Mundo Lusíada com Lusa
Os laços culturais entre Portugal e Brasil dominaram o debate sobre o bicentenário da independência do Brasil e uma oportunidade para “fechar com chave de ouro” as celebrações, disse à Lusa o embaixador português.
“De acordo daquilo que é o plano das comemorações do bicentenário da parte portuguesa, estamos praticamente a fechar com chave de ouro os eventos no Brasil”, sublinhou Luís Faro Ramos, à margem do evento Bicentenário da Independência: laços culturais entre Brasil e Portugal, que decorreu na terça-feira no Rio de Janeiro, também transmitido em formato virtual.
No evento, organizado pelo CEBRI- Centro Brasileiro de Relações Internacionais, em conjunto com as autoridades portuguesas, marcaram presença ainda o antigo embaixador de Portugal no Brasil Francisco Seixas da Costa, o ex-ministro do Meio Ambiente e da Fazenda brasileiro Rubens Ricupero, o ex-secretário geral do Ministério das Relações Exteriores brasileiro Marcos Azambuja, e a curadora e consultora de arte Evangelina Seiler.
A tônica foi centrada na forma como Portugal olha para Brasil, principalmente a comunidade brasileira, que tem vindo a crescer gradualmente ao longo dos anos em Portugal e já é a maior população estrangeira no país.
Os pilares que sustentam a vinda de brasileiros para turismo, fazer negócios e residir são “segurança, saúde e educação”, sustentados através de uma língua em comum, frisou Luís Faro Ramos, que vê neste êxodo “tendência para aumentar numa forma muito relevante”.
O embaixador Ricupero desenvolveu uma reflexão sobre a relação entre o tempo da emancipação brasileira e a eclosão da revolução liberal em Portugal. Já Seixas da Costa assentou nos vários olhares portugueses sobre o Brasil, desde a independência do país até aos dias de hoje, na percepção pública e na atitude da elites. A conversa, atravessada por questões do público, evoluiu depois para aspectos relacionados com a situação política atual no Brasil, as eleições intercalares americanas e os desafios da segurança europeia, com o conflito no Leste do continente como pano de fundo.
Também Francisco Seixas da Costa observou que, com o virar do século, a “visão caricatural do Brasil” alterou-se e que agora “o Brasil é muito mais conhecido devido à presença de brasileiros em Portugal”
“A presença de brasileiros em Portugal é um elemento que, na minha opinião, funciona muito para naturalizar a relação entre os dois países”, frisou.
“Hoje em dia conhecemos muito melhor o Brasil”, disse Seixas da Costa, dando o exemplo do interesse mediático que os portugueses deram ao processo eleitoral para a presidência de 30 de outubro.
Em relação ao crescimento do número de brasileiros em Portugal, que Francisco Seixas da Costa estima que chegarão ao 5% da população brasileira, o diplomata olha para esta subida “com muitos bons olhos”
Os brasileiros são a principal comunidade estrangeira residente no país, representando no ano passado 29,8% do total, o valor mais elevado desde 2012.
No final do ano passado, viviam em Portugal 204.694 brasileiros, sendo também a comunidade oriunda do Brasil a que mais cresceu em 2021 (11,3%) face a 2020.
“É um tipo de migração que rejuvenesce o país e por outro lado projeta valores comportamentais e culturais muito próximo dos valores portugueses”, em comparação com outros tipos de migração que comportam desafios, frisou à Lusa.