David Neeleman: “Porto é muito importante para a TAP”

Mundo Lusíada
Com agencias

Azul_DavidNeelemanO novo acionista da TAP, David Neeleman, declarou em Nova Iorque que “o Porto é uma cidade muito importante para a TAP”. “É muito importante. A percentagem da nossa receita que vem do Porto é muito importante. É tão importante que decidimos fazer essa ponte aérea, que vamos começar em março, de 18 voos por dia, duas vezes mais do que tinha”, disse Neeleman.

A TAP anunciou este ano que iria suspender, a partir de 27 de março, os voos a partir do aeroporto Francisco Sá Carneiro, para Barcelona, Bruxelas, Roma e Milão, alegando tratar-se de rotas deficitárias. A informação está sendo contestada pela autarquia local.

“No Porto temos um concorrente que está recebendo subsídio do aeroporto que nós não estamos recebendo. Eles têm custos bem mais baixos que nós temos. Não podemos montar uma empresa para concorrer com eles”, explicou Neeleman.

O presidente da Câmara Municipal do Porto, Rui Moreira, defendeu que o Governo devia obrigar a TAP a “recuar na sua decisão” em relação àqueles voos.

Neeleman garantiu que não cederia a pressões que não representem os interesses da empresa. “Vamos fazer o que é melhor para a TAP, para fortalecer a TAP”, garantiu o empresário.

A TAP Portugal lançou nesta segunda-feira dois novos voos diretos diários para as cidades de Nova Iorque e Boston, nos Estados Unidos, que começam a operar em 11 de junho (Boston) e 01 de julho (Nova Iorque).

China e Lisboa
O novo acionista da TAP disse ainda que espera ter uma ligação direta entre Lisboa e uma cidade chinesa ainda este ano. “Ainda estamos a analisar com que cidade será feita a ligação e outros detalhes, mas esperamos anunciar o investimento o quanto antes”, disse Neeleman.

A nova rota acontece em resultado da entrada da chinesa Hainan Airlines no consórcio que comprou a participação na TAP.

No memorando de entendimento que fechou a recompra de ações pelo Estado (que ficou com 50% da TAP), assinado entre o Governo e o consórcio privado Atlantic Gateway, lê-se que “o Estado português autoriza desde já a entrada no capital social da Atlantic Gateway pela HNA, em percentagem a acordar entre os acionistas da Atlantic Gateway e a HNA”.

Em declarações à Lusa, Neeleman garantiu que o grupo acabará por ficar “indiretamente com 10% a 13% da TAP”, que o anúncio desta participação deve acontecer “ainda este ano” e que os pormenores da rota com a China “deverão ser conhecidos na mesma altura.” “Pelo conhecimento que tenho, esta seria a primeira ligação direta entre os dois países”, acrescentou ainda.

Momentos antes, durante uma conferência de imprensa no Aeroporto Internacional JFK, Neeleman esclareceu como é que os chineses vão entrar no capital da empresa. “Como nós informamos, os chineses investiram na Azul [companhia aérea] e a Azul vai fazer o investimento na TAP. As ações que eles vão ter serão através do investimento da Azul na TAP”, disse. “Eles estão muito animados com isso, vai ser ótimo para eles”, garantiu Neeleman.

Anac
No dia 19, a Autoridade Nacional de Aviação Civil admitiu que existem “fundados indícios de desconformidade” das regras europeias na venda de 61% da TAP à Gateway, tendo imposto medidas destinadas a impedir decisões de gestão extraordinária durante um prazo de 90 dias.

A TAP e a Portugália ficam assim impedidas de tomar decisões de gestão extraordinária ou que tenham impacto significativo no patrimônio, na atividade e na operação das duas empresas.

A companhia já confirmou, em comunicado, ter sido notificada da decisão da Autoridade Nacional da Aviação Civil e disse estar a analisar as “respectivas implicações”.

“A TAP confirma ter sido hoje notificada pela ANAC, no âmbito do processo de privatização, colocando determinados condicionalismo a atos de gestão por um período de 90 dias, estando a TAP a analisar as respetivas implicações”, refere a empresa num curto comunicado.

No comunicado, enviado à agência Lusa, a transportadora aérea afirma também continuar “focada em servir os seus clientes em todas as suas rotas e com os padrões de serviço que a caracterizam”.

No dia 24 de junho foi assinado o contrato de compra e venda de 61% do capital da TAP entre membros do anterior Governo PSD/CDS-PP, liderado por Pedro Passos Coelho, e responsáveis do consórcio Gateway (David Neeleman, empresário norte-americano nascido no Brasil, e Humberto Pedrosa, empresário português), vencedor da privatização da companhia aérea.

Com liderança nacional, a Gateway contornou as regras que limitam a entrada de investidores não-europeus em companhias de aviação do espaço comunitário.

Depois, a 06 de fevereiro, já com o novo Governo socialista, liderado por António Costa, foi assinado um memorando de entendimento que prevê que o Estado pague 1,9 milhões de euros para ficar com 50% da empresa (em vez de 34%), enquanto o consórcio privado passe de 61% da companhia para 45%, podendo chegar aos 50%, com a aquisição do capital à disposição dos trabalhadores.

Já sobre este acordo, a ANAC diz que “nesta fase, não são apreciados os eventuais impactos decorrentes de uma nova estrutura de controlo e financiamento negociada entre o Estado Português e a Atlantic Gateway”.

Para o ministro do planejamento, o parecer do regulador da aviação dá razão às críticas à privatização da TAP feita pelo anterior Governo. “Este parecer dá razão ao PS, agora ao Governo, quando criticou a forma apressada com que foi concluída aquela fase da privatização da TAP. A ideia do anterior Governo era privatizar à pressa, privatizar pela calada da noite e até privatizar com o Governo já demitido”, afirmou Pedro Marques.

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