Mundo Lusíada
Com agencias
A dieta mediterrânica foi classificada como Patrimônio Imaterial da Humanidade pela Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO) em Baku, no Azerbaijão, em 04 de dezembro.
A decisão foi tomada durante a 8ª Sessão do Comité Intergovernamental para a Salvaguarda do Patrimônio Cultural Imaterial da UNESCO, onde esteve presente uma delegação portuguesa, liderada pela Câmara de Tavira, que submeteu a candidatura transnacional em conjunto com o Chipre, a Croácia, a Grécia, a Espanha, a Itália e Marrocos.
Depois da classificação do fado, há dois anos, Portugal volta a integrar a lista de bens do Patrimônio Imaterial e Cultural da Humanidade com a dieta mediterrânica, sendo esta a primeira vez que a região do Algarve vê a sua cultura reconhecida pela UNESCO.
Segundo o governo português, Tavira, no Algarve, foi a comunidade escolhida como símbolo da Dieta Mediterrânica. Ela envolve um conjunto de tradições relativos a técnicas agrícolas, à pesca e à criação de gado, e também conhecimentos sobre conservação, processamento, preparação e consumo de alimentos, promovendo a afirmação cultural das comunidades na bacia do Mediterrâneo.
Após a inscrição do Fado na Lista Representativa do Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade em 2011, este é o segundo elemento português inscrito nesta lista da UNESCO, estando ainda a decorrer a candidatura do Cante Alentejano, que se espera vir a ser avaliado pelo Comitê do Patrimônio Cultural Imaterial em 2014.
“A classificação da dieta mediterrânica como patrimônio imaterial da Humanidade pela UNESCO é um selo de qualidade acrescido para os produtos portugueses que pode dinamizar mais o setor”, afirmou a Ministra da Agricultura e do Mar, Assunção Cristas, à agência Lusa, sublinhando que as exportações no setor alimentar têm crescido “de forma exponencial”.
Assunção Cristas referiu ainda que esta classificação traz “mais ânimo para os nossos agricultores, para os nossos pescadores e para todo o trabalho que é feito na promoção dos produtos nacionais, seja no mercado interno, seja no mercado internacional”. Além de ser um reconhecimento da forma portuguesa de comer.
“Os nossos produtos tradicionais são extraordinariamente bons, têm grande qualidade e correspondem a uma forma muito saudável de alimentação”, afirmou a Ministra, acrescentando que “a dieta mediterrânica é considerada aquela que melhores benefícios traz para a saúde, nomeadamente na prevenção de um conjunto de doenças”.
Promoção
Maria Palma Mateus, especialista em dieta mediterrânica em Portugal, afirmou hoje que a distinção da dieta mediterrânica como Patrimônio Imaterial da Humanidade deve traduzir-se numa maior responsabilidade do país em promover hábitos tradicionais junto dos jovens.
A professora de dietética na Universidade do Algarve e com uma tese de doutoramento sobre dieta mediterrânica em Portugal referiu que num estudo que realizou no Algarve junto de jovens, “40% começam a mostrar um afastamento dos hábitos alimentares tradicionais”.
Para Maria Palma Mateus, o outro grande desafio para além da promoção de um estilo de vida e alimentação mediterrânica onde as hortícolas, as frutas e o pescado têm um papel predominante, é fazer com que o Algarve e Portugal consigam aproveitar esta distinção para fazerem chegar ao mundo uma imagem saudável do país.
A dieta mediterrânica, com origem no termo grego “daiata”, é um estilo de vida transmitido de geração em geração, que abrange técnicas e práticas produtivas, nomeadamente de agricultura e pescas, formas de preparação, confecção e consumo dos alimentos, festividades, tradições orais e expressões artísticas.