Da Redação
Com Lusa
O deputado do PPM Paulo Estevão, em greve de fome nos Açores há nove dias, afirmou que está a lutar por uma “velha utopia, liberdade”, e para que o 25 de abril “também chegue ao Corvo”.
O deputado na Assembleia Legislativa da Região Autônoma dos Açores, que se encontra a cumprir a greve de fome em Ponta Delgada, na ilha de São Miguel, onde promoveu uma conferência de imprensa, opção por esta via depois de “esgotados todos os recursos legislativos e de discussão parlamentar” sobre o fornecimento de refeições escolares aos alunos e pessoal docente e não docente da escola do Corvo.
O Governo Regional dos Açores passou a contemplar, nos últimos meses, um pagamento às famílias afetadas pela ausência de cozinha e refeitório escolar na ilha menos habitada dos Açores, mas, para o parlamentar do PPM, tal não mais é que uma “desresponsabilização”.
Na mais pequena ilha do arquipélago açoriano, o ano letivo arrancou na Escola Mouzinho da Silveira com 42 alunos, que integram turmas entre o primeiro ciclo e o ensino secundário.
Paulo Estevão recordou que os alunos do Corvo “são poucos – apenas 41 crianças e jovens – e vivem no lugar mais isolado do país”, mas “isso em nenhuma circunstância lhes pode retirar direitos”.
“Entre eles estão alguns (não são todos, nem sequer a maior parte) que beneficiarão muito do facto de ter uma refeição quente assegurada por dia em vez de um simples papo-seco ocasional. Tenha-se em conta que 25 alunos dos 41 alunos são beneficiários da ação social escolar. Isto significa que cerca de 61% dos alunos do Corvo são beneficiários da ação social escolar”, recordou.
O parlamentar referiu que o executivo açoriano, através do secretário regional da Educação e Cultura, tem vindo a defender “que se tem de tratar de forma diferente o que é diferente”, não vendo “em que é que os alunos do Corvo são diferentes dos do resto do país”, uma vez que ”têm iguais necessidades e iguais direitos”.
“Qual é a justificação de uma medida deste gênero? O que motivou o Governo Regional a construir refeitórios e cozinhas escolares em todas as ilhas? Que razões explicam a discriminação da escola do Corvo neste âmbito. É por ser uma ilha pequena e com as habitações perto da escola? Então por que razão fornece refeições escolares em freguesias mais pequenas que o Corvo, com a mesma proximidade das habitações?”.
O presidente do Governo dos Açores, Vasco Cordeiro, questionado hoje sobre a greve de fome do deputado regional, à margem da inauguração de obras na Unidade de Saúde de Rabo de Peixe, na Ribeira Grande, declarou: “vivemos numa região livre em que cada um escolhe a maneira em que entende se manifestar”.