Da Redação
Com RTP
A moção de censura ao Governo de Antonio Costa apresentada pelo CDS-PP foi rejeitada na Assembleia da República portuguesa com os votos contra do PS, BE, PCP, PEV e PAN e a favor dos centristas e do PSD.
Foram mais de três horas de debate da moção de censura ao Governo apresentada pelo CDS-PP. O desfecho foi aquele que estava anunciado: a moção foi rejeitada na Assembleia da República com os votos da maioria parlamentar de esquerda. O PAN juntou ainda o seu voto ao “chumbo” da moção, que contou apenas com os votos favoráveis do CDS-PP e do PSD.
Para a líder dos centristas que decidiu avançar com esta moção, o debate desta terça-feira serviu para clarificar posições. “Fica clarificado que o Governo tem fiéis seguidores”, disse Cristas à saída da Assembleia da República, dizendo que agora tanto PCP como BE não podem agora vir, em alguns dias da semana, criticar o Governo porque lhe deram o apoio quando este “falhou clamorosamente com grande incompetência”.
Assunção Cristas acusou António Costa de não ter “estatura de primeiro-ministro”, dizendo que quando o país precisava de um estadista encontrou apenas “um político habilidoso”.
O primeiro-ministro garantiu no Parlamento que assume a responsabilidade pelos incêndios e por implementar as medidas que foram preconizadas pela Comissão Técnica Independente. “A assunção de responsabilidades não pode ser um mero ritual de expiação institucional. Tem de ser um compromisso firme de fazer o que tem de ser feito”, afirmou Costa, pedindo consensos para a reforma da floresta.
O PSD acusou António Costa de “insensibilidade, incompetência e soberba”, o ministro da Agricultura considerou que esta moção de censura foi “um mero estratagema político para a competição entre PSD e CDS sobre a liderança da direita”.
O BE demarcou-se da moção de censura, apelidando a iniciativa de “obscena”, enquanto o PCP veio dizer que “a rejeição desta moção de censura não é motivo de confiança quanto às opções tomadas”.
O PS considerou que o Governo não precisa de uma moção de confiança, considerando que o Orçamento do Estado será um momento para avaliar a legitimidade da solução governativa.
Um debate marcado por troca de acusações, sobretudo entre esquerda e direita, mas também pela discussão de medidas para dar resposta às consequências dos incêndios e à restruturação da Proteção Civil e da estratégia de prevenção e combate aos fogos.
António Costa lançou pedidos ao consenso político para a reforma da floresta a médio e longo prazo, mas deixou a garantia de que as medidas contra os incêndios não colocam em causa o Orçamento do Estado, nem a recuperação dos rendimentos dos portugueses e o alívio fiscal.
Fiéis seguidores
Em entrevista à saída do debate da moção de censura, a líder do CDS-PP veio dizer que fica claro que o Governo tem “fiéis seguidores”.
No entanto, Cristas diz que fica também claro que o PCP e Bloco de Esquerda não podem daqui por diante serem apoiantes à 2ª, 4ª e 6ª feira e à 3ª, 5ª e sábado querem criticar o Governo”.
“É uma clarificação importante para o país”, assegurou a líder do partido que teve a iniciativa de apresentar esta moção de censura. “Quem acha que o Governo não merece censura pela sua incompetência, pois certamente tem aqui vários partidos em que se pode rever”, reiterando que no caso dos incêndios aqui analisado o executivo falhou clamorosamente, com grande incompetência.
Assunção Cristas reiterou, tal como antes o tinha feito, que António Costa não tem condições para ser primeiro-ministro.