Em show em Portugal, Margareth Menezes admite saudades dos palcos

Da Redação com Lusa

 

A cantora baiana e ministra da Cultura do Brasil, Margareth Menezes, que atuou neste dia 24 no Festival Músicas do Mundo (FMM), em Sines, Setúbal, admitiu saudades dos palcos e prometeu revisitar temas conhecidos do público.

“Esse regresso deve-se a férias que estou do ministério [da cultura], mas retomando [os concertos] porque já tinha muitos anos que não fazia ‘tournée’ internacional, parei antes da pandemia [de covid-19], mas não posso abandonar a minha carreira”, disse a cantora, compositora e instrumentista.

Em declarações à agência Lusa, Margareth Menezes, que iniciou recentemente a 24.ª digressão, desta vez pela Europa, com passagem pela Alemanha, Bélgica, Eslovénia, Países Baixos, Reino Unido e Portugal, encarou este regresso “como uma nova oportunidade”.

A atuar pela primeira vez no palco principal do Festival Músicas do Mundo, que este ano celebra os 50 anos do 25 de Abril, revolução que usou a música como senha para a liberdade, a cantora brasileira considerou que mais do que ela, “a música é a própria revolução”.

“Através da música a gente pode trazer muitas transformações, pelo menos reflexões positivas, dependendo da maneira como ela é usada”, advertiu a artista, acrescentando que “a arte é uma grande ferramenta” que promove “transformações nas pessoas”.

“Comemorar um momento tão importante que foi a revolução dos cravos, depois de muitos anos que o povo ficou submetido à ditadura, assim como também lá no Brasil ainda estamos lutando, tem muita importância, principalmente para as novas gerações, a gente referenciar, porque as ideias podem ser muito diferentes, mas você não precisa morrer porque pensa diferente do outro”, defendeu.

Para a nova digressão, a artista trouxe “um tema inédito” da sua autoria, que “propõe um pensamento mais espiritual e uma liberdade atemporal”.

A música intitulada “Estrela no Olhar” mergulha “no mundo da contemplação” e questiona a “força que existe em nós quando a gente tem um espírito livre e pode mergulhar em si mesmo e descobrir coisas mais profundas em respeito da sua existência”, explicou.

No concerto foram tocadas “algumas músicas do [álbum] ‘Autêntica’”, lançado em 2019, “uma composição em colaboração com o afro marroquino” Ahmed Soultan, “Capoeira Mundial”, música “gravada na Europa”, e “Afro Cibernética”.

“A Europa sempre teve circuitos de festivais de verão muito fortes e eu participo nesse tipo de festivais desde 1992”, recordou a cantora, e o FMM não é exceção, entrando agora na sua já extensa lista de concertos.

Os festivais brindam o público “com a possibilidade de ver várias expressões diferentes do mundo inteiro”, assim como os artistas que “chegam num lugar novo, se relacionam e criam novas músicas”.

“Essa palavra festival é meio mágica. Uma pessoa fala [que] tem um festival ali e essa frase traz uma mensagem de acolhimento”, sublinhou.

Ao Festival Músicas do Mundo, Margareth levou a música que tem “raiz afro baiana”, para “resgatar um pouco” das suas “origens musicais”, como o samba-reggae, fará referência a Caetano Veloso e Gilberto Gil e revisitará sucessos como “Faraó”, “Raça Negra” e “Elegibô”.

“Estão na minha ‘play-list’ e não saem nunca porque são músicas fortes. ‘Faraó – Divindade do Egito’ foi o primeiro samba-reggae gravado no Brasil, ‘Elegibô’, uma música que foi lançada no mundo inteiro, na Europa toda, ou ‘Dandalunda’, que foi também um sucesso na minha carreira”, enumerou.

Sobre a possibilidade de surgir um álbum a seguir a estas miniférias pela Europa, Margareth Menezes começou por não saber o que responder, mas acabou por admitir que poderá sair “alguma coisa” da digressão e prometer “amadurecer essa possibilidade”

“Pode ser que saia alguma coisa da ‘tournée’ porque como tenho muito tempo que não faço e conseguimos criar alguma coisa interessante com essas misturas do repertório, pode ser que saia uma gravação, vamos amadurecer isso”.

Sobre o trabalho das artistas brasileiras, Margareth Menezes não hesita em dizer que as mulheres “precisam de estar cada vez mais em lugares de poder e em lugares de comando”, mas que, para tal, é preciso “abrir lugares de poder para as mulheres colaborarem nos conflitos”.

“Não há como hoje a gente não colocar a presença da mulher como uma presença importante para harmonizar mais, tanto na política, como nos lugares de comando. Acho que a própria mulher precisa também de se fortalecer nesse lugar, fortalecer isso”, sublinhou.

Deixe uma resposta