sustenta que há um conjunto de fatores que tem afastado os investidores estrangeiros de Cabo Verde.

“Cabo Verde é dos países do mundo onde a água e a energia são das mais caras, […] não temos previsibilidade nos impostos […] e a morosidade da justiça também não tem ajudado”, sustenta António Monteiro.

O líder da UCID defende que o país tem um “potencial energético extraordinário” que não está a ser aproveitado e propõe a criação de uma empresa de logística que permita poupar no combustível usado para a produção de energia, fazendo refletir essa poupança nas tarifas.

Para António Monteiro, só com a dinamização da economia será possível resolver o problema do desemprego.

“A aposta é na dinamização da economia e temos que abarcar vários setores. Não podemos cingir-nos só ao turismo. Temos que diversificar muito mais a indústria. Temos que criar as condições para que os empresários nacionais, por exemplo no setor da construção civil, possam sair do país e procurarem na costa ocidental de África as condições necessárias para poderem concorrer às grandes obras públicas”, diz.

“Temos que dar condições aos agricultores para terem acesso a financiamento para modernizarem a agricultura e poderem fazer a transformação dos seus produtos. Se fizermos isso, é claro que iremos debelar o desemprego de uma forma rápida, porque nós somos meia-dúzia de pessoas em Cabo Verde. Somos 513 mil habitantes”, acrescenta.

António Monteiro defende que todos os investimentos são bem-vindos a Cabo Verde, mas alerta para a situação laboral e para os baixos salários no país.

“Com os salários baixos, nós não resolveremos a situação de Cabo Verde. Não é pagando 11 mil escudos (cerca de 100 euros) ou 20 mil escudos (cerca de 200 euros) que vamos dinamizar a economia. Temos que fazer o dinheiro circular, temos que criar as condições para que aquele que trabalha tenha um mínimo para ter uma vida condigna”, defende.

Por outro lado, António Monteiro considera que o atual Governo triplicou em sete anos a dívida pública de Cabo Verde para investimentos sem impactos econômicos visíveis.

“O serviço da dívida pública é muito pesado. Em 2015, foram 3,85 mil milhões de escudos (cerca de 34 milhões de euros). É muito dinheiro para a dimensão de Cabo Verde”, diz.

“Para revertermos essa situação, precisamos ter mais investimentos e começar a diversificar a economia” por exemplo através do setor industrial, que, em Cabo Verde “ainda é muito frágil”, acrescenta.

Defendeu, por outro lado, a necessidade de melhores condições de financiamento a quem quer investir, nomeadamente baixar as taxas de juro, que “são elevadíssimas”.

“Ninguém vai pagar uma taxa de 10, 12 ou 14 por cento para fazer um investimento”, diz, defendendo que é preciso baixar os investimentos públicos e aumentar os investimentos privados, o que só é possível com “o suporte da banca”, conclui.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Fliporto anunciou edição 2025 em Aveiro, Portugal

Por Ígor Lopes Foi encerrada, no último domingo em Olinda, no nordeste brasileiro, a edição 2024 da Festa Literária Internacional de Pernambuco. Um evento que teve lugar no Mercado Eufrásio Barbosa. Esta festa literária atraiu mais de cinco mil pessoas

Leia mais »