Desafio português é “prato cheio” para cariocas

Por Ígor Lopes

Não importam as ondas nem a maré. Portugal quer mesmo é atrair o turismo jovem, novo e diferenciado. Através de um projeto recente, o Turismo de Portugal está oferecendo viagens gratuitas ao país, caso os surfistas não encontrem a “onda perfeita”. E para os cariocas, fica fácil competir, já que o Estado do Rio conta com um litoral com mais de 635 quilômetros de extensão e tem cenários como as belas praias do Leblon, Ipanema, Copacabana e Leme.

“No waves: Come back for free”, que numa tradução livre quer dizer “Se não tiver ondas, volte de graça”, é o nome da iniciativa portuguesa que pretende atrair surfistas de todo o mundo, com a promessa de “ondas de qualidade”. A dinâmica parece simples: se, por qualquer razão, o surfista não encontrar ondas na sua estada, ganha uma nova viagem a Portugal. A campanha, que termina em dezembro, é válida se os surfistas não encontrarem, durante três dias, ondas com mais de meio metro nas 28 praias portuguesas selecionadas.

O objetivo é promover o país como destino único na Europa que junta as melhores ondas a outras tradições em Portugal, como a gastronomia, o povo, a paisagem e a hotelaria.

Em entrevista ao Mundo Lusíada, Paulo Machado, diretor do Turismo de Portugal no Brasil, afirmou que essa estratégia visa ao rejuvenescimento do turismo em terras lusitanas, já que é necessário modificar a demanda turística no país, e, o surfe, vai ao encontro dessa proposta, já que atrairia um público jovem. Paulo Machado garantiu que todo esse procedimento será suportando através de parcerias específicas.

Para Marcelo Andrade, diretor-executivo da Associação Brasileira de Surf Profissional, a iniciativa do governo português é bem-vinda, mas ainda é preciso que Portugal seja reconhecido, pelos brasileiros, como destino de prática de surfe.

“Realmente a iniciativa dos órgãos competentes do Turismo de Portugal são surpreendentes pela iniciativa pioneira que esta campanha tem em nível mundial. Nunca tinha visto uma campanha deste porte para incentivar o turismo do surfe dentro de um país. Acho que, se for bem realizada, pode aumentar significativamente o turismo de surfistas brasileiros em águas portuguesas”, sublinha Marcelo, que revela que, por enquanto, em relação à perspectiva dos cariocas, “Portugal ainda não faz parte das rotas mais seguidas pelos surfistas do Estado”. No entanto, refere Marcelo, “se uma campanha for bem feita e com custos acessíveis, pode se tornar um destino de viagem anual para muitos, principalmente se for realizada de forma casada com o WT de Portugal”.

“Aceitaria o desafio, mas tenho dois empregos e minha disponibilidade de viagem, no momento, está complicada. Gostaria muito de conhecer Portugal”, finaliza o responsável pela Associação, que tem sede em Copacabana, Zona Sul do Rio.

Nas “ondas” da Internet

A campanha pode ser vista em www.portuguesewaves.com, onde estão vídeos de conhecidos surfistas internacionais falando sobre Portugal, os melhores ‘spots’ de ondas na costa portuguesa e onde há uma listagem de hotéis perto da costa. O site é uma plataforma 360º que dá a conhecer aos surfistas tudo o que precisam saber sobre Portugal e as suas praias, de modo a organizarem e marcarem a sua viagem.

“Novo Mundo” dos surfistas

Portugal tem cerca de 1230 quilômetros de extensão e nunca foi visto como um destino de excelência para a prática do surfe. Mas, em 2011, o país entrou definitivamente na rota dos surfistas internacionais, depois que Garret McNamara foi surpreendido por uma onda de 30 metros na praia do Norte, na Nazaré. A onda entrou para a história como a maior de todos os tempos alguma vez surfada.

A Ericeira foi também classificada como Reserva Mundial de Surf pela associação “Save the Waves”, tornando-se a primeira na Europa e a segunda no mundo, depois de Malibu, nos Estados Unidos.

Tal é o sucesso luso no cenário do surfe mundial, que existe já uma etapa do circuito mundial que acontece em Portugal. É o caso do Rip Curl Pro, com eventos em Peniche. No ano passado, o evento teve um retorno midiático de 12,3 milhões de euros e o site da prova contabilizou 9,5 milhões de visualizações.

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