Da Redação
Com Lusa
Em Lisboa, os deputados socialistas da Comissão de Negócios Estrangeiros e Comunidades Portuguesas criticaram a forma como está a ser gerida a pandemia no Brasil e “o populismo” do Governo de Bolsonaro, que está a colocar em causa milhões de vidas.
“Os parlamentares socialistas lamentam que o populismo tenha atingido a sua máxima expressão no Brasil, com consequências muito nefastas para todo o povo brasileiro, colocando em causa a vida de milhões de cidadãos, inclusive aqueles que legitimaram a eleição do Presidente da República com o seu voto e que agora se encontram entregues à sua sorte”, afirmam os deputados, num comunicado emitido neste dia 28 sobre as conclusões da reunião que tiveram na quarta-feira, em que analisaram também a situação na Guiné-Bissau.
No comunicado, os deputados manifestam “grande preocupação pela constante desvalorização da crise pandêmica” que o Brasil, “com estruturas de saúde frágeis e uma tão grande dependência da economia informal”, atravessa.
Na opinião dos socialistas daquela comissão, esta situação pode ter “graves consequências no agravamento das dificuldades econômicas, sociais e sanitárias” do Brasil.
Por outro lado, revelam “grande preocupação” relativamente “às campanhas de intimidação à imprensa e agressões a jornalistas por apoiantes do Presidente Bolsonaro”, que levaram a que esta semana vários órgãos de comunicação social brasileiros suspendessem a cobertura jornalística em frente ao Palácio da Alvorada, residência oficial do chefe de Estado brasileiro.
Os deputados criticam ainda a “resposta tardia e ineficaz à pandemia”, bem como a forma “casuística e conflituosa” como está a ser gerida pelo Governo de Jair Bolsonaro a pandemia de covid-19.
“A gestão da crise sanitária e a resposta tardia e ineficaz à pandemia no Brasil tem-se revelado casuística e conflituosa, o que tem dificultado muito a contenção do vírus, sendo visível a tensão entre o Governo federal e os governos estaduais, que em nada ajuda a que os cidadãos saibam que orientações seguir”, afirmam.
Este problema, “naturalmente, afeta também a comunidade portuguesa e os lusodescendentes” que residem no país, sublinham os deputados socialistas que salientam que a incerteza que se vive no Brasil “em nada contribui para evitar o agravamento da situação sanitária no país, que tem atingido de maneira diferenciada os diversos estados”.
Lembrando que o Brasil é “importante membro” da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa e que neste momento é o segundo Estado do mundo com mais infecções pelo novo coronavírus, os socialistas manifestam solidariedade para com os brasileiros e a comunidade portuguesa ali residente, “neste momento de grande dificuldade e incerteza que atravessa todo o país”.
“Com o agravar da situação pandêmica, social e econômica, adensou-se também a contestação e a instabilidade política, que regista já as demissões de vários membros do Governo do Presidente Jair Bolsonaro, entre os quais dois ministros da Saúde e o ministro da Justiça Sérgio Moro, o que por si só são igualmente fatores que dificultam um combate eficaz à pandemia”, referem ainda.
A nível global, segundo um balanço da agência de notícias AFP, a pandemia de covid-19 já provocou mais de 355 mil mortos e infetou mais de 5,7 milhões de pessoas em 196 países e territórios.
O país lusófono mais afetado pela pandemia é o Brasil, com total de casos confirmados atualmente de 438 mil, outros 233 mil pacientes seguem em acompanhamento médico. Até o momento, o país registra 26.754 óbitos, sendo que 1.156 foram registrados nos sistemas de informação oficiais do Ministério da Saúde nas últimas 24h.