Jornalista Carlos Fino lança obra “Portugal-Brasil: Raízes do Estranhamento”

Nova obra do jornalista português traz 500 páginas profusamente ilustradas com imagens de caráter histórico sobre a complexa relação Portugal-Brasil.

 

Da Redação

Uma tese de doutoramento em Ciências da Comunicação pela Universidade do Minho e pela Universidade de Brasília do jornalista português residente no Brasil, Carlos Fino, deu vida ao livro “Portugal-Brasil: Raízes do Estranhamento”.

Segundo o autor, a força da relação Brasil-Portugal por via da história, do sangue e da língua, por um lado, contrasta com a permanência de um sentimento de estranhamento e incomunicação. Confrontado com estas duas realidades contraditórias, quis aprofundar estudo nessas razões.

Em mais de 500 páginas profusamente ilustradas com imagens de caráter histórico sobre a complexa relação Portugal-Brasil, o autor estuda nesse passado comum as razões de um estranhamento e (in)comunicação, como por exemplo, cita um “sentimento antilusitano” que existe disseminado no Brasil.

O livro está em fase de pré-lançamento nos dois países pela Editora LISBON BOOKS – Livraria Atlântico.

Sinopse

A relação entre Portugal e o Brasil tem sido descrita como uma experiência de ambiguidades geradora de estranhamento. Se, por um lado, se reconhece existir proximidade histórica, por outro, é notório que o vínculo entre os dois países é muito menos intenso do que faria supor a partilha de uma mesma língua e um passado de três séculos de convívio sob governo comum.

Em nenhum outro lugar da sua aventura pelo mundo os portugueses se enraizaram tão profundamente como no Brasil, Apesar disso, há já dois séculos, o desfasamento dos respectivos discursos culturais – ambos marcados pelo ressentimento – não podia ser maior: o Brasil sempre procurando obliterar a memória da sua inegável raiz lusitana (“o ato fundador português”, na expressão de Eduardo Lourenço) e Portugal, numa perene nostalgia imperial, repetindo sem cessar os lugares comuns dos “laços de sangue” que os brasileiros simplesmente recusam ou não querem recordar.

Foi esta percepção genérica que motivou o trabalho de investigação apresentado na obra de Carlos Fino; inspirado, por um lado, pela constatação de Amado Luiz Cervo de que “algo especial governa as relações entre Brasil e Portugal, parceria eternamente inconclusa” e pela interrogação que o historiador brasileiro se coloca e fizemos nossa: “Que mistério existe a desafiar a compreensão das relações bilaterais?”

Por outro lado, como escreveu Maria de Lourdes Soares, se há ainda, em termos de distância cultural, “tantas léguas a nos separar, tanto mar”, conforme versos de Chico Buarque, como fazer desse mar tamanho “um mar que unisse, já não separasse”, como sonhou Pessoa?”

Conclusões

Na Universidade do Minho, quando da apresentação do estudo, Carlos Fino falou das principais conclusões sobre o projeto de investigação.

“Primeira: o fato de a nacionalidade brasileira ter no seu DNA – como detetamos ao longo da investigação – um sentimento antiportuguês que sempre tem sido cultivado desde a independência até hoje, sobretudo através do sistema de ensino, de onde saem gerações sucessivas de brasileiros com uma péssima imagem de Portugal (apesar de um corrente lusófila igualmente presente na sociedade)” disse o autor ao jornal NOS da UMinho.

“Segunda conclusão: a necessidade de Portugal ter isso presente na relação com o Brasil, sobretudo em termos de políticas de comunicação, se quiser que esse sentimento antilusitano seja atenuado ou mesmo ultrapassado. Até hoje, essas políticas têm sido muito deficitárias. Há um verdadeiro apagão mediático português no Brasil. Para se mudar essa situação impõe-se a elaboração de uma estratégia de aproximação de longo prazo e de longo fôlego, que vá além das efemérides e dos falsos ditirambos econômicos oficiais. E aí, no meu entender, a Academia poderia ter um papel crucial no sentido de congregar esforços de todos os setores envolvidos: governantes, homens de negócios, jornalistas, diplomatas… sem esquecer, claro, a forte comunidade portuguesa. Em qualquer caso, é urgente mais comunicação entre Portugal e o Brasil”.

Em entrevista ao Mundo Lusíada, o jornalista Carlos Fino falou mais sobre o assunto em 2019, quando defendeu ser preciso combater o “persistente estranhamento Portugal-Brasil”.

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