Da Redação
Com Lusa
O ministro dos Negócios Estrangeiros Augusto Santos Silva considerou que a decisão do Presidente angolano, José Eduardo dos Santos, de não se recandidatar nas próximas eleições “é mais um sinal de que Angola segue os melhores padrões internacionais”.
O presidente do MPLA e chefe de Estado angolano, José Eduardo dos Santos, anunciou em 03 de fevereiro que não se recandidata nas eleições deste ano, pondo assim fim à vida política ativa.
Questionado pela Lusa quanto a este anúncio, o ministro português afirmou que “já era conhecida a vontade do Presidente de se afastar da vida política mais ativa” e considerou que “esse é mais um sinal de que Angola segue os melhores padrões internacionais”.
Augusto Santos Silva falava aos jornalistas no final da cerimónia de apresentação da estratégia da Ação Cultural Externa, em parceria com o Ministério da Cultura.
José Eduardo dos Santos anunciou hoje em Luanda que não será recandidato ao cargo nas eleições gerais deste ano, deixando assim o poder em Angola ao fim de 38 anos.
A posição foi transmitida por José Eduardo dos Santos no discurso de abertura da reunião do Comité Central do Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA), que está a decorrer hoje em Luanda, com a aprovação da lista de candidatos do partido a deputados nas eleições gerais de agosto em agenda.
Transição
A Human Rights Watch (HRW) manifestou esperança de que o processo de transição que se inicia em Angola, com o anúncio do Presidente de que não se recandidata, seja pacífico e sem violações dos direitos humanos.
“Este anúncio de hoje marca oficialmente o início de um processo de transição que esperamos que seja pacífico e não marcado por violações de direitos humanos, como acontece em muitos outros locais pelo mundo quando há este tipo de transições”, disse à Lusa Zenaida Machado, responsável da organização para Angola e Moçambique.
A ativista disse que a HRW espera também que todos os candidatos concorram “de igual forma” às eleições e que “todos os angolanos, independentemente da sua filiação política”, tenham as mesmas oportunidades de se registarem, de fazerem campanha e de depositarem o seu boletim de voto em agosto.
Vida nova
O ex-primeiro-ministro angolano Marcolino Moco considerou que o anúncio não chega para garantir que Angola vai ter “uma nova vida” com maior respeito pela Constituição e liberdades. “Esse tipo de anúncio ainda não nos garante nada: só o tempo é que nos vai dar certezas” sobre se “efetivamente Angola vai ter uma nova vida”, referiu.
Marcolino Moco considerou que “o ambiente de tensão só pode acabar quando tivermos uma política aberta, que corresponda aquilo que a Constituição diz” em vez de haver repressão de manifestações, por exemplo.
O vice-presidente do MPLA e ministro da Defesa, João Lourenço, é o candidato a Presidente da República nas eleições deste ano e Marcolino Moco duvida que encarne uma mudança política. “Não penso que à partida signifique mudança”, referiu.
No entanto, o MPLA “nunca permitiu que as pessoas demonstrassem efetivamente aquilo que são enquanto estão lá dentro, pelo que não é fácil fazer uma avaliação prévia”, acrescentou.
“É uma grande oportunidade”, sublinhou Marcolino Moco, que olha para o momento com “esperança” em que “uma nova pessoa possa trazer novos elementos para dentro e fora do MPLA”.
Já o general João Lourenço, ministro da Defesa angolano, afirmou que a única prioridade que tem neste momento é “vencer as eleições” deste ano. “Estou preparado para aceitar este desafio (…). Tudo farei para honrar a confiança que em mim foi depositada”, disse João Lourenço, também vice-presidente do MPLA, após a reunião do Comité Central, em Luanda.
Na lista do MPLA candidata às eleições gerais de agosto (círculo nacional), submetida à aprovação do Comité Central, João Lourenço é cabeça-de-lista e candidato a Presidente da República e Bornito de Sousa, também general na reserva e ministro da Administração do Território, é o número dois e candidato a vice-Presidente.