Da Redação
Com Lusa
A presidente do CDS-PP questionou o primeiro-ministro português sobre os preços praticados na “renda acessível” e foi acusada por António Costa de ter provocado consistentemente, apesar dos avisos, uma “calamidade social” com a lei do arrendamento.
O confronto entre Assunção Cristas e António Costa no debate quinzenal na Assembleia da República levou mesmo a um pedido de defesa da honra pela presidente do CDS das acusações do primeiro-ministro relativamente à lei do arrendamento do Governo PSD/CDS-PP, área tutelada pela agora líder centrista.
“Termina hoje uma licitação de um imóvel da Segurança Social, um T2 em Lisboa com valor de base de 1150 euros. É isto que é renda acessível? É isto que é habitação para todos?”, questionou Assunção Cristas.
Na resposta, o chefe de Governo disparou: “Sobre habitação é melhor nem falarmos porque recordo-me bem o que, como presidente da Câmara Municipal de Lisboa, fui ao seu gabinete, e o desprezo com que me recebeu a mim e à senhora deputada Helena Roseta, e ignorou tudo o que lhe dissemos que ia acontecer e a calamidade social que a senhora criou”.
Já intervindo para defender a honra, a presidente do CDS ripostou recusando qualquer calamidade social, alegando que foram protegidas as pessoas que deviam ser protegidas.
“Calamidade social não existiu porque nós protegemos tudo o que tínhamos de proteger. Queria dizer-lhe uma coisa olhos nos olhos: Eu não tenho duas caras, não lhe digo uma coisa a si quando é primeiro-ministro, presidente da Câmara Municipal de Lisboa ou secretário-geral do PS, e outra coisa a outras pessoas”, ripostou Assunção Cristas.
“Digo sempre a mesma coisa. Já o senhor primeiro-ministro, quando era presidente da Câmara Municipal de Lisboa eu sei muito bem o que me dizia a mim, o que dizia na rua para ganhar votos e o que dizia aos investidores privados que queria atrair para a cidade”, prosseguiu.
António Costa ressalvou não ter referido nada que ofendesse a honra da bancada do CDS, mas sim ter-se referido à atuação de Assunção Cristas enquanto ministra.
“A ex-ministra Assunção Cristas, quer goste, quer não goste, não foi só a ministra dos agricultores, a ministra da Lavoura, foi a ministra que fez esta lei do arrendamento que criou uma crise social em Portugal”, reiterou.
O primeiro-ministro acentuou que tal aconteceu “conscientemente”, porque Assunção Cristas “foi avisada por toda a gente”.
“Foi por mim, foi pela senhora deputada Helena Roseta, por todo o país, que a avisou bem que a pura liberalização selvagem do mercado de arrendamento iria gerar uma calamidade social no nosso país, como só não gerou maior porque mudou o Governo e mudou a lei”, concluiu.
Assunção Cristas ainda desafiou António Costa, para um debate sobre a reforma do arrendamento que a líder centrista teve sob a sua tutela no anterior Governo. “Como volta não volta eu sou alvo destas críticas diretas por parte do primeiro-ministro, sem a possibilidade de um debate franco, honesto e profundo sobre esta matéria, entendi convidar, desafiar, o primeiro-ministro e os órgãos de comunicação social a organizar um debate público sobre esta matéria”.
“Para que eu e o primeiro-ministro possamos esclarecer, apresentar os dados, os factos e verificar que a dita calamidade pública a que o primeiro-ministro se refere, não existe, não aconteceu e, que, pelo contrário, há muitos sinais positivos desta reforma que é bom que sejam conhecidos e evidenciados”, disse a presidente do CDS.
A líder do CDS disse saber “muito bem” o trabalho que fez e o contexto em que foi feito. “Sei muito bem as alterações de circunstâncias que aconteceram no nosso país depois dessa reforma, também sei o trabalho que António Costa fez ou não fez enquanto presidente de Câmara na altura”, declarou à imprensa.