Da Redação
A Flip – Festa Literária Internacional de Paraty 2018 acontece entre os dias 25 e 29 de julho, em Paraty no Rio de Janeiro, e contará com a presença dos portugueses Maria Teresa Horta, Isabela Figueiredo e Vasco Pimentel.
A 16ª edição da Flip homenageia a escritora brasileira Hilda Hilst, considerada pela crítica uma das maiores escritoras de língua portuguesa do século XX.
Maria Teresa Horta participará em vídeo da Festa Literária porque, por recomendação médica, está impedida de andar de avião e não há uma embarcação marítima que ofereça conforto e segurança à autora no período da Flip. “Apesar de não terem tido proximidade, Maria Teresa Horta e Hilda Hilst são da mesma geração, assistiram a episódios políticos e culturais de seu tempo – como a luta feminista e as ditaduras – e responderam a eles cada uma a sua maneira”, afirma a curadora deste ano Joselia Aguiar. “Nessa sessão da Flip, em um formato muito especial que anunciaremos em breve, além de homenagear Maria Teresa Horta iremos marcar o laço entre poetas do Brasil e de Portugal.”
Desde 2003, a Flip oferece todos os anos em Paraty uma experiência única, permeada pela literatura. Sempre em conexão com a cidade que a recebe, a festa é uma manifestação cultural.
Às margens do rio Perequê-Açu, numa tenda especialmente montada para a festa, autores se reúnem em conversas que transitam por múltiplos temas, como teatro, cinema e ciência. Além disso, a Flip oferece uma programação que mantém seus princípios fundadores: originalidade, intimismo, informalidade, o encontro singular entre escritores e público.
A Flip 2018 reúne 33 autores e autoras em seu programa principal –17 mulheres e 16 homens. Os convocados são poetas, romancistas, contistas, ensaístas, historiadores; também atrizes, cineasta, editores, compositores, fotógrafo, performers, slamer, sound designer. Multiculturais, muitos vivem em países diferentes de onde nasceram, tendo passado por outros tantos territórios no decorrer de suas trajetórias.
Este ano as mesas literárias estão estruturadas em torno de temas como o amor, o sexo, a morte, Deus, a finitude e a transcendência – todos presentes na obra de Hilda Hilst – , configurando, assim, “uma Flip que será mais íntima”, afirma Joselia Aguiar, curadora deste ano e de 2017. “Com um programa plural, tentei fazer ano passado um recorte do mundo de Lima Barreto. Com o mesmo programa plural, tento desta vez fazer um recorte do mundo de Hilda Hilst”.
Ela nasceu em Salvador (BA) e vive em São Paulo é a curadora do evento. É jornalista formada pela Universidade Federal da Bahia (BA), mestre e doutoranda em história pela Universidade de São Paulo (USP). Em jornalismo, de início trabalhou com assuntos internacionais. Na Folha de S. Paulo, foi repórter, redatora e correspondente em Londres. Assinou depois uma coluna e um blog de livros. Editou a EntreLivros, revista mensal sobre livros entre 2005 e 2008, já extinta. Foi curadora do Festival da Mantiqueira (2014) e da Festa Literária Internacional de Paraty (2017). É professora do núcleo de não ficção no Instituto Vera Cruz e já ministrou oficinas de escrita de não ficção no Sesc. Participou de júris de prêmios como Oceanos, Portugal Telecom e São Paulo de Literatura. A convite da editora Três Estrelas, escreveu a biografia do escritor Jorge Amado, projeto iniciado em 2011, cujo lançamento ocorrerá em breve.
Portugueses
Entre os escritores já confirmados, estão importantes nomes da literatura portuguesa como Vasco Pimentel, Maria Teresa Horta e Isabela Figueiredo.
Maria Teresa Horta (Lisboa,1937) é ficcionista, poetisa – palavra com que prefere ser chamada – e jornalista. Foi censurada pelo regime salazarista e tornou-se uma voz potente do feminismo. Publicou Novas Cartas Portuguesas (1971), com Maria Isabel Barreno e Maria Velho da Costa, de forte impacto pelo teor erótico; As Luzes de Leonor (2012) e Minha Senhora de Mim – apreendido pela polícia portuguesa em 1971 e republicado em 2015 –, todos pela Dom Quixote. Entre os mais recentes, está o livro Anunciações (2016). Na Flip, lança Antologia de Poesia Erótica, pela Oficina Raquel, que também editou Azul-Cobalto, de contos, em 2014.
Isabela Figueiredo (Lourenço Marques, atual Maputo, 1963) é um escritora filha de portugueses que retornaram para Lisboa depois da independência de Moçambique. Estudou línguas e literaturas lusófonas, sociologia das religiões e questões de gênero. Foi jornalista no Diário de Notícias e hoje é professora de português. Conto é como quem diz (1988), seu livro de estreia, recebeu o primeiro prêmio da Mostra Portuguesa de Artes e Ideias. Publicou Caderno de memórias coloniais, que se tornou obra central no debate sobre racismo e o passado colonial português, e o recente A gorda (ambos pela Todavia, 2018).
Vasco Pimentel (Lisboa –1957) é diretor de som com estudos musicais pelo Conservatório Nacional de Lisboa e formação em cinema pela Escola Superior de Teatro e Cinema de Lisboa. Em atividade desde 1979, trabalhou em mais de 140 filmes de longa-metragem – entre eles O Céude Lisboa, de Wim Wenders; Aquele Querido Mês de Agosto, de Miguel Gomes; Vazante, de Daniela Thomas, e Hilda Hilst pede Contato, de Gabriela Greeb. Ministrou aulas e workshops em instituições como a Universidade Nova de Lisboa, a London FilmSchool e a Cineteca de Madri.
Programação prevista para os autores portugueses
Quinta-feira, 26 de julho
10h | Mesa 2 | Performance sonora
Gabriela Greeb
Vasco Pimentel
A voz, a escuta e as divagações literárias e existenciais de Hilda Hilst registradas em fitas magnéticas na década de 1970 são apresentadas pela cineasta Gabriela Greeb e o sound designer português Vasco Pimentel.
12h | Mesa 3 | Barco com asas
Júlia de Carvalho Hansen
Laura Erber
Maria Teresa Horta (em vídeo)
Esse diálogo inusitado reúne, por vídeo, um grande nome da poesia de Portugal do último meio século e, em Paraty, duas poetas brasileiras influenciadas pela lírica portuguesa que têm pontos em comum com Hilda Hilst.
Sábado, 28 de julho
10h | Mesa 12 | Som e fúria
Jocy de Oliveira
Vasco Pimentel
A escuta e a criação de universos sonoros: para esse diálogo, encontram-se uma das pioneiras da música de vanguarda no país, hoje dedicada à ópera multimídia, e um sound designer português – os dois conhecidos pelo rigor e pelo preciosismo.
12h | Mesa 13 | O poder na alcova
Simon Sebag Montefiore
Historiador britânico best-seller que publicou biografias de Stálin, dos Romanov e, agora, de Catarina, a Grande, conta, nessa conversa com dois entrevistadores, como faz para retratar figuras centrais da política em seus pormenores mais íntimos.
15h30 | Mesa 14 | Obscena, de tão lúcida
Isabela Figueiredo
Juliano Garcia Pessanha
Uma romancista portuguesa nascida em Moçambique que tratou de temas como o racismo e a gordofobia se encontra com um narrador de gênero híbrido e filosófico para discutir a escrita de si, os diários e as memórias, o corpo e o desnudamento.